1º de agosto
Dia Mundial da Amamentação: uma jornada de amor e desafios
Dicas e esclarecimentos para as novas e futuras mamães
Não é exagero dizer que o leite materno é o alimento mais completo do mundo, pois além de nutrir os bebês em cada fase que estão vivendo, aumenta a imunidade ajudando a prevenir doenças. Amamentar é um ato de amor, mas também de muito aprendizado e persistência.
Pra muitas mamães, amamentar por um tempo prolongado nem sempre é uma tarefa fácil. Os desafios da amamentação são muitos e vão muito além da mudança de rotina pela chegada do bebê.
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Existe um ditado popular que diz “nasce um bebê, nasce uma mamãe” como se tudo fosse fluir de uma forma romantizada e intuitiva e um bom exemplo disso é a amamentação. Mas uma realidade que se apresenta rapidamente é que amamentação não é igual pra todo mundo e que o instinto materno merece mais informação.
Amamentação
Segundo dados do último ENANI (Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil, 2019), quase todas as mamães brasileiras (cerca de 96%) iniciam a amamentação, mas por diversas razões, apenas um terço (35%) amamenta até os 24 meses, garantindo um melhor desenvolvimento e proteção para a saúde da criança, diminuindo riscos de infecções e alergias.
Apesar das orientações que as mães recebem antes mesmo de deixar a maternidade, é em casa que as dificuldades aparecem, que vão desde a pega errada do bebê no bico do peito à falta de rede de apoio.
A OMS e o Ministério da Saúde recomendam que os bebês recebam aleitamento exclusivo até os seis primeiros meses de idade e orientam a amamentação continuada, que é aquela que se soma a outros alimentos aos poucos vão sendo introduzidos de acordo com as fases do desenvolvimento da criança.
Mães
O direito da mãe e do bebê de amamentar nem sempre é respeitado. A lei trabalhista brasileira prevê quatro meses de licença maternidade, dois a menos do que período mínimo recomendado pelas agências de saúde brasileiras e internacionais.Essa conta que não fecha é certamente um fator, muitas das vezes decisivo, que antecipa o processo de desmame.
É preciso fomentar maneiras para que a mulher seja amparada e se sinta menos culpada pelas suas escolhas após ter se tornado mãe. A sociedade de certa forma normalizou o sentimento de culpa que muitas mulheres sentem ao ter que retornar ao trabalho, por ter menos tempo disponível para o bebê e para o marido, por ter que colocar a criança em creche ou até mesmo quando ela se sente menos mãe por não conseguir amamentar.
Embora ainda seja necessário avançarmos em políticas de apoio às mamães, já há em prática algumas iniciativas gratuitas que são fundamentais e se tornaram verdadeiras aliadas da amamentação, que é o caso, por exemplo, dos Centros de Apoio à Mulher e os Bancos de Leite estão espalhados pelo país para todos que quiserem informação e ajuda sobre amamentação.
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Dicas
Para entender um pouco mais sobre os desafios da amamentação, eu conversei com a nutricionista Juliane Strino, especialista em nutrição materno infantil.
1 – Quais benefícios podemos esperar no desenvolvimento de uma criança amamentada até os dois anos?
"Ainda que seja cheia de desafios, a amamentação prolongada é um ato de resistência extremamente positivo para a criança e também para a mãe. O leite humano é vivo e se adapta às necessidades de cada criança, e ao seu momento de vida. Diversos estudos hoje comprovam que crianças amamentadas por 2 anos ou mais tem risco diminuído para alergias, infecções respiratórias, hipertensão, diabetes, colesterol alto e obesidade. A amamentação prolongada promove uma melhor nutrição, favorece a capacidade cognitiva, além de colaborar com o desenvolvimento dos músculos orofaciais".
O leite materno é o melhor alimento possível para o desenvolvimento do bebê, dispondo de todas as proteínas, gorduras, açúcares, vitaminas e minerais necessários para atender às demandas nutricionais da criança"
2 – Algumas mamães relatam dor ao amamentar. Quais as possíveis causas e é possível prevenir?
"A dor durante a amamentação não é normal e na grande maioria das vezes ela está relacionada a pega incorreta. Amamentar não é instintivo. Ao contrário do que muitos falam, amamentar é complexo e exige técnica e treinamento. Eu sempre falo que a amamentação é uma dança, até a mãe e o bebê entrarem no mesmo ritmo, pode levar um tempinho. A pega correta e a posição certa durante esse processo, garantem que o bebê consiga extrair o leite de forma adequada e sem machucar os mamilos da mamãe. Minha dica é ter sempre um profissional capacitado te dando apoio e suporte nesse momento especial".
3- O colostro é leite mesmo?
"Sim! Colostro é o leite que é produzido nos primeiros dias após o nascimento do bebê e permanece por até 5 dias. Normalmente ele é ligeiramente transparente, mais líquido e vem em pequenas quantidades. Muitas mulheres ficam com medo do colostro não ser suficiente para alimentar a criança, mas ele é extremamente nutritivo e riquíssimo em células imunológicas. Eu digo que ele é a primeira vacina do bebê. Sobre a quantidade, o estômago do bebê é muito pequeno,na grande maioria das vezes a quantidade de colostro que a mulher produz é suficiente para alimentar seu bebê. Curiosidade: alguns estudos mostram que mães de bebês internados em UTI tem o colostro prolongado por mais de 5 dias, visando o fortalecimento do sistema imunológico da criança".
4 – O leite materno pode ser substituído por fórmulas? Quando é indicado o uso?
"Embora seja comum acontecer alguns problemas no início da lactação, a maioria das mulheres são capazes de amamentar seus filhos, inclusive mulheres trans. Mas no caso da impossibilidade da amamentação ou até por escolha própria da mulher, nós temos as fórmulas infantis. Elas vieram para nos ajudar em diversos momentos, como: mães HIV positivas, usuárias de drogas, mulheres em tratamento de quimioterapia e/ou radioterapia entre outras situações. Mas vale lembrar que apesar dos avanços na formulação e fabricação do leite em pó infantil, este nem chega perto de oferecer os benefícios para a saúde do leite materno".
5 – A partir de quantos meses é recomendado oferecer água e outros alimentos aos bebês?
"A idade recomendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria é aos 6 meses, desde que o bebê apresente os sinais de prontidão. Antes disso é só leite materno e/ou fórmula infantil. Os principais sinais de prontidão são: sentar-se sem apoio, pegar objetos e levar a boca, reflexo de protrusão da língua diminuído e demonstrar interesse pela comida. Vale lembrar que em bebês prematuros não levamos em consideração a idade cronológica e sim a idade corrigida".
6 – Que conselho daria para mamãe que está iniciando a jornada na amamentação?
"Aceite ajuda. Não tenha receio de aceitar ajuda, especialmente no primeiro mês pós-parto. Tenha um momento para si. Podem ser minutos de leitura sozinha no quarto, uma ida ao supermercado ou farmácia para sair um pouco de casa sem o bebê ou até um banho mais demorado no fim do dia. Não esqueça de cuidar de si e fazer pequenos agrados para você mesma, uma mãe bem cuidada cuida ainda melhor do seu bebê. Beba bastante água, se alimente muito bem e curta cada segundo dessa fase especial. Dica extra para os papais de plantão: ajude a mulher a acreditar na sua capacidade de amamentar. Se responsabilizem pela troca de fralda, pelo cuidado da casa, pelo banho e pelo colinho. Isso é essencial para que a mãe tenha tempo de tirar uma soneca ou até mesmo comer com tranquilidade".
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