Política
Quem merece administrar São Gonçalo?
Com pouco mais de um milhão de habitantes, o segundo maior colégio eleitoral do estado, São Gonçalo vem com nove candidatos na disputa pelo cargo máximo da administração municipal pelas eleições 2020. Esse ano a cidade terá três candidatos estreantes na corrida eleitoral.
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, 663.833 eleitores estão aptos a votar no município no próximo domingo (15). Neste ano, foram realizados 1.092 pedidos de registros de candidaturas entre prefeito, vice-prefeito e vereador.
Quem são eles?
Capitão Nelson (Avante)
“A maioria das nossas propostas não gasta um centavo”
Capitão Nelson
Morador do Pacheco, o capitão Nelson (Avante) tem 62 anos, é casado e pai de dois filhos. Já atuou por mais de dez anos em diferentes mandatos como vereador de São Gonçalo.
Há pouco ocupou, temporariamente, cadeira na Assembleia Legislativa do Rio como deputado, já que era suplente de Marcos Abrahão — parlamentar preso por corrupção na operação Furna da Onça. Com o retorno de Abrahão, por decisão da Justiça, Capitão Nelson voltou ao cargo de vereador na cidade.
Velho conhecido entre policiais de São Gonçalo, Nelson acumulou 23 anos de atuação no 7º Batalhão, onde se tornou capitão, patente incorporada a sua marca política na primeira campanha, em 2004.
No decorrer da carreira, comandou a guarnição Patamo, chefiou a 2ª seção (P2) do 7º BPM, mas também atuou no 35º BPM e no 4º CPA, além de ter participado diretamente na construção de unidades de destacamentos da Polícia Militar na cidade.
A chapa majoritária encabeçada por capitão Nelson traz Sergio de Oliveira Gevu, do mesmo partido, como vice-prefeito.
Capitão Nelson: 'Estamos próximos do fundo do poço'. Leia a entrevista do candidato.
Dimas Gadelha (PT)
"Vamos defender a democracia e o Estado de direito em todo momento. Essa chapa tem esse compromisso"
Dimas Gadelha
O médico sanitarista Dimas Gadelha já foi secretário de Saúde (2015-2018) do atual prefeito José Luiz Nanci (Cidadania). Em 2018, tentou se eleger como deputado federal pelo Democratas (DEM), partido de centro-direita, e teve pouco mais de 16 mil votos.
Migrou para o Partido dos Trabalhores (PT), legenda de esquerda, a partir de um convite do ex-prefeito de Maricá Washington Quaquá (PT), atualmente, um dos seus principais aliados. Dimas também conta com o apoio dos vizinhos, os prefeitos Fabiano Horta, de Maricá, e Rodrigo Neves, de Niterói.
Oposição ao atual governo gonçalense, essa é a primeira vez que Dimas tenta disputar o cargo máximo do Executivo. A convenção definiu seu nome na chapa com o advogado Marlos Costa (PDT).
Dimas se diz contra a atual forma de gestão de Nanci. "[Ele] não desenvolve políticas voltadas para o social. Já tivemos vários atritos e convergências na administração pública", afirmou Dimas em março deste ano.
Com 45 anos, é casado e pai de dois filhos. Natural da Paraíba, chegou com 13 anos ao bairro Trindade, em São Gonçalo, para morar com a avó e realizar o sonho de estudar.
O candidato é formado em Medicina, com especializações em Saúde Pública pela Fiocruz e Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde pela Fundação Getúlio Vargas.
Dimas pretende usar em sua plataforma de campanha atuações na Saúde da Família e o Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD).
'Moeda social vai cair como uma luva', garante Dimas em SG. Leia a entrevista do candidato.
Dejorge Patrício - (Republicanos)
"Me sinto no dever, como cidadão gonçalense, de estar à frente de um projeto para a cidade que eu amo e vivo"
Dejorge Patrício
Aos 46 anos, Dejorge Patrício (Republicanos) é viúvo e tem dois enteados que moram com ele. Tem uma longa história com a cidade de São Gonçalo. Nascido e criado no Boaçu, em 2012 foi o candidato a vereador mais votado do município.
Ele começou sua trajetória política no Partido Liberal (PL) e migrou para o Republicanos, legenda na qual é filiado atualmente. Ainda na política, assumiu cargo de deputado federal enquanto suplente de Clarissa Garotinho, em 2017; e ficou em segundo lugar nas últimas eleições para prefeito.
Dejorge também atuou como assessor de projetos especiais na Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae).
Na chapa atual, Dejorge tem como vice-prefeito Marco Antônio Lagos de Vasconcelos, o Marquinho do Solidariedade (SDD), de 56 anos.
'Para ser prefeito não basta ter bom currículo', diz Dejorge. Leia a entrevista com o candidato.
Dayse Oliveira - (PSTU)
“Queremos apresentar um programa emergencial contra a crise econômica, o desemprego e a pandemia"
Dayse Oliveira
Dayse Oliveira tem 54 anos sendo a única mulher na disputa pela Prefeitura de São Gonçalo, pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Graduada em História e mestre em Educação, é professora da rede estadual de educação. Ela é solteira e sem filhos.
