Futebol

Liga Nacional não existirá se clubes não criarem maturidade

"Libra" reuniu times divergentes nos últimos dias

Tradicional Campeonato Brasileiro pode estar com os dias contados, mas depende de bom senso dos cartolas
Tradicional Campeonato Brasileiro pode estar com os dias contados, mas depende de bom senso dos cartolas |  Foto: Lucas Figueiredo/CBF
 

Lá vamos nós de novo. Pela milésima vez, os clubes brasileiros cogitam criar uma liga nacional independente da Confederação Brasileira de Futebol. Um projeto inovador, moderno e profissional. Algo atualmente utópico diante da pretensão de alguns e da imaturidade de todos.

Digo isto porque querem fazer diferente tendo a mesma postura dos últimos muitos anos. Talvez décadas. Toda uma era de coronelismo aplicado pelos cartolas - onde cada um lutava apenas pelos seus interesses, sem pensar no coletivo. E sem coletivo não há independência. 

Clubes como Flamengo, Corinthians e São Paulo querem manter o abismo das cotas televisivas. Algo que atrapalhou muito a evolução do estagnado Brasileirão por muitas temporadas. Diferença financeira que criou um abismo técnico e estrutural e diminuiu ainda mais a competitividade da competição.

É justo que estes clubes recebam uma fatia um pouco maior da TV, já que atraem mais audiência. Mas "um pouco" não significa 50 ou 70 vezes mais que outros times da mesma divisão. E é por isso que a ideia já afundou novamente antes mesmo do início - como em todas as últimas tentativas.

Algo atualmente utópico diante da pretensão de alguns e da imaturidade de todos
  

Jamais haverá uma liga independente enquanto os clubes de fato não se unirem, com maturidade e bom senso. Seguir a divisão financeira feita pela Premier League, a liga nacional mais competitiva do planeta, é um bom caminho. Alguns clubes ganham mais, mas a divisão é bem mais igualitária.

Na Inglaterra, a verba é dividida da seguinte forma: 

- 50% do valor total arrecadado é dividido igualmente. Nesse percentual, o valor é dividido com cotas idênticas entre os clubes competidores, sem qualquer diferenciação.

- 25% do valor total é avaliado de acordo com o mérito alcançado por cada clube ao final da temporada. Nesse percentual, é levado em consideração o lugar na tabela onde cada clube finalizou o campeonato. Ou seja: quanto melhor o desempenho, maior a fatia do bolo.

- 25% do valor total avaliado no retorno financeiro baseado nas receitas arrecadadas pela audiência das partidas transmitidas na Inglaterra. Nesse percentual, é levado em consideração o número de jogos transmitidos e também a audiência de cada jogo no Reino Unido.

Não é difícil de entender. Mas, para alguns cartolas, é difícil de aceitar. Ninguém quer receber menos do que, atualmente, é permitido pela lei. Mas, se querem mesmo revolucionar o futebol brasileiro e cortar o cordão umbilical das federações, o caminho é esse. Abrir mão de um pouco em prol da profissionalização e da evolução do nosso futebol.

Está nas mãos dos dirigentes. Espero que eles nos surpreendam.

Pedro Chilingue | Papo de Craque

A resenha está garantida com o jornalista Pedro Chilingue, que além dos bastidores do mundo esportivo, também traz o melhor dos torneios regionais

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