Política

Da delegacia para novo cargo na Alerj

Antes de ser detido, deputado de Niterói ganhou cargo na comissão de Justiça. Foto: Plantão Enfoco/Arquivo

O deputado estadual Gustavo Schmidt (PSL), alçado para a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Aler) pela base eleitoral em Niterói, foi nomeado a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A nomeação foi publicada nesta sexta-feira (27), após o parlamentar passar a noite prestando esclarecimentos para a Polícia Civil.

Schmidt foi conduzido para a distrital do Centro de Niterói acusado de agredir um policial militar do 12º Batalhão, além de descumprir a recomendação de isolamento social, ao participar de uma festa em Camboinhas, área nobre da Região Oceânica.

Segundo a Polícia Militar, inicialmente, os militares foram acionados por conta do som alto, e a abordagem terminou em tumulto. Na delegacia, vídeos mostram como foi a condução do parlamentar na distrital. Ao deixar a delegacia, o deputado anunciou aos militares que vai protocolar um requerimento de informação.

Em relação ao ocorrido, o deputado informou em nota que:

'Com intuito de aliviar a tensão que tem sido muito forte no momento em que estamos socorrendo uma a uma as comunidades mais afetadas, uma dura semana, compareci a uma comemoração de aniversário de caráter privado, na companhia da minha noiva na casa de um amigo em Niterói, cidade onde mantenho residência. Reconheço não ser recomendável, nesse momento, frequentar eventos dessa natureza, mas tomei essa decisão apenas com o intuito de encontrar um grupo de amigos'.

Ainda em nota, o deputado esclareceu que ao perceber a presença de policiais, se dirigiu para verificar o que ocorria, mas ao argumentar com um deles, fui abordado de maneira agressiva, sendo, inclusive, 'lançado ao chão'.

A nota cita Gustavo enquanto cidadão quando afirma que 'houve um nítido "abuso de autoridade" por parte dos policiais, contrariando, inclusive, o Capítulo VI, artigo 28 da Lei Federal 13.869/2019, que não permite divulgar gravações que possam ferir a honra ou a imagem. O material foi distribuído ilegalmente para divulgação em redes sociais e na mídia em geral com possível interesse político de denegrir a minha imagem'.

Por fim o deputando lamentou o ocorrido e informou que a questão receberá seu devido tratamento nas vias judiciais.

Caça aos bolsonaristas

Deputado foi indicado pelo partido. Reprodução do Diário Oficial Legislativo de 27.03.2020

Schmidt, que já protagonizou outros episódios similares em delegacias locais, assumirá a CCJ como suplente. A comissão é presidida pelo líder do governo Márcio Pacheco (PSC).

Ao todo, depende desta comissão o parecer sobre cerca de 150 projetos de lei para conter o avanço da pandemia da Covid-19 e seus impactos econômicos do estado do Rio.

O parlamentar niteroiense, que rompeu com o Governo Federal e se aproximou do governador Wilson Witzel (PSC), assume o posto de suplente que antes pertencia ao bolsonarista Márcio Gualberto (PSL).

A substituição foi determinada pelo partido após a troca da presidência da bancada. O deputado Rodrigo Amorim (PSL) abocanhou o posto que era Dr. Serginho, expulso da sigla por infidelidade.

No início de março, os deputados Renato Zaca e Coronel Salema já haviam sido banidos do PSL. Até então, o partido detinha a maior bancada da Alerj, com 12 parlamentares.

Da base bolsonarista na Alerj, seguem filiados ao PSL os deputados Anderson Moraes, Filippe Poubel e Márcio Gualberto. Com Amorim na presidência, todos perderam postos de destaque nas comissões para deputados que decidiram não seguir para a Aliança Pelo Brasil, o partido ainda fictício do presidente.

Pré-candidatura

Schmidt, que preside o diretório do PSL em Niterói, desde a saída do deputado federal bolsonarista Carlos Jordy, chegou a se lançar pré-candidato sem aval da executiva estadual. Outros membros da base postulam a indicação.

A reação do partido diante da detenção mina a participação de Schmidt nas eleições. Em nota, o PSL pontuou que 'tem como premissa apoiar de forma veemente a atuação das Forças de Segurança Pública'.

A nota destaca, ainda, que o partido 'não compactua com nenhum tipo de ilegalidade, irregularidade e vai aguardar a finalização das investigações em curso'.

A Alerj informou que não vai se pronunciar sobre o ocorrido, e não informou se será instaurado processo administrativo. O deputado Gustado Schmidt, procurado pelo Plantão Enfoco através da assessoria, não se pronunciou sobre o assunto. As circunstâncias da detenção estão sendo apuradas pela Delegacia de Itaipu (81ª DP), na Região Oceânica.

Gustavo Schmidt foi eleito como deputado estadual em 2018 e recebe salário líquido de R$ 18.812,85 na Alerj.

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