Política
Vereadora de Niterói sai do país ao receber ameaças de morte
Publicada às 19h41. Atualizada às 20h07.
A vereadora de Niterói, Benny Briolly (Psol) precisou sair temporariamente do Brasil por estar recebendo ameaças de morte e contra sua integridade física. O comunicado foi enviado nesta quinta-feira (13) à presidência da Câmara de Niterói.
Primeira parlamentar transexual da história da cidade, Benny teve 4.358 votos nas últimas eleições. Ela disse que nos recentes anos a violência política "tem sido expediente recorrente", sobretudo contra as mulheres, negras e travestis, em suas determinadas atividades no parlamento.
"Nosso mandato já comunicou e oficiou várias instâncias do Estado Brasileiro sobre essa grave situação. Até o momento não foram tomadas medidas efetivas para proteger a minha vida e garantir o meu pleno exercício de parlamentar", diz trecho do ofício dirigido ao presidente Milton Cal (PP).
Com o agravamento recente das ameaças, principalmente após a posse em janeiro último, a parlamentar sentiu necessidade de deixar o país e participar remotamente das sessões plenárias da Câmara Municipal de Niterói.
O pedido para que ela se mudasse também partiu de companheiros da legenda e da própria direção do Partido Socialismo e Liberdade (Psol).
Daniel Vieira Nunes, presidente do Psol Niterói disse estar indignado com a situação da companheira. Ele afirma que "a política de ódio não vencerá e o Estado precisa garantir a integridade da vida e da atuação parlamentar de uma vereadora eleita", conclui o presidente.
Integrante do movimento Orgulho e Luta Trans de Mulheres Transexuais e Travestis de Favela e em situação de prostituição, a militante Benny atuava no mandato da deputada federal Talíria Petrone (Psol-RJ) quando parlamentar na Câmara de Niterói.
Em meados do ano passado, Petrone também recebeu novas ameaças de morte e teve que receber a proteção da Polícia Legislativa mais uma vez. À época, o órgão da Câmara enviou uma equipe para proteger a parlamentar — que estava de licença maternidade.
A assessoria de imprensa de Talíria, tinha dito - naquela ocasião, que a Câmara dos Deputados foi acionada pelo Disque Denúncia com informações de novas ameaças contra a parlamentar. O conteúdo detalhado das denúncias, no entanto, não foi revelado à reportagem, por orientação das investigações.
"Benny é nossa companheira e seu mandato é essencial para a cidade de Niterói. Não podemos aceitar o que está acontecendo. Toda nossa força e solidariedade”, disse a deputada federal nesta quinta (13).
Segundo dados do relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra), em 2020 ocorreram 175 assassinatos de pessoas transexuais, sendo em sua maioria mulheres negras e pobres.
Na noite desta quinta, após o presidente da Câmara de Niterói, Milton Cal, realizar a leitura do comunicado enviado por Benny, a equipe da parlamentar atualizou as redes sociais da vereadora para reafirmar que "não é de hoje que parlamentares negras, travestis, mulheres, LGBTQIA + e defensoras dos direitos humanos sofrem com a violência política dentro e fora dos espaços legislativos e de tomadas de decisões".
Disse, também, que essa prática "é fruto da estrutura patriarcal e racista que desumaniza nossos corpos e teme o avanço do nosso projeto político de transformação da sociedade", e continuou citando uma série de violências que Benny Briolly tem recebido antes mesmo de ser empossada.
"Toda a equipe da Mandata de Favela segue firme trabalhando com muitas ações legislativas e a frente da Comissão de Direitos Humanos, da Criança e do Adolescente que a vereadora preside. Porém é inegável que o afastamento cercea seus direitos políticos e prejudica profundamente o exercício do cargo para qual Benny foi eleita: vereadora de Niterói. Não aceitaremos! Seguimos cobrando providências, para que tão logo ela possa retornar", finaliza.
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