Segurança pública
'Xerife' de Niterói e Maricá detalha números dos crimes nas cidades
Comandante Aristheu Lopes diz que desafio ainda são os furtos
Furtos ainda são práticas criminosas que geram desafios à Polícia Militar, em Niterói e Maricá, cidades da Região Metropolitana do Rio. Foram 331 casos a mais dentro das áreas de atuação do 12º BPM (Niterói), de janeiro a agosto de 2023, na comparação com igual período do ano passado.
A alta de 6,7% em crimes deste tipo é comprovada na recente pesquisa do Instituto de Segurança Pública (ISP): de 4.964 saltou para 5.295 registros.
A gente tem mais trabalho, hoje, realmente, é nessa questão das reclamações relacionadas a pequenos delitos cometidos por moradores em situação de rua e usuários de drogas
Isso acontece devido às penas brandas determinadas pela Justiça, de acordo com Aristheu Lopes, à frente do 12º BPM (Niterói) desde agosto de 2021.
"O cometimento de pequenos delitos têm penas pequenas. Às vezes, a gente faz a prisão por furto e daqui a pouco o criminoso está na rua de novo e temos essa dificuldade porque há uma rotatividade muito grande", explica.
Casos assim são muito comuns em estabelecimentos comerciais e até em residências.
"Esses problemas também são cometidos pelo público morador em situação de rua. Nem todos são criminosos, tem muitas pessoas de bem, que são necessitadas, e não têm onde morar. Mas a gente sabe que no meio dessas pessoas têm usuários de drogas, cometem pequenos delitos para sustentar seus vícios. O cara vai e leva uma fechadura, hidrômetro”, comenta.
A maioria dos envolvidos nesses casos são homens, na faixa etária entre 20 e 30 anos, de acordo com o comandante. Ele ressalta que há um esforço conjunto entre órgãos de segurança estadual e municipal para diminuição dos pequenos delitos.
“A gente, junto com a Guarda Municipal, secretaria municipal de Ordem Pública, faz abordagens diárias, baseadas na suspeita de uso de drogas, arma branca. Faz revistas em determinados locais com incidência, recolhe materiais perfurocontundentes, serras que usam para cortar portões, cadeados".
O trabalho contínuo é fundamental e envolve um tema complexo, para além de ações policiais.
"Não vai resolver só com essa ação, porque é necessário ação social, é questão de saúde pública, um problema crônico a nível de Brasil. A gente tem atuado nas madrugadas com patrulhamento, policiamento ostensivo".
Baixa em letalidades violentas
Antecipação ao crime por meio da inteligência é o que contribuiu para a diminuição de letalidades violentas - que engloba homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte, latrocínio e morte pela polícia.
É o que conclui o comandante do Batalhão de Niterói, tenente-coronel Aristheu de Góes Lopes, destacando o trabalho de diagnóstico de área feito diariamente pelos agentes da corporação, com análise de faixa horária, logradouro e dias da semana com maiores incidências.
“Por exemplo, se eu alocar o policiamento em um local que esteja sendo afetado por determinada modalidade criminosa, por já ter um ciclo de acompanhamento, eu já sei que esse crime vai se movimentar para determinado lugar e já prevemos isso e atacamos aquele lugar", conta.
Ele acrescenta: "Se não for feito acompanhamento diário, a gente não consegue fazer esse diagnóstico, porque a mancha criminal é dinâmica. O criminoso está se movimentando no terreno, e a gente tem que acompanhar o tempo todo”, explica.
Destaques
No rol da baixa de crimes, estão inclusos homicídios dolosos (intencionais), roubos a pedestres, de veículos, e a estabelecimentos comerciais, revelam os dados do ISP.
Os casos de homicídios dolosos foram menos 11. De 54 caiu para 43. Já a lista geral de roubos, que inclui 10 subtipos, mostra baixa de 339 casos.
Esses últimos delitos (roubos) regrediram de 1,798 mil para 1,459 mil casos, na variação dos oito primeiros meses de 2022 e da mesma temporada deste ano.
"Esses crimes elencados pelo ISP, que afligem mais a população, de forma violenta, estão controlados. As cidades são tranquilas, aprazíveis de se morar, mas que hoje estão vivendo situações que não fogem a realidade do nosso país", minimiza.
Queda de subnotificações
O fenômeno da subnotificação tem sido combatido com o passar do tempo, conforme avalia o comandante do 12º BPM (Niterói), Aristheu de Góes Lopes.
"São pessoas que não registram ocorrências, mas hoje está muito menor esse índice. Os números de registros vêm só aumentando [...] Muitas vezes as pessoas não têm a sensação de segurança, por estarem próximas a essas ameaças diariamente, mas os números não mentem", garante.
Aristheu ressalta a importância dos conselhos comunitários de segurança e presença da PM em reuniões de associações comunitárias para estreitar laços com a população.
"Eu vou pessoalmente para ouvir diretamente as pessoas. Às vezes os números não traduzem a sensação que a pessoa está sentindo naquele momento, então nada melhor do que a gente ouvir diretamente as pessoas, que são as grandes protagonistas dessas reuniões, porque, muitas vezes pelos números frios, a gente não sabe o que a pessoa está passando na pele", diz.
Batalhão mais perto
Recentemente, foi assinado um protocolo de intenções para a instalação de um Batalhão da Polícia Militar na cidade de Maricá, após o município apresentar a proposta à pasta estadual.
A unidade será erguida às margens da RJ-106. O terreno, que fica no bairro Flamengo, está com 65% das obras de nivelamento do solo e terraplanagem executadas pela autarquia Serviços de Obras de Maricá (Somar), informou a prefeitura ao ENFOCO.
"É uma realidade para um futuro próximo", adianta o comandante do 12º BPM (Niterói), Aristheu de Góes Lopes.
Segundo a Secretaria de Estado de Polícia Militar (SEPM), há estudo em andamento para o planejamento de viabilidade da implementação da unidade.
Efetivo
Atualmente, o efetivo total do 12º BPM (Niterói) chega a 750 agentes, sendo distribuídos entre Niterói e Maricá. Enquanto na 6º Companhia da Polícia Militar em Maricá, a média é de 160 homens.
A cidade maricaense teve crescimento populacional, atingindo 197,3 mil moradores conforme resultado do último censo demográfico do IBGE.
Questionada se considera o número defasado da 6ª CIA, a SEPM, disse que, por questões de segurança, não divulga dados estratégicos.
“A gente tem uma companhia destacada que funciona em Maricá, com efetivo próprio, e comandante de companhia. Hoje, o 12º Batalhão é dividido em seis companhias. [O batalhão em Maricá] seria um ganho para a segurança pública, mas hoje não tendo uma unidade exclusiva, a gente consegue atender da melhor forma possível. É uma evolução e virá para agregar”, finaliza o comandante Aristheu de Góes Lopes.
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