Política
A importância dos vices no jogo eleitoral
Antes considerado papel de pouco destaque, o cargo de vice no Poder Executivo tornou-se parte fundamental na estratégia de composição de governo. No processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, a população assistiu à ascensão do então vice-presidente Michel Temer (MDB). No estado do Rio - provisoriamente - quem ocupa a cadeira de governador do Palácio Guanabara é o vice Claudio Castro (PSC). No entanto, o papel de vice está muito além de uma substituição e pode, inclusive, listar entre os fatores decisivos para vencer uma eleição.
Devido ao processo natural de exposição dos candidatos titulares, a maioria das pessoas acaba não sabendo a importância da função e nem as atribuições de um vice, gerando desconhecimento do postulante à vaga.
Auxiliar na articulação com o Legislativo e na gestão pública, além da substituição do próprio prefeito estão entre as funções. Muitas das vezes, a escolha se dá por questões políticas ou afinidades com o candidato principal, decididas ainda em convenções partidárias das legendas.
Na história recente do país, pelo menos oito vice-presidentes já assumiram o cargo devido a problemas com o titular. Atualmente, o governador eleito no estado do Rio, Wilson Witzel (PSC), está afastado de suas funções por acusações envolvendo irregularidades no mandato e o vice é quem chefia os trabalhos.
Cientista político, economista e professor de administração pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), Cláudio Gurgel, explica que a função do vice tem papel fundamental e relevante na democracia brasileira.
"Antigamente, a escolha do vice passava por uma questão de identidade ideológica. Precisava ter uma convergência de ideias. O cargo era visto como alguém que poderia conspirar contra o próprio governo e era eleito separado do escolhido para chefiar o executivo. Por exemplo, em 1964, o vice do Jânio Quadros era o João Goulart. Jânio acabou renunciando e a partir dali João Goulart assumiu para posteriormente se deposto do cargo. A coisa começou a mudar a partir de 1967, quando a chapa passou a ser junto com o presidente e demais cargos", explica.
O especialista também diz que não há uma determinada função específica que o ocupante do posto possa exercer além de outras atribuições.
"Do ponto de vista regimental, o cargo de vice, pela constituição, é de apenas substituir, eventualmente, o titular da função por impedimento do mandato. No entanto, existem outras coisas que eles acabam fazendo por determinação do próprio chefe do executivo. Por exemplo, Brizolla, em seu mandato de governador, pediu ao professor Darcy Ribeiro que chefiasse a secretaria de Educação, portanto, acumulando a função de secretário com a de vice. Nada impede que se faça isso", ressaltou o especialista, que também trata do critério de escolha do cargo.
"O peso político que cada um vai agregar ao formar a parceria. É importante ressaltar também que a experiência e o preparo para exercer a função conta", finaliza.
Niterói
Este ano, nove candidatos a vice-prefeito estão no pleito em Niterói, segundo divulgação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Disputando a preferência dos eleitores, os postulantes ao cargo vão desde policial militar, passando por empresário, pedagoga, advogado, político, engenheiro e até dentista.
Alexandre Ceotto
Antes pré-candidato na disputa pela prefeitura, o empresário Alexandre Ceotto (Republicanos) mudou de planos e acabou sendo lançado como vice na chapa com Deuler da Rocha do PSL. Para ele, a aliança com o delegado federal foi o casamento perfeito para mudar a política de Niterói.
"O vice tem que ser um gestor que reúna qualidades próximas ao do titular. Pretendo ser um vice atuante e, principalmente, propositivo, pois conheço os problemas da cidade profundamente"
Bruno Lessa
Depois de oito anos como vereador na cidade, Bruno Lessa (DEM) é o vice do candidato Felipe Peixoto (PSB). Ele, que acumula quase dez anos de vida pública, conta com o preparo na atuação política deNiterói e aposta na parceria com Felipe.
"Tenho experiência na Câmara, já chefiei comissões e me sinto preparado para exercer o cargo da melhor maneira. O processo de escolha acabou sendo muito natural e o partido entendeu que essa é a vez do Felipe"
Carlos Augusto Moreira Machado
Por conta da impugnação da candidata do PSTU, Danielle Bornia, o professor Sérgio Perdigão, então vice, assumiu a chapa socialista e terá ao seu lado o engenheiro de telecomunicações, Carlos Augusto Moreira Machado, 67 anos. Carlos foi dirigente da Associação dos Empregados da Embratel na década de 1990 e também diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Rio. É a primeira vez que concorre a um cargo nas eleições municipais. O agora candidato a vice diz que participará de maneira ativa do mandato e na elaboração das políticas para a cidade.
