Coluna

Questões da vida moderna

A História é cíclica e nos ensina lições preciosas

A História é cíclica e nos ensina lições preciosas. Que possamos aprender com estas.
A História é cíclica e nos ensina lições preciosas. Que possamos aprender com estas. |  Foto: Arquivo
 

Durante toda a história da civilização, houve padrões de conduta e comportamento, que auxiliavam as pessoas, como uma bússola, acerca do modo de agir e proceder, em cada situação. Muito embora esses padrões, aparentemente, diminuíssem a espontaneidade e gerassem preconceitos, quando não seguidos, era aliados importantes na condução da vida social e das relações humanas.  

Evidentemente, muita gente detestava os tais padrões, sentindo-se a par dos costumes de sua época, rompendo com a tradição... Isso existe desde que o mundo começou. Entretanto, de modo geral, as pessoas seguiam certas regrinhas de ouro, que funcionavam e ajudavam todos a perceberem o certo e o errado, com maior facilidade. 

Eis que a modernidade irrompe, a partir do século 19, e os conceitos sobre o que é aceitável, certo, plausível ou adequado começam a ruir. Tudo passa a ser questionado, atacado, reavaliado. Até mesmo os papéis sociais perdem seu valor. Surge o feminismo, de modo ainda embrionário. A liberação sexual das mulheres explode, após a primeira guerra mundial. 

As vestimentas se modificam, adaptando-se aos novos tempos, já que as mulheres se tornam força de trabalho, e as saias com anáguas e babados, bem como os corpetes, já não se adequam ao momento. Tampouco as casacas e coletes dos homens, que ou estão lutando na guerra, ou trabalhando duro, para a reconstrução do que foi arruinado pela guerra. 

Tudo que representava um mapa, uma sinalização do caminho seguro a ser percorrido, cai por terra. Os homens não precisam mais cortejar as mulheres. Estas, não esperam os movimentos deles. Tudo fica fácil, natural, fluido e... inconstante. Líquido. Frágil. Volátil. Não há mais questões a honrar ou leviandades a combater. Tudo é permitido. 

O auge disso são os anos setenta, com seu lema “é proibido proibir”. Drogas à vontade, sexo livre – entre casais ou grupal, ócio, palavras de ordem contra o conservadorismo, a guerra, as famílias e todos os valores ancestrais, sobre os quais se baseou a Civilização. Regra, agora, é não ter regras. 

E no bojo dessas transformações, a geração dos nossos pais foi criada, dando à luz seus filhos, que somos nós, e que sofremos o impacto de todas essas mudanças e dessa quebra de paradigmas. Qual foi a consequência de tudo isso?

Um caminhão de gente com 50 e poucos anos, totalmente perdida e adolescendo tardiamente, formando filhos também perdidos e imaturos. Sem valores. Sem limites. Sem critérios. Sem noção do que é certo ou errado. Gente que desconhece o peso da História e a importância da tradição. Gente que acredita firmemente que vida é o que se vive aqui e agora, sem preocupação com o amanhã. 

Essas pessoas estão por aí, na mídia, na cultura, nas universidades, posando de intelectuais, desfiando um show de horrores em frente à tela da TV ou do computador, para os outros consumirem. Não conseguem pôr ordem na própria casa, na própria vida, tampouco arrumar a cama em que dormem. Mas podem, sim, mudar o mundo com seus valores deturpados e sua visão imediatista. 

Temos, então: mulheres desvalorizando-se ou disputando ferozmente, com os homens, papéis que não precisam desempenhar. Homens acovardando-se, deixando de exercer sua função de provedores e protetores, que é biológica e inerente à sua natureza. Jovens deprimindo-se por falta de propósito, perdidos em seus devaneios e desejos vazios, sem limites, sem respeito, sem um Norte a seguir. Crianças que tudo podem e transformam-se em senhoras de seus lares, ditando regras, horários e deveres dos pais para com elas. 

Tudo isso é fruto de uma educação deficitária e ideologizada. Minorias supervalorizadas. Conceitos e tradições sendo atacados e desmerecidos. Ética e moral deturpados, a ponto de não se poder mais defender, com clareza, o que é certo ou errado. De uma sociedade permissiva, exsurgem cidadãos perdidos.

Chegamos ao fim do poço. Em outros momentos de decadência, como na Grécia Antiga e no Império Romano, foi possível testemunhar o renascimento da Civilização das cinzas, com o resgate dos valores necessários à sua sobrevivência. 

Para que aconteça esse ressurgimento, entretanto, é preciso que haja uma tomada coletiva de consciência, acerca de tudo que se tem desprezado, em nome da modernidade, a fim de que esses valores possam ser resgatados, e o mundo possa voltar a ser bom, nobre, justo e belo. 

Enquanto a sociedade continuar curvando-se a discursos ideologizados, os quais não guardam qualquer compromisso com a realidade, e somente por isso sustentam-se através dos tempos, não haverá crescimento possível. O conjunto de crenças e valores em que estivemos alicerçados, foi o que nos trouxe até aqui, mas de forma injusta e ingrata, vem sendo desconsiderado incessantemente.

A cada episódio de falência da Civilização - a História já nos mostrou isso uma infinidade de vezes, surgem tiranos travestidos de salvadores da pátria, dispostos a “conduzirem” a Humanidade ao local que lhe pertence, de triunfo e glória. Entretanto, com o passar do tempo, esses tiranos revelam-se sanguinários, totalitários e capazes de tudo, para manterem-se no poder, traindo aqueles que os apoiaram. 

A História é cíclica e nos ensina lições preciosas. Que possamos aprender com estas.

Erika Figueiredo - Filosofia de Vida

Erika Figueiredo - Filosofia de Vida

A niteroiense Erika Rocha Figueiredo é escritora, professora e promotora de justiça

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