História
'Morte foi um baque', diz músico da Banda do Síndico sobre Tim Maia
Saxofonista Tinho Martins tocou com o artista por 18 anos
Músico que acompanhou Tim Maia por quase 18 anos, entre 1980 a meados de 1997, o saxofonista Tinho Martins revela detalhes dos últimos meses de vida do cantor mais simpático da Tijuca, até sua morte, em março de 1998, aos 55 anos. Das viagens aos exageros, passando pelo medo de altura, Tinho conta como rompeu com o autor do clássico "Azul da cor do mar" e os anos que passou ao lado de Tim.
Tinho faz parte da Banda do Síndico, projeto que reúne outros integrantes que em algum momento da carreira tocaram ao lado de Tim Maia e fazem shows para lembrar as histórias e os maiores sucessos do ídolo. O conjunto se apresentou em duas datas neste final de semana no Theatro Municipal de Niterói, último palco em que a voz de trovão pisou antes de passar mal e falecer, no dia 15 de março de 1998, no Hospital Antônio Pedro.
"Eu não estava presente no último show aqui. Acabei deixando a banda no fim de 1997, quando estávamos em turnê pelos Estados Unidos. De lá, até a morte dele, não nos encontramos mais, nos falamos apenas por telefone. Fui um baque muito grande, ninguém esperava que ele fosse morrer”, relembra o músico, 24 anos depois da morte do síndico.
Tinho contou que rompeu relações com o cantor durante uma viagem para apresentações em cidades norte-americanas em meados de 1997, com direito a fins de contrato e reações exageradas do artista, marca registrada.
“A gente estava há três meses fora do Brasil para uma turnê nos Estados Unidos. Eu não aguentava mais. Ele brigou com empresários da época, e decidiu fazer tudo sozinho, mas não tinha a divulgação necessária, e acabou sendo um fiasco em algumas apresentações. Ele era o grande Tim Maia aqui, não lá fora, era complicado”, conta.
Acabei deixando a banda no fim de 1997, quando estávamos em turnê pelos Estados Unidos. De lá, até a morte dele, não nos encontramos mais, nos falamos apenas por telefone. Fui um baque muito grande, ninguém esperava que ele fosse morrer
Em um dos shows da turnê, o saxofonista diz que a banda se apresentaria em Miami, e o voo estava previsto para o meio-dia do dia seguinte. Tudo certo, foram dormir. Eis que por volta das 4h, murros na porta acordam o músico. Era Tim, dizendo que uma van aguardava a banda para ir até Nova York, quase 30 horas de estradas de onde estavam, já que tinha medo de avião.
“Aquilo pra mim foi a gota d'água. Eu tinha família, estava com minha filha pequena, e perguntei se ele estava maluco de fazer aquilo. Era como ir do Rio a Recife de carro. Eu disse que não iria. Ele concordou e me deu a passagem e eu voltei ao Brasil. Algum tempo depois ele me liga e me sacaneia, dizendo que já estava no local e que entendeu a minha atitude. Selamos a paz”, relembra Tinho às gargalhadas.
Em relação à condição de saúde de Tim, motivo de controvérsias desde sua morte, o músico conta que não viveu ao lado do cantor durante sua vida pessoal, mas que ele era avesso a hospitais e que não gostava de se cuidar.
“Uma vez ele apareceu no estúdio para um ensaio com uma inflamação e eu vi, e como ele costumava me escutar, disse que não iria ter ensaio nenhum, sem que ele fosse ao médico. Ele ficou nervoso, era uma época ruim de grana, ele estava gastando muito. Mas ele foi e ficou tudo certo depois, mas ele não gostava de se cuidar”, alertou.
Morte de Tim Maia completou 24 anos em 2022
Lembrança
Para homenagear o grande ídolo, os remanescentes da banda Vitória Régia tiveram que usar o nome de Banda do Síndico, e colou, já que todos sabem quem é o grande síndico do Brasil, apelido dado por Jorge Ben Jor na música 'W Brasil'. Eles seguiram na estrada levando o romantismo, os ritmos marcantes dos metais e as histórias do cantor, nesses 24 anos de saudades. Ao contrário, não fazem um minuto de silêncio, mas 100 minutos de muita música, alegria e emoção.
Entremeada com casos verídicos ocorridos com Tim Maia, a apresentação sacode o público que tem a sensação de que o síndico vai entrar no palco a qualquer momento. Uma dessas histórias tem a ver com a música “Que Beleza”, sucesso da fase Racional de Tim, quando se entregou à religião Universo em Desencanto e que lhe rendeu três álbuns.
Segundo conta Tinho, o ‘Uh’, que parece soar, na verdade é UFO, de objeto voador não identificado.
“O correto é ‘Ufo, ufo, ufo, que beleza’, que ele canta na versão original de forma bem sutil, mas todo mundo canta ‘Uh’. Ele adorava essa coisa de planetas e extraterrestres, então fez a música baseada nisso”, revela o músico.
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