Confusão

Vereadora de Niterói acusa deputado de ofensa racista: 'Aberração'

Benny Briolly (PSOL) afirma que irá acionar a Justiça

Rodrigo Amorim ficou conhecido após exibir a placa que homenageava a vereadora assassinada Marielle Franco, quebrada ao meio.
Rodrigo Amorim ficou conhecido após exibir a placa que homenageava a vereadora assassinada Marielle Franco, quebrada ao meio. |  Foto: Divulgação/TV Alerj
 

A vereadora por Niterói, Benny Briolly (PSOL), denuncia ter sido alvo de ataques racistas e transfóbicos pelo deputado Rodrigo Amorim (PTB) durante sessão desta terça-feira (17), Dia Internacional de Combate à LGBTfobia, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). 

De acordo com as acusações, o deputado a caracterizou como "belzebu", "aberração" e "homem", durante embate entre o político e a deputada Renata Souza (PSOL), colega de partido de Benny, que apresentou um PL sobre a defesa de pessoas LGBTQIA+, no parlamento estadual. 

A temática, inclusive, sofreu retaliações de parte de integrantes do auditório, que proferiram xingamentos como "lixo" à Renata. Ela retrucou: "Lixo é vocês, bolsonaristas". O embate foi transmitido ao vivo pela TV Alerj. 

"Fui chamada de lixo pelo coro bolsonarista aqui no plenário. Se querem agir como gado, mugir como bois, direito de vocês, mas aqui não é permitido xingar e ofender parlamentar, não. Não vão me calar. Sou mulher preta eleita para defender a democracia. Não vão me interromper", contou a psolista durante a troca de farpas. 

Em discurso, Amorim acusou Renata de ter cometido quebra de decoro parlamentar E, chamou Benny de 'aberração da natureza'
  

Em discurso, Amorim acusou Renata de ter cometido quebra de decoro parlamentar E, chamou Benny de 'aberração da natureza'.  

Comigo não há como isso acontecer. Vivemos em um país livre, e se os grupos identitários precisam da censura e da opressão para defenderem suas causas, é mais um sinal de que elas estão equivocadas. O Sr. Benio tem um projeto no qual autoriza crianças a mudarem de sexo sem autorização dos pais e incrivelmente não causa a mesma indignação Rodrigo Amorim, Deputado estadual
  

"Quero consignar o que considero quebra de decoro. Chamar a galeria de lixo, de boi, de gado tem que ser levado em consideração. Que fique registrado a deselegância às pessoas que estão aqui. Tem lá em Niterói o boi zebu, que é uma aberração da natureza, aquele ser que está ali. Eles não enxergam", disse para em seguida se referir à vereadora niteroiense. 

"O vereador, homem, pois nasceu com pênis e testículos, portanto é homem. Agora temos a aberração do alfabeto inteiro designando o que eles chamam de gênero, gêneros aleatórios. Eu sou do tempo em que existiam homens, mulheres, bichas e sapatões. Esses soldados do mal, fedendo a enxofre que são. O vereador homem de Niterói parece um belzebu. Porque é uma aberração da natureza", disse.

Procurada, Benny Briolly, que foi citada na sessão, disse que vai acionar a Justiça.

Tomaremos todas as medidas possíveis e cabíveis para que a Justiça seja assegurada. Avisamos desde já, Rodrigo Amorim e demais parlamentares: se preparem, pois terá resposta à altura Benny Briolly, Vereadora por Niterói
  

O deputado Rodrigo Amorim se manifestou sobre o motivo das agressões, alegando que não cometeu transfobia e que apenas criticou as "aberrações que o politicamente correto e a esquerda fazem com a língua portuguesa". O parlamentar também falou sobre o que chamou de "mania de criar gêneros e aumentar a sigla LGBT, grupos identitários que só fazem isso para confundir e promover mais perseguição ideológica a quem discorda deles". 

O PL aprensentado pela vereadora, na verdade, foi proposto em janeiro de 2021, e dava a crianças e adolescentes o poder da troca de nome social sem autorização dos pais, e não a troca de sexo. No entanto, o texto não foi aprovado em razão de já haver uma resolução normativa, homologada em 2018 pelo ministério da Educação, cabendo à União legislar sobre o assunto. 

Placa quebrada

Não é a primeira vez que Rodrigo Amorim é envolvido em polêmica. Quando ainda candidato a deputado, um vídeo postado nas redes sociais mostrou ele e o então candidato a deputado federal Daniel Silveira, à época filiados ao PSL-RJ, retirando a homenagem da placa que foi colocada na esquina da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, onde a vereadora Marielle Franco cumpria seu primeiro mandato quando foi assassinada.

No vídeo, Daniel defende que o assassinato não justificava colar a placa, o que classificou de vandalismo. Já Rodrigo afirmava que outras 60 mil pessoas tinham sido assassinadas no país.

Dias depois, eles levaram a placa a um ato político para apoiadores em Petrópolis, na Região Serrana. O ato foi registrado em mais um vídeo postado nas redes sociais, e Amorim e Silveira exibem a placa quebrada ao meio. Os dois foram fotografados com os pedaços da placa nas mãos, e as imagens se espalharam nas redes.

Com a repercussão, os dois políticos fizeram uma transmissão ao vivo no Instagram em que afirmam que repudiam o assassinato de Marielle e defendem que seus algozes têm que ser investigados e punidos severamente.

Na gravação transmitida na internet, eles afirmam que não haverá pedido de desculpas e defendem que retiraram a homenagem como se fosse uma pichação qualquer, sem a intenção de atingir a imagem da vereadora, porque buscavam restaurar o patrimônio público havia sido depredado.

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