Polícia

BR-101: trabalhadores reféns de ataques na rota do medo em SG

Publicada às 20h38 / atualizada às 7h53 (19/01)

Ônibus apedrejados em SG - Foto: Marcelo Tavares
Ônibus apedrejados em SG - Foto: Marcelo Tavares |  Foto: Ônibus apedrejados em SG - Foto: Marcelo Tavares
Ônibus apedrejados em São Gonçalo - Foto: Marcelo Tavares

Conhecida como a 'Rodovia do Medo', a BR-101, no trecho que compreende a Niterói-Manilha em São Gonçalo, voltou a ser usada por criminosos de forma covarde, que utilizam passarelas para atirar pedras em veículos de passeio e coletivos, tentando forçar motoristas reduzirem a velocidade e cometer roubos. No início da manhã desta terça-feira (18), dois ônibus foram alvos de bandidos, quando passavam na altura do bairro Porto do Rosa.

De acordo com o motorista de um dos coletivos, que preferiu ter a identifidade preservada, o ônibus da empresa Fagundes, que fazia a linha 491M (Santa-Luzia x Niterói), passava pelo local por volta das 5h10 quando foi atacado.

"O ônibus estava com a lotação de pessoas sentadas completa. Eu escutei um barulho muito forte e vi que algo havia atingido a janela no lado direito do coletivo. Na hora até pensei em parar, mas os próprios passageiros começaram a gritar pedindo para continuar acelerando porque poderiam tentar assaltar a gente"

O motorista da linha 492M (Jardim Catarina x Niterói), que seguia logo atrás, também teve o veículo atingido por pedras. Ele contou que apesar de não ter acontecido nada grave, ficou abalado.

"Graças a Deus o ônibus não estava cheio e ninguém ficou ferido. Mas o susto foi grande na hora e foi difícil até para continuar a viagem. Eu trabalho há muitos anos como motorista, e nunca tinha passado por nada parecido. Espero que não aconteça mais"

Ataques recorrentes

A empresa registrou a ocorrência na Delegacia de Neves (73º DP). O último caso que envolveu a mesma empresa aconteceu em outubro do ano passado, quando dois coletivos também foram alvos de pedradas.

Em nota a Auto Ônibus Fagundes explicou que os ônibus seguiam para Niterói quando foram atacados. Os motoristas seguiram viagem até o ponto final, sendo recolhidos em seguida para a garagem.

A empresa informou que lamenta profundamente os atos e que nos últimos meses, as empresas Auto Ônibus Fagundes, Rio Ita e Expresso Rio de Janeiro, que atendem diversas cidades e bairros cortados pela BR-101, sofreram com vários casos de vandalismo na rodovia.

A consequência imediata é uma oferta menor de veículos, segundo a empresa, já que os coletivos ficam retidos para manutenção durante 1 ou 2 dias.

Morto a pedradas

Em outubro, o entregador Denecy Monteiro da Silva, de 57 anos, morreu quando passava de moto pela BR-101, na altura de Guaxindiba, quando criminosos atiraram pedras do alto de uma passarela com o objetivo de fazer com que os motoristas parassem. 

Mesmo de capacecete, a vítima foi atingida na cabeça e ainda teve a moto roubada pelos criminosos, que fugiram logo após a ação.

A vítima trabalhava como entregador para complementar a aposentadoria. Ele foi enterrado no Cemitério Parque Nycteroy, em São Gonçalo.

Policiamento

Desespero na BR-101
Rodovia de responsabilidade da Polícia Rodoviária Federal virou ponto preferido de assaltantes em São Gonçalo. Foto: Alex Ramos

Apesar da BR-101 ser uma rodovia federal e, portanto, de responsabilidade da Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Militar informou que mantém pontos de baseamento nos acessos à rodovia, desde Neves até Guanxindiba, o que corresponde a 12 pontos de baseamento.

De acordo com o tenente-coronel Aristheu Lopes, comandante do Batalhão de São Gonçalo (7º BPM), a PM mantém reforços às margens do trecho 24 horas por dia.

Responsável por garantir a segurança de motoristas e pedestres, a PRF diz que no caso específico, não recebeu nenhuma denúncia ou relato das ações, seja por e-mail ou por telefone. A corporação ressalta ainda que é necessário registrar essas ocorrências na Polícia Judiciária (Polícia Civil) e também comunicar à PRF para que tenham ciência e, em tempo hábil, possam reformular ações policiais de acordo com a mancha criminal.

Sobre o patrulhamento na via, a Polícia Rodoviária Federal ressalta também que o policiamento na rodovia Niterói-Manilha (BR-101) é realizado segundo plano de combate não só a assaltos a transeuntes, veículos e carga, como também a entrada de ilícitos (em especial drogas e armas) no estado do Rio e que todo planejamento realizado envolve análises dos principais pontos críticos criminais da via com mapeamento dos horários e locais com maior incidência de crimes.

A PRF diz ainda que um plano de combate é formulado daquele trecho com a integração do policiamento ostensivo, estático e móvel, e análise do setor de inteligência que mapeia as áreas sensíveis, bem como quadrilhas e veículos suspeitos. 

Monitoramento 24h

De acordo com a corporação, o planejamento vem apresentando resultados de redução do índice de criminalidade nas rodovias federais fluminenses desde 2018, através de ações coordenadas e planejadas por Inteligência.

A PRF diz também que conta com a integração de outras forças policiais, como a PMERJ (em pontos de acesso à rodovia) e da Polícia Civil (no levantamento de dados e investigação de criminosos que atuam naquela região). Os nossos dados que mostram redução de crimes como roubo de carga, roubo a veículos e roubo em coletivos são obtidos pelo órgão oficial de estatística criminal do estado, o Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, ISP.

A PRF informa ainda que realiza o monitoramento de todas as rodovias federais através das suas centrais de Comando e Controle, estaduais e nacional, com câmeras, rádios e telefones disponíveis. Estas ferramentas permitem acompanhar, em tempo real, as ocorrências relevantes, com segurança, precisão e velocidade para que a tomada de decisão seja a mais eficiente e acertada possível.

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