Militante do movimento Reviravolta da Educação, já foi coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe) e da Central Sindical e Popular CSP-Conlutas. Também atua no movimento negro ‘Quilombo Raça e Classe’ e no ‘Movimento Mulheres em Luta’, dos quais é fundadora.
Já concorreu em outras oito ocasiões a cargos eletivos, sempre pelo PSTU, sendo a primeira em 2002, quando foi candidata a vice-presidente na chapa que apresentou Zé Maria de Almeida à frente. As duas candidaturas mais recentes foram à Prefeitura de São Gonçalo, em 2016, e ao governo do estado em 2018.
Seu vice é o também professor e historiador Roberto Baeta. Em sua proposta de governo, Dayse defende um programa emergencial para combater a crise econômica, o desemprego e a pandemia. Também diz que, em seu governo, haverá conselhos populares com poder de decidir sobre os diversos temas da cidade.
Dayse Oliveira: 'Eu quero é quilombar São Gonçalo'. Leia a entrevista do candidato.
Isaac Ricalde - (PCdoB)
"Vamos combater o bolsonarismo, a extrema-direita e a velha política que há décadas faz a cidade andar para trás"
Isaac Ricalde
Nascido no Rio Grande do Sul, Isaac Ricalde tem 35 anos, é casado e, recentemente, sofreu a perda do filho, o bebê Bernardo, que nasceu prematuro, com apenas sete meses de gestação.
Ele embarcou para São Gonçalo aos 12 anos, em 1998, onde começou sua militância em movimento estudantil no Colégio Estadual Santos Dias, na Covanca. Em seguida, presidiu a União da Juventude Socialista.
Ricalde teve atuação em lutas pelo passe-livre e integrou iniciativas no Comitê Contra a Privatização da Cedae, em 2002. Também foi membro de conselhos municipais, como o de Cultura. É filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) desde os 16 anos e é servidor público municipal desde 2011.
Em 2019, participou da fundação do Fórum dos Movimentos Sociais de São Gonçalo. Este ano, foi lançado pré-candidato a prefeito de São Gonçalo pelo PCdoB, sendo essa a sua primeira candidatura eletiva.
A convenção da sigla homologou a candidatura de Ricalde no dia 13 de setembro. A campanha conta com apoio do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), através da professora Ana Cardinal, que vem como vice na chapa.
'Vamos romper esse contrato', avisa Ricalde em São Gonçalo. Leia a entrevista do candidato.
José Luiz Nanci (Cidadania)
"Estamos acostumados com eleições calorosas, mas desta vez será à distância"
José Luiz Nanci
O atual prefeito de São Gonçalo está na disputa pela reeleição. Eleito cinco vezes como vereador na cidade, acumulando dois mandatos como deputado estadual, José Luiz Nanci (Cidadania) tem 68 anos e é médico. Morador do bairro Zé Garoto, é casado com a primeira-dama Eliane Nanci e, juntos, têm dois filhos.
Em 2006, ele concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados, ficando como suplente. Durante o cumprimento de seu quinto mandato consecutivo no legislativo gonçalense, em 2010, José Luiz Nanci se lançou em campanha para deputado estadual do Rio de Janeiro. Alcançou a vitória e se elegeu para seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.
Nanci também esteve ao lado do do ex-governador Luiz Fernando Pezão, quando foi secretário de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida. Em agosto de 2016, se candidatou à Prefeitura de São Gonçalo numa coligação composta pelo então PPS [Partido Popular Socialista], PSL [Partido Social Liberal] e Solidariedade. Após ter sido o mais votado no primeiro turno, foi eleito em 30 de outubro ao derrotar Dejorge Patrício.
A convenção do Cidadania homologou o nome de Nanci como candidato a prefeito no último dia 10. A escolhida para compor a chapa enquanto vice-prefeita é a empresária Márcia Valéria, de 54 anos.
Nanci se negou a participar a série de entrevistas promovida pelo Plantão Enfoco.
Roberto Sales (PSD)
“Só tem uma forma de saber a necessidade das pessoas: ouvindo-as”
Roberto Sales
O ex-deputado federal Roberto Sales (PSD) é carioca, tem 42 anos, casado e pai de uma filha. É formado em Administração pela Universidade Veiga de Almeida e atua como corretor. Foi deputado federal, na época pelo Republicanos, e exerceu mandato na Câmara dos Deputados.
Sales assinou filiação com Partido Social Democrático (PSD) há menos de um ano, sendo lançado ainda em março de 2020 como pré-candidato a prefeito de São Gonçalo. O nome escolhido para vice-prefeito é o médico Dr. Isac Esteves, do Partido Trabalhista Cristão (PTC).
Antes de entrar para a faculdade e se formar, Sales atuou em diferentes funções na iniciativa privada. Em 2012 foi convidado para se candidatar ao cargo de vereador pelo município e conseguiu alcançar 4.044 votos.
