Tragédia

Vendedora de Niterói é morta a caminho de baile funk no Rio

Rafaella Borda Vieira, 22, sonhava em estudar Direito

Rafaella era moradora do bairro Engenho do Mato, na Região Oceânica de Niterói, na Região Metropolitana do Rio
Rafaella era moradora do bairro Engenho do Mato, na Região Oceânica de Niterói, na Região Metropolitana do Rio |  Foto: Reprodução
 

A vendedora de carros Rafaella Borda Vieira, de 22 anos, foi morta após ser atingida por um tiro nas costas, na madrugada de sábado (17), nos acessos ao Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, na região central do Rio.

Ela estava dentro de um carro modelo Jeep Renegade, cinza, a caminho de um baile funk, com outras quatro pessoas, incluindo o condutor. Rafaella foi atingida por um único disparo. A jovem estava no banco atrás do motorista. 

O corpo da vendedora foi enterrado no Cemitério Parque da Colina, em Niterói, na segunda-feira (19), e a cerimônia fúnebre reuniu mais de 300 pessoas. "Todo mundo está desolado, triste, em choque. Mas a gente quer justiça e saber de onde veio o disparo", contou uma amiga.

Tiro atingiu a parte traseira do carro e acertou Rafaella pelas costas, que estava sentada atrás do motorista
  

A família clama por justiça e quer saber quem disparou o tiro que atravessou as costas de Rafaella. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Quatro pessoas já prestaram depoimento. O veículo foi periciado e já liberado ao condutor. Não há informação de suspeitos ou presos.

Divergências

Rafaella era moradora do bairro Engenho do Mato, na Região Oceânica de Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Ela era solteira. Parentes a definiram como uma mulher simpática e com muitos amigos. A jovem tinha dois irmãos, por parte de pai, e sonhava em estudar Direito.

Familiares e amigos alegam informações desencontradas sobre o caso. Pelos relatos, um casal e o motorista, todos conhecidos, teriam saído do local após a mulher ser alvejada. 

Marca deixada no carro pelo disparo
Marca deixada no carro pelo disparo |  Foto: Reprodução
  

Apenas uma prima teria ficado com a vítima no local e prestado socorro até o Hospital Municipal Souza Aguiar, após solicitar um serviço de táxi. Na unidade de saúde, foi constatada a morte da jovem. 

"Porque foram embora? Porque o motorista sumiu? A gente só quer a verdade. Uma menina super de boa, alegre, todo mundo gostava dela, malhava, trabalhava, menina de luz. Um dia antes disso acontecer, ela estava aqui em casa. O que a família quer é uma posição da polícia", disse uma tia da vítima. 

Versões

Há informação de que antes de acessar a comunidade, com destino ao Baile da Madame, no Morro do Fallet, haveria uma viatura que teria dado ordem de parada ao carro onde os jovens estavam. 

Segundo a versão, o motorista, que era conhecido da vítima, não teria obedecido e continuou acelerando, até que o carro teria sido alvejado por um tiro, que acertou Rafaella nas costas.

A Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Prazeres/Escondidinho, no entanto, afirma que não houve ocorrência de confronto ou operação envolvendo a unidade no local indicado.

"Eles estavam na rua principal, não estavam em morro. Independente de onde eles iam. Eu não estou acusando a polícia de nada, só relatando o que as testemunhas falaram. O que a gente quer é uma resposta. O tiro atravessou a lataria do carro, a Rafa e furou o banco do motorista. A pergunta é: cadê o projétil? O mesmo dia que pegaram o carro, próximo ao fato, devolveram para o dono. Houve perícia? Qual o calibre da arma que matou a Rafaela? Queremos a verdade dos fatos e que o assassino pague, independente de quem seja. Não foi bala perdida", afirmou a tia.

A reportagem teve acesso ao relato de uma mulher que estava no carro, acompanhada do namorado. O casal também estava a caminho do evento.

Segundo a testemunha, que já prestou depoimento à Polícia Civil, o condutor do carro teria entrado na contramão da rua de acesso à favela. 

"Antes de entrar de fato na favela, nós pegamos uma rua na contramão, sem perceber. Nisso, vinha uma blazer. Para não bater de frente, jogamos para um acesso à esquerda. Assim que viramos o carro, eu olhei para trás para ver se a polícia estava vindo. Nisso os policiais já estavam com o corpo para o lado de fora, e as armas apontadas para o nosso carro, em questão de segundos, ouvi os disparos. Um único tiro atingiu o carro e pegou nela [Rafaella], que estava do meu lado, aí ela gritou: 'Eu tomei, eu tomei'", narra. 

Ela continua dizendo que o carro acelerou até um ponto de táxi, e que o motorista do carro teria ficado no interior da comunidade até o amanhecer. 

"Aceleramos até um ponto de táxi, colocamos ela e a prima dela foi com ela até o hospital. Eu estava toda lavada de sangue, querendo desmaiar. Nisso eu e meu namorado pegamos um Uber pra minha casa, porque eu estava passando muito mal. O motorista, ficou na favela até de manhã com o carro. A prima dela foi encaminhada para a DHC [...] Chegamos [na delegacia] na parte da tarde, porque meu namorado estava trabalhando. [O motorista] fez o depoimento dele, fizeram a perícia do carro", explicou.

A secretaria de Estado de Polícia Militar informou que, na madrugada de sábado (17), policiais do 5ºBPM (Praça da Harmonia) e da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Prazeres/Escondidinho foram acionados devido à entrada de uma pessoa ferida por disparo de arma de fogo no Hospital Municipal Souza Aguiar.

A situação foi confirmada na unidade de saúde, onde também foi informado que constatou-se o óbito. A ocorrência foi encaminhada para a Delegacia de Homicídios da Capital, assim como testemunhas também foram conduzidas.

A Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e estão sob sigilo. 

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