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Tim Maia 80 anos: a reverência ao mestre na arte da transgressão
Sebastião Rodrigues Maia faria 80 anos nesta quarta (28)
Sebastião Rodrigues Maia, o eterno Tim Maia, completaria 80 anos nesta quarta (28). O gordinho mais talentoso e simpático da Tijuca morreu precocemente, aos 55 anos, em Niterói, em março de 1998, depois de uma vida de excessos. Para trazê-lo novamente à memória, um documentário será lançado pelo Globoplay, em três episódios, com vídeos, acredite, ainda inéditos de sua carreira. Tim também já foi tema de livro, filme, documentários, musical e uma estátua no bairro onde nasceu e cresceu. Homenagens do tamanho do talento que o cantor carregava.
Pelas ruas do bairro da Zona Norte, quando criança, era conhecido como Tião Marmiteiro, em razão das vasilhas que carregava para cima e para baixo da pensão de sua família. Ali, era amigo de Erasmo e Roberto, ambos fundadores da Jovem Guarda, além de Jorge, rei do sambalanço tipicamente carioca, rebatizado Ben Jor anos mais tarde. Nasceu e percorreu as ruas Haddock Lobo esquina com Matoso, onde 'toda confusão começou', segundo ele mesmo conta no disco 'Nuvens', de 1982. O grupo se reunia no bar Divino, muito badalado na região à época. Era a história virando música e vice-versa.
Em busca de seu sonho, Tim viajou para os Estados Unidos, onde experimentou a black music americana in natura. Voltou deportado, depois de pequenos delitos na terra do Tio Sam. Ao retornar, boa parte de seus amigos já tinha um certo sucesso. Autor de sucessos como "Azul da Cor do Mar", "Réu Confesso", e da dançante "Do Leme ao Pontal", Tim sabia dosar em suas músicas o swing e o romantismo que marcaram sua carreira.
Especialista no som e, literalmente, na fúria do cantor, o escritor, jornalista e biógrafo de Tim Maia, Nelson Motta, resume, em poucas palavras, como seria o filho famoso da Tijuca em tempos de polarização e extremos na política.
Ele representava exatamente o oposto de toda a extrema direita religiosa, a caretice, o atraso. Falava o que dava na telha, não respeitava autoridade e era um transgressor permanente de qualquer ordem e fez disso seu maior talento. Mas hoje, certamente, boa parte do público pediria que ele fosse preso
Último palco pisado pelo músico, o Theatro Municipal de Niterói, recebeu, em maio passado, a Banda do Síndico para relembrar os 22 anos da perda do artista. Síntese da exigência de Tim como multi-instrumentista autodidata, o conjunto é formado por amigos e companheiros de longa data, que seguem levando os sucessos que marcaram sua carreira aos quatro cantos do país.
Amizade
Ao lado de Tim por quase 18 anos, entre 1980 a meados de 1997, o saxofonista Tinho Martins revela detalhes dos últimos meses de vida do cantor e da experiência em fazer parte do conjunto. João Batista, como era chamado pelo músico, conta que não estava no último show do artista em Niterói no dia 8 de março de 1998, quando queria registrar o momento convocando amigos e familiares.
"Eu não estava presente no último show porque acabei deixando a banda no fim de 1997, quando estávamos em turnê pelos Estados Unidos. De lá, até a morte dele, não nos encontramos mais, nos falamos apenas por telefone. Foi um baque muito grande, ninguém esperava que ele fosse morrer”, relembra o músico, 24 anos depois da morte do síndico.
A banda segue levando as músicas e cultivando a memória do artista. Em mais uma apresentação, no Teatro da UFF, exatamente no dia em que Tim completaria 80 anos.
Formada por Silvério Pontes (trompete), Tinho Martins (sax), Toca Delamare (teclados), Paulinho Black (bateria), Adriano Giffoni (contrabaixo), Nando Chagas (guitarra), Jhonson Almeida (trombone), Jeferson Victor (trompete) e Bruno Maia (voz), a Banda do Síndico chega com os arranjos originais e os naipes afinadíssimos que marcaram a carreira e os shows emblemáticos do réu da soul music brasileira.
O encontro vai reverenciar, ainda, convidados especiais como o guitarrista Renato Piau, que tocou com Tim durante parte de sua carreira; o saxofonista Leo Gandelman e a cantora Nêgamanda, baiana radicada em Niterói, que foi um dos destaques da última edição do programa The Voice Brasil.
Músicas
Com um repertório que marcou a história da música brasileira, Tim Maia deixou 205 músicas e 698 gravações cadastradas no banco de dados do Ecad, entidade responsável pela arrecadação e distribuição dos direitos autorais.
Segundo escritório, “Não quero dinheiro” foi a música de sua autoria mais tocada nos últimos 10 anos no Brasil. “Você” e “Azul da cor do mar” completam o top 3. Esta última, inclusive, foi a canção do artista mais gravada até os dias atuais.
Ranking das mais tocadas nos últimos 10 anos:
1 - Não quero dinheiro - Tim Maia
2 – Você - Tim Maia
3 - Azul da cor do mar - Tim Maia
4 - Do Leme ao Pontal - Tim Maia
5 – Sossego - Tim Maia
6 - Vale tudo - Tim Maia
7 - Não vou ficar - Tim Maia
8 - Imunização racional - Tim Maia
9 - Réu confesso- Tim Maia
10 - Chocolate - Tim Maia
11 - Acenda o farol - Tim Maia
12 - Ela partiu - Beto Cajueiro / Tim Maia
13 - Você e eu, eu e você - Tim Maia
14 - Bom senso - Tim Maia
15 - Guiné Bissau, Moçambique e Angola - Tim Maia
16 - Essa tal felicidade - Tim Maia
17 - Rational culture - Tim Maia
18 – Cristina - Bill Cesar / Tim Maia
19 - Se me lembro faz doer - Tim Maia
20 - Vou com gás - Tim Maia
Top 10 das músicas mais gravadas
1 - Azul da cor do mar - Tim Maia
2 - Do Leme ao Pontal - Tim Maia
3 - Não quero dinheiro - Tim Maia
4 - Não vou ficar - Tim Maia
5 – Você - Tim Maia
6 – Sossego - Tim Maia
7 - Imunização racional - Tim Maia
8 - Vale tudo - Tim Maia
9 - Você e eu, eu e você - Tim Maia
10 - Acenda o farol - Tim Maia
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