"O vice-prefeito, na nossa concepção, faz parte da elaboração do programa que queremos pra cidade. Assim sendo, vai auxiliar o prefeito a implementar as propostas do partido no sentido de que os trabalhadores governem a cidade"
Célio Soares
Celio da Silva Soares tem 54 anos, é conservador, patriota e cristão. O vice do candidato pelo PTC, Allan Lyra, atualmente filiados ao PODEMOS e é subtenente da Polícia Militar, tendo cursado o CFSD (curso de soldado da PM) em 1995 e o CFS-Mus (curso de sargento músico) em 1998. O militar tem 20 anos de experiência na área de Construção Civil. O vice-candidato espera mudar a concepção política dos moradores de Niterói e fazer um governo para todos.
"Queremos mudar a vertente da nossa cidade, dando atenção ao cidadão niteroiense, construindo uma cidade para todos e não para alguns. Estou confiante que Niterói vai eleger uma chapa conservadora e romper com a administração de esquerda"
Josiane Peçanha
Pedagoga e historiadora, Josiane Peçanha, é a vice na candidatura do prefeitável do psolista, Flávio Serafini. Ela conta que seu cargo, em caso de vitória, será uma parceria com o chefe do executivo municipal e que enxerga como um presente sua candidatura.
"Vejo o cargo como co-prefeita, e não como vice. Será uma atuação conjunta, em todas as frentes, como se existissem dois prefeitos. A gente se dá super bem e o fato de um homem e uma mulher atuarem juntos na administração da cidade tem muita representatividade"
Nubya Mattos
Cirurgiã-dentista formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Nubya Mattos tem 56 anos e atua no projeto de atendimento odontológico domiciliar e hospitalar “Dentista em Casa”. Ela conta que decidiu ser a vice do candidato pelo Democracia Cristã, Tuninho Fares, por acreditar ser a melhor opção para a cidade de Niterói.
"Abracei o desafio de vir candidata à vice-prefeita de Niterói junto ao Tuninho Fares por amor à odontologia, onde desenvolvo uma visão humanista de ajudar e motivar as pessoas a acharem o seu melhor. Vejo nele uma pessoa que tem o potencial para fazer o melhor para a cidade de Niterói"
Paulo Bagueira
Único entre os candidatos que possui experiência no cargo como prefeito interino, Paulo Bagueira (SDD) exerceu a função em 2018, durante o afastamento do prefeito Rodrigo Neves (PDT), e por conta da impossibilidade do vice, à época, Comte Bittencourt, de assumir a prefeitura. O presidente da Câmara Municipal vem como vice do pedetista Axel Grael. Bagueira, que também teve passagem com deputado estadual, se diz preparado para assumir, novamente, caso sejam eleitos.
"Acredito que a minha experiência como homem público, no qual dediquei 28 anos da minha vida, tendo sido o vereador que por mais anos permaneceu à frente da presidência da Câmara de Niterói, auxiliará para a conquista do nosso objetivo de fazer uma cidade cada vez melhor para se viver"
Soraia Catarino
Vice pelo Partido da Mulher Brasileira (PMB), a psicóloga Soraia Catarino tem 43 anos e integra a chapa da candidata Renata Esteves, que disputa o cargo pela primeira vez em Niterói. Formada em 2007, Soraia é especialista no atendimento a crianças com transtorno do espectro autista (TEA) e tem formação em terapia cognitiva comportamental. A candidata a vice diz que se orgulha da chapa formada somente por mulheres e que pode fazer a diferença no resultado das urnas.
"Tenho muito orgulho de compor a chapa com a Renata Esteves. Além de amigas, estamos preparadas para o desafio de governar e amamos nossa querida Niterói. Temos muito orgulho de formarmos uma chapa exclusivamente por mulheres"
Willie Silva
O advogado e engenheiro químico formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Willie Silva, tem 61 anos e mora em Niterói há mais de 40. Com experiência em gestão na iniciativa privada, o candidato a vice-prefeito pelo NOVO pretende mudar a chave da cidade e apontar novos caminhos nos serviços oferecidos à população.
"Tenho uma afinidade enorme com a Juliana e para mim é um prazer trabalhar com ela, que tem uma força motriz espetacular e cumpre o que promete. Isso me deixa muito mais tranquilo em relação ao nosso trabalho. Não temos a intenção de ter um vice-prefeito como peça decorativa.Vou exercer junto com ela, aproveitando minha experiência em gestão"
Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!