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O velho de novo: o resgate de franquias antigas de sucesso nos cinemas
Matrix 4, Top Gun: Maverick, Caça-Fantasmas - O Legado e Pânico 5, esses são alguns exemplos de franquias que fizeram sucesso nos anos 80 e 90 e estão retornando para os cinemas. Porém, ao invés de um "reboot", em que a história é reiniciada, o mercado cinematográfico tem apostado em dar continuidade a histórias antigas, mas por que isso acontece?
O hábito de retornar a histórias passadas, e até mesmo já concluídas, nos cinemas, não é algo totalmente novo, já que tivemos isso com Star Wars: O Despertar da Força, lançado 10 anos depois do último filme produzido e Jurassic World, que estreou nove anos depois de Jurassic Park III. Porém, os últimos anúncios de lançamentos para as telonas mostram que a prática tem se tornado cada vez mais comum, uma vez que diversos filmes são retomadas de histórias que, teoricamente, foram finalizadas há pelo menos 8 anos atrás.
O medo de ser original
Com isso, o cinema parece revelar uma certa falta de originalidade, em que trilhar por um caminho já pavimentado é melhor do que se arriscar em um novo. Afinal, é mais seguro usar conceitos já estabelecidos e que deram certo, trazendo uma boa dose de nostalgia com um resgate de personagens que fizeram parte da infância e adolescência dos espectadores, do que começar uma produção do zero.
Um exemplo claro desse anseio por segurança e repescagem de sucessos do passado é a trilogia mais recente da saga Star Wars, em que O Despertar da Força traz a mesmíssima fórmula apresentada nos filmes clássicos, lançados na década de 80, e quando houve a oportunidade de mudança na obra Os Últimos Jedi, a produção foi imensamente criticada pelos fãs, fazendo com que o último filme retornasse para um caminho extremamente seguro e previsível.
Outro filme que foi imensamente criticado por sua dose de inovação, apesar de se inspirar bastante no seu original, foi Os Caça Fantasmas: Sabe Quem Chamar, lançado em 2016. A produção trazia um protagonismo completamente feminino, estereotipando a figura masculina, o que fez com que o filme fosse colocado como um "spin-off", ou seja, fora da franquia principal.
Essas críticas sobre obras que trazem alguma inovação fazem com que o mercado cinematográfico, que acima de tudo visa o lucro, opte pelo caminho certo e mais lucrativo.
Pontos positivos e negativos
A repetição de histórias nos cinemas tem seu lado bom e ruim. Como algo bom, temos a presença constante de bons personagens que acompanhamos há anos e já temos um certo laço afetivo, porém, olhando por outra ótica, a falta de filmes completamente inéditos sufoca boas histórias que poderiam trazer mais inspiração e lições para os seus espectadores, apenas repetindo as mesmas obras cinematográficas de tempos em tempos.
Não se pode negar que as obras que continuam filmes lançados há 10 anos têm a sua importância para "recontextualizar" as franquias e até consertar certos erros do passado. Afinal, em uma década mudam-se pensamentos e a tecnologia avança absurdamente, permitindo que personagens se retratem pensamentos e falas antiquadas e cenas de ação sejam mais bem trabalhadas. Assim, os novos filmes de franquias antigas são utilizados como uma retratação do passado e uma isca para as novas gerações também serem conquistadas, aumentando mais ainda a rentabilidade que aquela saga possui.
Quem é o culpado?
Em um primeiro momento, pode-se pensar que o único e exclusivo culpado pela falta de obras completamente inéditas no cinema seja o espectador, que critica o que é novo e se anima excessivamente com o resgate de franquias antigas. Mas também falta, por parte das produtoras, coragem para sustentar as mudanças que querem apresentar.
Logicamente, o cinema não é somente aquela visão romântica que temos, como um instrumento criado para contar histórias e compartilhar emoções, mas sim uma das máquinas mais lucrativas de fazer dinheiro, então é plausível a decisão de não correr riscos em lançar um filme que terá o imenso trabalho de conquistar o público desde o início e fazer a sua fama entre todos os outros. Porém, sem essas obras novas, estaremos apenas assistindo os mesmos personagens nas telas do cinema por décadas...até receberem um reboot, que é outra prática frequente nas telonas.
Portanto, pode-se dizer que os dois lados, por medo do novo e da decepção, seja por parte do espectador, que perderia tempo com um filme ruim, ou da produtora, que teria prejuízo financeiro com o insucesso da produção, acabam selando o pacto implícito, em que concordam ficar na mesmice em troca de uma segurança satisfatória, algo morno e confortável, mas que será incapaz de nos surpreender por completo, já que sabemos muito bem o que esperar.
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