Opinião

Reconstrução e sabedoria, palavras-chave necessárias ao Flamengo

Torcida e diretoria precisam aceitar a necessidade do recomeço

William Arão e Diego Ribas marcaram época, mas podem não ser mais importantes
William Arão e Diego Ribas marcaram época, mas podem não ser mais importantes |  Foto: Reprodução/Redes Sociais
 

O biênio de 2019-2020 trouxe ao Flamengo uma pilha de taças. Mas, como efeito colateral, deixou um legado prejudicial: a régua altíssima que causa uma cobrança constante pela repetição de feitos históricos - e consequentemente não muito frequentes.

Torcedor é paixão. E paixão não guarda tempo. É difícil explicar ao flamenguista que a construção de um novo Flamengo vencedor pode levar algum tempo - tal qual o processo iniciado em 2013, que só rendeu frutos seis anos depois. Sabedoria e reconstrução precisam ser palavras-chave nessa nova fase vivida na Gávea.

Reconstrução do elenco

O futebol é bastante dinâmico. É preciso aceitar, antes de qualquer coisa, que o elenco atual não é mais a potência que foi há dois ou três anos. Pilares daquela época, como Diego Alves, Everton Ribeiro, Diego Ribas e Filipe Luís já se encontram em declínio físico e técnico na reta final de suas vitoriosas carreiras.

Outros nomes, embora tenham sido investidas válidas, não renderam o esperado - casos de Vitinho, Marinho, Isla e Léo Pereira - e precisam de novos ares. A reformulação não passa apenas pelo rejuvenescimento, mas também pela troca de peças que não se encaixaram.

A diretoria precisa buscar novas referências. E a contratação de Everton Cebolinha tem tudo para ser o marco de uma nova era na Gávea. Ele formará a espinha dorsal - que deve ser formada junto de Rodrigo Caio, João Gomes, Arrascaeta e Gabigol. Afinal, nem tudo precisa ser trocado.

Investimento em novas contratações se faz necessário - ainda que gradativo. Até porque o time de 2019-2020 não foi montado em apenas uma temporada. A escalada é grande, como comprova o atual 15º lugar na tabela.

Nova filosofia

O técnico Dorival Júnior será importante no atual momento. No entanto, o clube deve mapear nomes superiores caso pretenda voltar a alçar grandes voos. Com todo o respeito ao trabalho do atual treinador, ele é apenas um estancador de crise - e provavelmente fará isso muito bem até dezembro. 

É preciso um nome que traga ideias, estratégias, planos, conceitos. Tudo isso forma uma nova filosofia - como a implantada por Jorge Jesus. Mas a torcida precisa aceitar que o português não é o único Mister do mundo capaz de trazer sucesso ao Urubu. A própria história vencedora do clube comprova isso.

No entanto, essa é justamente a graça do futebol. Só e descobre vivendo. Ou Jorge Jesus chegou ao Rio como unanimidade desde o início? Por isso, justifica-se um minucioso e longo mapeamento de mercado à procura da exata necessidade e do desejo do que os dirigentes planejam para o futuro.

2022 ainda vive

O outro lado da relatividade do mundo da bola é o que favorece o Flamengo no momento. É improvável que o clube atinja a briga por título no Campeonato Brasileiro. Mas é viável, sim, sonhar com vaga no G4 - assim como uma briga por nova conquista da Libertadores, favorecida pelo cenário do mata-mata.

Enquanto isso, avalia-se o elenco. Já se sabem algumas carências, como o sistema defensivo - seja num parceiro para Rodrigo Caio, lacuna deixada pela saída de Pablo Marí, seja nas laterais que dêem a segurança e o equilíbrio trazido por Rafinha e Filipe Luís no passado, algo que não vem acontecendo com Matheuzinho e Ayrton Lucas.

Mas o Flamengo tem qualidades individuais - em alguns casos, bem acima da média nacional - e só depende de si para encontrar o encaixe coletivo para uma arrancada. Times bem inferiores tecnicamente já fizeram isso em outros momentos. Tudo depende do ambiente e da química a serem criados daqui pra frente.

Pedro Chilingue | Papo de Craque

A resenha está garantida com o jornalista Pedro Chilingue, que além dos bastidores do mundo esportivo, também traz o melhor dos torneios regionais

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