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    Reflexão

    Vence quem dura mais! Uma análise sobre persistência e foco

    O que 'Rocky - O Lutador' nos revela sobre os dias atuais

    Publicado 16/08/2023 às 18:57 | Autor: Erika Figueiredo
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    A trilogia Rocky - O Lutador consagrou o ator Sylvester Stallone
    A trilogia Rocky - O Lutador consagrou o ator Sylvester Stallone |  Foto: Divulgação

    Recentemente, ouvi um comentário de Sylvester Stallone, acerca da saga Rocky - O Lutador, da qual é autor e ator principal, dizendo que essa é uma história de amor. Disse, ainda, que considerava Rocky um cara fraco, que foi salvo por esse amor. Achei muito curiosa essa colocação, uma vez que sempre encarei os cinco filmes da série, como um exemplo de superação. E fui revê-los, para tirar a dúvida e formar a minha própria opinião.

    Realmente, preciso parabenizar Stallone, por sua visão: Rocky é, sim, uma saga de amor, na qual um lutador medíocre, fraco, despreparado, quase analfabeto, ligado à marginalidade, em um bairro pobre da Filadélfia, ao encontrar um grande amor, agarra a única chance que lhe aparece na vida — uma luta de destaque — e muda absolutamente tudo, em sua trajetória.

    CONTÉM SPOILER

    Repassando Oficial

    Rocky trabalhava como cobrador de dívidas para um agiota. Morava em um apartamento horroroso, lutava em pardieiros de subsolo mal iluminados com outros lutadores medíocres, em troca de quarenta dólares por noite. Sua vida resumia-se a isso: vencer o dia, para fazer tudo exatamente igual no dia seguinte.

    A ascensão

    Até que se apaixona por Adrian, funcionária de uma pet shop e irmã de um amigo seu de infância, açougueiro na vizinhança. Para ter condições de dar a ela uma vida melhor, mostrar-se à altura da moça — bem mais culta e determinada do que ele, mas igualmente pobre – e poder casar-se com ela, Rocky passa por cima de todos os seus medos, suas inseguranças e crenças negativas , aceitando lutar contra Apollo Creed, um astro do boxe, em fim de carreira.

    Embora viva em permanente estado de autoboicote, criando armadilhas para si próprio, Rocky persiste, seguindo sua intuição — já que não domina as técnicas do boxe e não possui um treinador de peso — de que precisa trabalhar a resistência. Afinal, vence quem dura mais, no ringue e na vida.

    Stallone, quando disse que Rocky era um cara fraco, abordou sua postura diante das dificuldades: Ele quase desiste , em vários momentos, ao longo dos cinco filmes da saga. Se autoflagela, não se considera à altura dos desafios, se acha burro, incapaz e sofre com isso.

    Quem funciona como sua bússola moral, o tempo todo, é a esposa, Adrian, mostrando-lhe que ele é capaz sim, que pode vencer, superando os próprios medos e enfrentando suas dificuldades, com coragem e honestidade, percebendo suas limitações e trabalhando nelas, com afinco.

    Assim ela lhe ensina a ler com fluência, para fazer comerciais televisivos, depois que ele se torna chacota, para os produtores de tv. Do mesmo modo, ela vai lhe sinalizando como deve usar o próprio dinheiro, sem muitos deslumbramentos, sabendo poupar, pois dinheiro vem, mas também vai embora, e eles quase ficam sem nada, no segundo filme.

    No filme 3, após ser desafiado, já como campeão mundial e tendo se tornado milionário, fazendo anúncios para a tv, campanhas beneficentes, sendo o rosto de diversos produtos e lutando com candidatos pré-selecionados por seu treinador, para ser poupado da derrota, Rocky é desafiado por um lutador sanguinário e inescrupuloso.

    Equivocado sobre suas habilidades como lutador, incensado pela imprensa, consagrado como aquele que venceu Apollo Creed e tornou-se campeão mundial, Rocky aceita o desafio, crendo ser muito mais capacitado, preparado e treinado do que realmente é, do que realmente está.

    A queda

    Cego por sua vaidade, o campeão é destruído no segundo round da luta, perde seu posto e entra em uma crise de identidade terrível, passando a considerar-se uma fraude. Afinal, vive e capitaliza em cima de um título ganho por anos sucessivos, do qual não é merecedor, por suas habilidades técnicas.

    A resistência de outrora, que fez com que aguentasse mais tempo no ringue e ganhasse o título, já não existe mais, porque as facilidades da vida nova enfraqueceram-no, outra vez. A partir dessa constatação, dá-se outro ponto de virada , em sua história. Rocky volta a treinar pesado, despindo-se do luxo e da vaidade, em busca da sua essência perdida, para lutar novamente com o atual campeão.

    Quantos de nós, não incorremos nos mesmos erros? Levante a mão quem não, quando a vida torna-se mais fácil e atraente, se afasta de quem realmente é, passando a viver um dia a dia confortável e sem muitos desafios, esquecendo-se dos propósitos, do que nos move e nos faz honrar nossa existência?

    A vida é repleta de desafios, de obstáculos, de reviravoltas. A sua graça reside justamente aí. Eu vivo planejando coisas, estabelecendo metas e projetos. Mas sei que os meus planos , nem sempre são os mesmos que Deus tem, para mim. Portanto, mantenho-me atenta aos sinais, e alerta para alterar o percurso, quando as coisas não saírem, conforme eu imaginei.

    Foco

    Fico bem atenta, também, para não perder o rumo. Como é bom viver de pequenos prazeres e desejos, não é mesmo? Mas como isso nos torna medíocres e vazios, a longo prazo, e é justamente isso que Stallone nos ensina, nessa série de filmes. Não perca o foco. Não pare de avançar. Não desista de lutar. Porque você pode começar a duvidar de si mesmo, quando um grande desafio se apresentar.

    Rocky persiste e sempre vence, de um modo ou de outro, no final. Os filmes são para isso, ora! Para nos permitirem sonhar e projetar, na vida daqueles personagens, a nossa própria história. Com final feliz, de preferência.

    Ele erra, acerta, se deslumbra, volta para a realidade, se excede, corrige a rota, pede conselhos, fica triste, se sente incapaz, depois fica feliz, sai vitorioso... essa é a roda da vida. Um dia estamos em cima, no outro, estamos lá embaixo. Mas não podemos desistir.

    O que nos move é muito precioso, e as lições devem estar sempre em nossos corações:

    Vence quem dura mais.

    O amor por outro ser humano pode transformar uma vida.

    Toda existência precisa de um propósito.

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    Não parar. Não precipitar. Não retroceder”
    Olavo de Carbalho
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