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    Reflexão

    O Fracasso: uma reflexão pós-eleição

    Confira o artigo de Erika Figueiredo

    Publicado 03/11/2022 às 17:18 | Atualizado em 04/11/2022 às 8:07 | Autor: Enfoco
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    Cerca de 58 milhões de brasileiros repudiram a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva
    Cerca de 58 milhões de brasileiros repudiram a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva |  Foto: Lucas Alvarenga

    Nelson Rodrigues dizia uma frase: 'Na vida, o importante é fracassar'. Eu, a princípio, não compreendia o sentido desta. Hoje, mais madura e por dentro dos meandros da cena pública, a mesma parece-me totalmente apropriada. Nelson escrevia para o brasileiro, sobre o brasileiro. Fazia uma leitura perfeita do homem médio que habitava nossas bandas, não se iludia com firulas e rótulos, e percebia claramente o que tínhamos aqui sob o sol.

    Era frequente ouvir do autor que o brasileiro era invejoso, não suportava o sucesso do coleguinha, era metido a malandro e gostava de colocar a culpa de seus fracassos nos outros. Ele também dizia que adorávamos pão e circo, ou seja: que bastava uma cervejinha gelada, uma carninha na grelha e um futebol, para esquecermos de todas as mazelas do País.

    Após resultado da eleição, metade da nação encontra-se mergulhada em uma ressaca moral, sentindo-se traída, enganada e decepcionada com o que emergiu das urnas. A outra metade ainda comemora alegremente o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência do Brasil, em primeiro de janeiro de 2023.

    Reviravolta

    No primeiro turno, houve uma reviravolta, na escolha de deputados e senadores, que fossem afinados com o centro e a direita. No segundo turno, foi feita uma escolha completamente diferente, contemplando-se a esquerda, que retorna ao poder após o impeachment de Dilma Roussef.

    Sessenta milhões de brasileiros fizeram essa escolha. Outros 58 milhões, repudiaram-na. O Brasil vinha acertando o passo no rumo da prosperidade, da economia liberal, da privatização, do fortalecimento do poder de compra do cidadão.

    Retornará, à cena pública, no entanto, o modelo de Estado macro, nos moldes socialistas que jamais deram certo por aqui, além do clientelismo, da troca de vantagens, do tráfico de influência e o enriquecimento vil de políticos e funcionários públicos, por meio dessas vantagens e influências.

    O cidadão brasileiro começou a sonhar de novo, com a queda dos índices de criminalidade, a punição adequada dos bandidos, a segurança. Receberá, a partir de janeiro, a leniência com as vítimas da sociedade, que se dará por meio de leis mais brandas para homicídio, tráfico de drogas, roubo e furto, descriminalização das drogas e do aborto, conforme o plano de governo do presidente eleito.

    Mas parte do nosso povo, como dizia Nelson Rodrigues, parece gostar do fracasso. Precisa deste, para justificar suas escolhas, sentir inveja do vizinho, vitimizar-se, ser alvo da compaixão alheia. Somos experts em caminhar para o abismo.

    No mais, logo logo, teremos Copa do Mundo e dois meses depois, o Carnaval. Todas as vicissitudes serão esquecidas, por boa parte da população, durante os festejos futebolísticos e momescos. O que me remete a outra frase do escritor: “o brasileiro é um feriado”. Grande Nelson.

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