Ele foi membro da executiva municipal do Republicanos em São Gonçalo, recolhendo assinaturas quando ainda era Partido Municipalista Renovador (PMR) e ajudando a fundar o partido.
Em 2013, Roberto Sales foi convidado a assumir a Secretaria Municipal de Pesca de São Gonçalo. Em sua gestão como secretário, elaborou projetos que beneficiassem o pescador artesanal e a população gonçalense. Em outubro de 2014, aos 36 anos, Sales foi eleito deputado federal com mais de 124 mil votos.
Roberto Sales: 'Covardia o que estão fazendo com o gonçalense'. Leia a entrevista do candidato.
Ricardo Pericar - (PSL)
"Não aceitamos vereadores de mandato; não aceitamos lotear as secretarias; não iremos apresentar secretário nenhum político"
Nascido no bairro Galo Branco, Ricardo Pericar (PSL) tem 54 anos, é casado e pai de três filhos. Mora há mais de três décadas no Mutondo. Em 2004, tornou-se vereador de São Gonçalo pelo então PMDB, depois migrou para o Partido Democrata Trabalhista (PDT).
Pericar declara que não consegue se "associar aos políticos do município por conta da corrupção", entretanto ainda é associado ao atual prefeito José Luiz Nanci, quando foi eleito vice-prefeito na última eleição.
O bolsonarista completou três mandatos como vereador. Em 2016, tentou vir candidato a prefeito, mas por divergências com o partido, não conseguiu.
Pericar chegou a assumir mandato como deputado federal enquanto suplente de Major Fabiana (PSL), na Câmara dos Deputados, já que ela deixou o cargo para assumir uma pasta no Governo do Estado em agosto do ano passado. Entretanto a passagem de Pericar em Brasília durou apenas dois meses, isso porque a major deixou o governo Witzel e reassumiu o mandato. Desde 2018, Pericar é filiado ao Partido Social Liberal.
A Câmara Municipal de São Gonçalo rejeitou o pedido de licença do vice-prefeito, Ricardo Pericar para exercer o cargo em Brasília. O pedido de licença feito através de projeto de resolução era para afastamento temporário do cargo de vice, por conta da posse do cargo de deputado federal, sem recebimento de salário.
Segundo a Câmara, o parecer da Procuradoria indeferiu a solicitação, porque não havia amparo legal no Regimento Interno e tampouco na Lei Orgânica do município. Por 15 votos, unanimidade entre os vereadores presentes, o projeto de resolução foi reprovado devido a inconstitucionalidade.
Diante deste cenário, o rápido retorno de Pericar à cidade de São Gonçalo acabou ocasionando numa espécie de "racha" definitivo entre ele e o cabeça de chapa, José Luiz Nanci (Cidadania).
Nas eleições municipais deste ano, Ricardo Pericar tem na chapa mista o pastor Arthur Belmont, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), como vice-prefeito.
'Combinação da má gestão com corrupção', dispara Pericar. Leia a entrevista do candidato.
Rodrigo Piraciaba - (PSB)
"Minhas principais bandeiras são a Educação e a modernização da Gestão Pública"
Rodrigo Piraciaba
Rodrigo Piraciaba tem 44 anos, é gonçalense, casado, pai de três filhos e mora no bairro do Pita. Formado em Matemática pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), atuou por 25 anos como professor e diretor de ensino em diferentes escolares particulares.
Com especialização em Gestão de Pessoas pela Fundação Getúlio Vargas, Piraciaba também trabalhou com a administração de empresas privadas.
Rodrigo Piraciaba vem como candidato pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), tendo como vice-prefeito o também professor Carlos Marcelo, do mesmo partido.
A campanha do candidato deve ser pautada por propostas relacionadas a controle de gastos públicos e criação de políticas voltadas para atração de novas empresas e geração de empregos.
'Derrubar o viaduto de Alcântara', avisa Piraciaba em SG. Leia a entrevista do candidato.
2º turno
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) 95 municípios do país com mais de 200 mil eleitores podem fazer um segundo turno de votação para a escolha de prefeito e vice-prefeito nas Eleições Municipais de 2020.
O primeiro e o segundo turno do pleito foram adiados, respectivamente, para os dias 15 e 29 de novembro, pela Emenda Constitucional nº 107/2020, promulgada pelo Congresso Nacional em 2 de julho. O adiamento ocorreu devido à pandemia de Covid-19.
Assim como em 2016, São Paulo permanece como o estado de maior número de municípios com mais de 200 mil eleitores, apresentando 28 cidades, o mesmo número que há quatro anos.
Em seguida, vem o Rio de Janeiro, com dez municípios (Campos dos Goytacazes, Duque de Caxias, Niterói, Nova Iguaçu, Petrópolis, Rio de Janeiro, São Gonçalo, São João de Meriti, Volta Redonda); Minas Gerais, com nove; Pernambuco, com seis; Paraná e Rio Grande do Sul com cinco cada um.
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