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CPI: Pazuello sobre Bolsonaro: 'Ordens pela internet não são ordens'

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Ex-ministro contestou declarações do presidente Pfizer na América Latina, Carlos Murillo. Foto: Agência Senado / Divulgação

Em depoimento à CPI da Pandemia, no Senado Federal em Brasília, nesta quarta-feira (19), o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello declarou que jamais negou propostas da farmacêutica americana da Pfizer, realizadas em 15 de agosto de 2020, contrariando as declarações do presidente da empresa na América Latina, Carlos Murillo. No entanto, o ex-ministro informou que as doses da vacina americana contra Covid-19 não foram compradas de imediato, devido ao que considerou 'cláusulas assustadoras', no qual ele tentou negociar preço e logística de entrega.

"Nunca fechamos a porta, queríamos comprar a Pfizer o tempo todo. Não houve decisão de não responder... Respondi em negociação direta e intensa. A resposta sempre foi 'sim, queremos comprar, mas não posso comprar se você não fizer tais medidas...'"

Na semana passada Carlos Murillo também respondeu perguntas na CPI, na ocasião ele garantiu aos senadores que em 13 de maio de 2020, o Governo Federal rejeitou três ofertas que garantiriam 70 milhões de doses da vacina Pfizer/BioNTech, cujas primeiras doses poderiam ter sido entregues já em dezembro de 2020.

A contradição de depoimentos irritou o relator da CPI, Renan Calheiros, que rebateu Pazuello e cobrou documentos que comprovem as respostas do ex-ministro. Pazuello declarou que irá enviar a documentação ao senado.

Em relação a adoção das medidas protetivas durante o seu comando, apesar de ter ressaltado no início do seu depoimento que o Brasil possui dois principais problemas durante a pandemia, sendo; o econômico e o sanitário, ele declarou ter sempre defendido as medidas de isolamento social.

"Sempre me posicionei por medidas restritivas, apoiamos todas, apoiava de forma plena. Deveríamos fazer sempre que possível"

Cloroquina

Em relação ao medicamento hidroxicloroquina, Pazuello justificou o incentivo ao informar que o Brasil usa cloroquina há 70 anos. Segundo o ministro, se trata de um medicamente antiviral e anti-inflamatórios, além de ter sido utilizado em crises como zika e Chikungunya, inclusive em gestantes. A alegação acabou contestada pelo senador, Otto Alencar, ao informar que a hidroxicloroquina não é um antiviral e sim antiprotozoário, usado em doenças causadas por protozoários, como a Malária.

Em sua defesa, o ex-ministro da Saúde declarou ainda que cerca de 29 países utilizam a Cloroquina como medicamento. Além disso, uma nota técnica foi criada, assim como uma informativa, seguindo o Conselho Federal de Medicina, informando a dosagem de segurança e a necessidade de uma prescrição médica para adquirir o medicamento.

A Cloroquina chegou a ser testada como alternativa de tratamento para a Covid-19. No entanto, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não foi comprovada eficácia durante o tratamento da doença e a utilização pode trazer outros riscos à saúde.

Covaxin e Butantan

Em relação a vacina indiana Covaxin, Pazuello afirma que a compra de apenas 10% dos 60% disponibilizados pela farmacêutica deve-se ao preço inicial ofertado e a falta de garantias para entrega: "O risco era muito grande".

Com relação a polêmica das vacinas do Instituto Butantan, quando um vídeo gravado e divulgado na internet monstrando o presidente Jair Messias Bolsonaro desautorizando a compra das vacinas Coronavac. Pazuello nega ter recebido qualquer ordem direta.

"Bolsonaro nunca mandou desfazer contrato com o Butantan, nunca foi dada essa ordem. Uma ordem pela internet não é uma ordem. Uma ordem deve ser escrita"

Pazuello e Bolsonaro

De acordo com Pazuello, nunca houve convergência de ações com o presidente e que em nenhum momento Bolsonaro interferiu em ações em curso no Ministério da Saúde.

O ex-ministro também foi questionado sobre a participação dos filhos de Bolsonaro na tomada de decisões, em especial o vereador do Rio Carlos e o senador Flávio Bolsonaro. Segundo Pazuello, dificilmente encontrava o presidente ou os filhos dele: 'bem menos do que gostaria'. Neste momento, o deputado Flávio Bolsonaro, presente na CPI da Pandemia, disse 'vamos conversar Pazuello', o que acarretou em uma confusão no senado, devido a intromissão indevida do deputado.

Ainda no depoimento, Pazuello se declarou plenamente apto a exercer o Mistério da Saúde. E usou a expressão
"trocar a roda do carro com o carro andando" se referindo ao que Bolsonaro o propôs no ínicio dos trabalhos como ministro, que seria dar continuidade nas ações de combate à pandemia.

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