Investigação

MPRJ pede depoimento de Paes em processo contra deputada Lucinha

Parlamentar pode pegar até 10 anos de prisão e multa

Comissão de Ética da Alerj formou maioria para arquivar o processo ético-disciplinar contra Lucinha
Comissão de Ética da Alerj formou maioria para arquivar o processo ético-disciplinar contra Lucinha |  Foto: Divulgação / Alerj

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) solicitou que o prefeito Eduardo Paes (PSD) preste depoimento como testemunha no processo contra a deputada estadual Lucia Helena Pinto de Barros, conhecida como Lucinha (PSD), acusada de envolvimento com a milícia de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho. A solicitação foi feita pelo procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, e está incluída na denúncia apresentada contra Lucinha no último dia 06.

A deputada e sua ex-assessora parlamentar, Ariane Afonso Lima, são acusadas de integrarem o núcleo político da milícia liderada por Zinho, que está preso desde dezembro do ano passado.

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De acordo com a denúncia, o grupo criminoso contava com um núcleo operacional, subdividido em lideranças principais, lideranças locais e assessores, responsáveis por patrulhamento e segurança, entre outras funções.

Além disso, as investigações revelaram outros dois núcleos: o financeiro, dedicado à lavagem de capitais, e o político, onde Lucinha e Ariane atuavam na defesa dos interesses da organização criminosa junto ao Poder Público.

"Em múltiplos episódios, constata-se a clara interferência das denunciadas na esfera política, junto a autoridades policiais e políticas", diz um trecho da denúncia.

Acusações

Lucinha e Ariane são acusadas de formação de milícia privada e, se condenadas, podem pegar até 10 anos de prisão e multa, além da perda da função pública.

Segundo o MPRJ, em julho de 2021, Lucinha e Ariane forneceram informações privilegiadas sobre a agenda de visitas de Eduardo Paes à Zona Oeste, permitindo que os milicianos retirassem seus integrantes das ruas das áreas dominadas pelo grupo. Também houve tentativas de interferência para manter a chamada "Brecha da P5" no transporte público alternativo municipal, uma importante fonte de receita para a milícia.

Além disso, as acusadas teriam recebido informações privilegiadas sobre investigações em andamento, tentando interferir no curso das apurações. Em novembro de 2021, Lucinha teria prestado auxílio a membros do "Bonde do Zinho" presos em flagrante, tentando interferir junto ao comando da Polícia Militar e ao alto escalão da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) para remover comandantes que combatiam a organização criminosa.

Na última quinta-feira (20), a Comissão de Ética da Alerj formou maioria para arquivar o processo ético-disciplinar contra Lucinha. Os deputados Vinícius Cozzolino (União Brasil), Renato Miranda (PL), Cláudio Caiado (PSD) e Júlio Rocha (Agir) votaram pelo arquivamento, enquanto Martha Rocha (PDT) e Dani Monteiro (Psol) votaram contra.

"O nosso voto foi pela cassação do mandato. Não cabe a nós aferir o cometimento de crime por parte da deputada, mas há, muito nitidamente, uma relação íntima dela com a organização criminosa", explicou Dani Monteiro.

Martha Rocha acrescentou que o material analisado indicava envolvimento da parlamentar com a milícia, mas a maioria da comissão considerou que as provas não eram conclusivas para justificar a cassação do mandato.

Com isso, o processo retorna à mesa diretora da Alerj, que decidirá se submete ou não a decisão final ao plenário.

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