Polícia

Zona de Guerra: Disputa de facções faz SG amargar ranking de tiroteios

Imagem ilustrativa da imagem Zona de Guerra: Disputa de facções faz SG amargar ranking de tiroteios
|  Foto: VITORSOARES
São Gonçalo e Niterói respondem, juntas, por mais de 91,52% do número total de casos. Foto: Vítor Soares

Levantamento da plataforma Fogo Cruzado aponta que a região do Leste Metropolitano teve, em 2020, 838 registros de tiroteios. A região é composta pelos municípios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, Cachoeira de Macacu e Tanguá. Somente São Gonçalo e Niterói respondem, juntas, por mais de 91,52% do número total de casos, somando 767 confrontos armados.

Os números do estudo mostram ainda que a região foi responsável por 18% dos números registrados no Grande Rio, com 4.589 disparos de arma de fogo. A plataforma ainda expõe que 578 pessoas foram baleadas em decorrências desses registros, com 290 mortes e 288 feridos.

São Gonçalo no topo

Guerra de facções puxou os números que colocou São Gonçalo no topo da lista entre as cidades do Leste Fluminense com mais tiroteios registrados. Foto: via grupo Plantão Enfoco

Pelo segundo ano consecutivo, o Leste foi a região do Grande Rio com o maior número de feridos. Apesar disso, houve queda de 37% no número de mortos e de 32% na quantidade de feridos em comparação com 2019, que teve 457 mortos e 423 feridos.

Mesmo assim, os registros feitos pela organização mostram que a cidade de São Gonçalo responde por uma fatia de 69% em relação à região do Leste Metropolitano, ou 579 casos registrados, ficando no topo da lista. Em seguida, Niterói, cidade vizinha, teve 188 de tiroteios, seguida de Itaboraí (39), Maricá (29) e Tanguá (2) e Cachoeira de Macacu (1).

Entre os bairros do Leste com mais tiroteios/disparos de arma de fogo estão Amendoeira (62), Pacheco (51), Jardim Catarina (47), Colubandê (23) e Ingá (23). O bairro do Ingá, que fica em Niterói, foi o único no topo da lista do Leste Metropolitano que não pertence ao município de São Gonçalo.

Paulo Storani, especialista em Segurança Pública, explica que os números de São Gonçalo ilustram e confirmam uma tendência na cidade de precariedade nos serviços públicos e também na política de segurança ao longos dos anos.

"O fato tem relação com a própria degradação histórica do município, da Manchester Fluminense na década de 1960, à cidade dormitório nos anos 70 e 80. [Há] uma grande concentração populacional em regiões carentes de serviços públicos e baixa renda, com o dobro da população de Niterói, com comunidades dominadas for facções criminosas sem a presença do Estado, a não ser a polícia, em um país de leis permissivas e tolerantes permitiram este quadro atual.", atenta Storani.

Já em relação a Niterói ocupar a segunda posição no ranking, o especialista ressalta que a medida do Supremo Tribunal Federal (STF) de restringir as operações policiais em comunidades cariocas, fez os números recuarem, mas ainda de forma tímida.

"A polícia continua a fazer o que sempre fez, agora limitada pelo STF que resolver governar o Rio em questão da Segurança. Este quadro é o mesmo dos últimos anos, alteram alguns percentuais. Não vejo novidade, a não ser a queda em relação a 2019, e a falta dos dados de baleados com a presença de agentes da lei, que não publicaram agora. Talvez o motivo seja o fato que houve a queda dos percentuais de mortes e feridos com a presença de policiais, mas aumentou com sua ausência. Se assim for, seria o fracasso da medida do STF", conclui.

Queda

Apesar de ainda alto, 2020 chegou ao fim com queda de 38% no número de tiroteios em comparação com 2019, quando houve 7.368 disparos, média de 20 por dia. A plataforma enfatiza também que, no ano que passou, houve em média 13 tiroteios por dia no Grande Rio. Também houve redução de 43% na quantidade de tiroteios com a presença de agentes de segurança, com foram 1.287 em 2020 e 2.247 em 2019.

Pandemia

Polícia Civil, DH, Divisão de Homicídios, Fuzil, Operação, Delegacia
A cidade do Rio concentrou 59% de todos os tiroteios da Região Metropolitana Foto: Pedro Conforte/Arquivo

No mês em que entrou em vigor a decisão do STF de restringir as operações policiais dentro nas comunidades e escolas, a plataforma registrou o menor patamar de tiroteios com a presença de agentes de segurança desde que começou a operar, em julho de 2016. Foram apenas 46, em toda a Região Metropolitana do Rio.

Já na Capital, o percentual concentrou 59% de todos os disparos de arma de fogo da região metropolitana em 2020, com 2.718 registros. Na sequência vieram as cidades de São Gonçalo (579), Duque de Caxias (318), Belford Roxo (208) e Niterói (188). A capital também teve o maior número de mortos (313) e de feridos (413).

Em nota, a Polícia Militar informou que "as ações da corporação são pautadas pelo planejamento prévio e pela estratégia atrelada às análises das manchas criminais locais e que reitera seu compromisso de atuar em prol da segurança da população e sob o preceito fundamental da preservação de vidas, seja as da população ou dos policiais envolvidos".

O órgão ressalta ainda que "a opção pelo confronto é sempre uma iniciativa dos criminosos, que realizam ataques armados inconsequentes diante do cumprimento das missões institucionais dos entes de segurança do Estado.
Somente a Polícia Militar apreendeu, em 2020, 6.198 armas de fogo e 251 fuzis, e efetuou 31.773 prisões de criminosos e 4.633 apreensões de adolescentes", finaliza o comunicado.

< Servidor vacinado indevidamente acaba exonerado no Amazonas Baleado em posse de metralhadora no Lindo Parque, em São Gonçalo <