Investigação
Belo é citado em relatório da PF sobre esquema criminoso
Documento não atribui qualquer irregularidade ao artista

O cantor Belo é mencionado em um relatório da Polícia Federal (PF) que embasa a Operação Unha e Carne, deflagrada nesta terça-feira (16). O nome do artista surge no documento como referência indireta em mensagens analisadas pelos investigadores para demonstrar relações de proximidade entre personagens centrais da apuração, que resultou na prisão do desembargador Macário Ramos Judice Neto.
Segundo a PF, Belo aparece após registrar um encontro casual com o magistrado em um shopping. A foto do encontro teria sido enviada pelo cantor ao deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil), amigo pessoal do artista e um dos alvos da investigação.
A PF destaca que a citação a Belo tem caráter exclusivamente contextual. O artista não é alvo da operação e aparece apenas para ilustrar a proximidade entre Bacellar e outros investigados.
Para os investigadores, a imagem e a troca de mensagens associadas ajudam a ilustrar vínculos pessoais entre os investigados, sem atribuir ao cantor qualquer participação em irregularidades.

Além do registro do encontro, o relatório também reúne conversas mantidas entre Belo e Bacellar ao longo de agosto de 2025. Nas mensagens, o cantor envia expressões de afeto como “Eu te amo” e “Beijos para você e para nossa família”. Em resposta, o deputado chama o artista de “irmão”. Para os investigadores, o teor afetuoso e a frequência do diálogo reforçam a existência de uma relação estreita entre ambos.
Em uma das mensagens anexadas ao documento, o cantor escreve: “Nossa família. Estou com Macário aqui. Encontrei no shopping, nosso desembargador aqui”. A PF ressalta que o cantor não foi indiciado nem investigado e aparece apenas de forma acessória no material analisado.
Operação Unha e Carne
A operação apura um suposto esquema de vazamento de informações sigilosas ligadas à Operação Zargun, que investiga o crime organizado no Rio. Macário Ramos Judice Neto foi preso sob suspeita de envolvimento nesse esquema. Ele é o magistrado que, em setembro, expediu o mandado de prisão contra o então deputado estadual TH Joias, apontado como um dos principais alvos da Zargun.
De acordo com a investigação, dados sensíveis da operação teriam sido repassados ilegalmente a investigados, o que levou à deflagração da Unha e Carne. Entre os alvos está Rodrigo Bacellar, que já havia sido preso na primeira fase da operação, em 3 de dezembro.
Na ocasião, Bacellar, então presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), foi detido após comparecer a uma reunião com o superintendente da Polícia Federal no Rio, Fábio Galvão. No veículo do parlamentar, os agentes apreenderam R$ 90 mil em espécie. Ele foi solto posteriormente por decisão do plenário da Alerj, mas segue sendo investigado.
O mandado de prisão contra Bacellar foi expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, que também determinou seu afastamento da presidência da Casa. Na decisão, o ministro apontou indícios de que o deputado integraria uma organização criminosa e atuaria para obstruir investigações relacionadas a facções criminosas, com influência em ações do Poder Executivo estadual.
Com a prisão desta terça, Macário Ramos Judice Neto passa a figurar entre os principais investigados da Operação Unha e Carne. A Polícia Federal ainda não detalhou oficialmente o papel atribuído ao desembargador no suposto esquema, e o inquérito segue sob sigilo parcial.
O TRF-2 e a defesa do magistrado ainda não se manifestaram.

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