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Metaverso do Facebook: o futuro da tecnologia e a pobreza digital no Brasil

Imagem ilustrativa da imagem Metaverso do Facebook: o futuro da tecnologia e a pobreza digital no Brasil
No dia 28 de outubro, Zuckerberg apresentou o conceito de metaverso, um mundo digital palpável. Foto: Divulgação / Facebook

Você acorda, levanta da sua cama, vai até o seu computador e coloca seus óculos, onde automaticamente é levado para um novo mundo, um novo universo. Isso pode parecer um roteiro de filme de ficção e, de fato, é a premissa do longa-metragem Jogador Número 1, lançado em 2018, mas também é o que Mark Zuckerberg anunciou no dia 28 de outubro com o Metaverso — um projeto que tornará o mundo digital algo mais palpável, quebrando as telas que separam o real do virtual.

O que é?

Primeiramente, podemos começar pelo nome do projeto, o qual já revela bastante sobre ele. "Metaverso" é a união de duas palavras: "meta", que significa "além", e "verso", que faz alusão ao "universo". Assim, o "metaverso" é um universo além, um lugar fora do que vivemos atualmente.

No evento apresentado por Zuckerberg, o criador do Facebook fez questão de mostrar que o metaverso não se trata de uma nova rede social e sim um ambiente compartilhado, no qual você poderá encontrar redes sociais, jogos ou até mesmo aplicativos de troca de mensagens. A forma mais fácil de visualizar esse ambiente é realmente vendo, pelo menos, o trailer de Jogador Número 1, em que o "metaverso" deles se chama Oasis. Confira:

https://www.youtube.com/watch?v=yulwIjJ-C4Q
Trailer oficial de Jogador Número 1. Vídeo: Divulgação Warner Bros.

Segundo próprio Mark Zuckerberg, “você pode pensar no metaverso como uma internet materializada, onde em vez de apenas visualizar o conteúdo, você está nele”, projetando assim, um ambiente novo, com uma interação muito maior com a que temos atualmente com o mundo digital.

As possibilidades do Metaverso

Com foco na imersão do usuário no mundo digital, o metaverso reúne centenas de possibilidades, além da proposta já utilizada pelas redes sociais de reter o tempo do internauta. Ademais, podemos adicionar que a publicidade se tornará muito mais eficiente, podendo utilizar diversos recursos de realidade aumentada para atrair mais ainda os consumidores, também há a possibilidade de tornar o entretenimento imensamente mais impactante (imagine poder estar no meio de um filme ou série e não apenas em frente a uma tela assistindo-os) e até mesmo usarmos o metaverso para educação, com salas de aulas em suas realidades aumentadas, com um novo ensino virtual, que contaria com uma presença maior do aluno e do professor em um ambiente completamente projetado para isso.

Dessa forma, podemos ver que esse novo universo projetado por Zuckerberg vai além da diversão, envolvendo um grande investimento financeiro, afinal, será uma vida paralela a que vivemos no mundo real. Assim, precisaremos de roupas para personalizar nossos avatares, casas, veículos, além de podermos assinar serviços e também pagar entrada para diversos ambientes dentro do metaverso. Tudo isso sem falar nos diversos gadgets que serão necessários para acessar o metaverso, começando pelos óculos de realidade virtual, fones de ouvido, luvas sensitivas e outros diversos aparelhos que farão parte do nosso dia a dia.

Tais gadgets já começaram a surgir com a marca Facebook, como vimos no anúncio do óculos lançado em parceria com a Ray-Ban. Além disso, podemos lembrar que Zuckerberg foi a responsável pela compra da Oculus, empresa que fabrica óculos e headsets especializados em realidade virtual, em 2014.

Pobreza digital

Se por um lado ficamos extremamente animados com a projeção do que o metaverso será, já que a apresentação do criador do Facebook nos permitiu isso, por outro podemos notar que esse novo mundo terá uma atmosfera completamente elitista, barrando toda e qualquer pessoa que não tenha o mínimo de condições de ter o hardware necessário para entrar nele.

Apesar de parecer um pouco distante da nossa realidade, de pessoas que estão lendo esse artigo em um celular ou computador, de acordo com a pesquisa feita pelo IBGE em 2019, cerca de 40 milhões de brasileiros não tem nenhum acesso à internet. Dessa forma, podemos notar que um a cada cinco pessoas não possuem qualquer interação com o mundo virtual, algo que se tornou extremamente prejudicial em meio a pandemia de Covid-19, já que o ensino a distância foi algo obrigatório durante grande parte de 2020, defasando completamente a educação dessas pessoas que não possuíam internet ou tinham dificuldades de adquirí-las.

Se a falta de acessibilidade digital já revela a desigualdade presente no Brasil e também no mundo, a nova proposta de Zuckerberg colocará um verdadeiro abismo, tornando algumas pessoas "sem-tetos digitais", isolando-as num universo sem a possibilidade de crescimento que a nova plataforma possibilita. Afinal, existem centenas de pessoas que, atualmente, já possuem alguma dificuldade para utilizar recursos tecnológicos simples, como celulares, computadores e tablets, quando esses aparelhos se tornarem mais complexos e mais caros, o abismo aumentará, afastando essas pessoas para fora da nova "realidade".

Quando teremos o metaverso?

Apesar de ainda parecer uma realidade um pouco distante, o metaverso já vem aos poucos sendo inserido na vida dos usuários de internet e o seu anúncio já mostra que o projeto está maduro, sendo necessário apenas a tecnologia para colocá-lo em prática, conforme vimos no anúncio de Zuckerberg. Assim, será questão de (pouco) tempo até termos o futuro em nossas mãos de uma forma muito mais imersiva que temos atualmente. Afinal, o filme Jogador Número 1 se passa em 2045, então diria que estamos adiantados para vivermos essa obra, que já não parece mais tanta ficção assim.

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