Cultura
Vera Holtz retorna a Niterói com espetáculo 'Ficções'
Apresentações ocorrem de 1º a 3 de dezembro, no Teatro da UFF
Depois do sucesso de público e de crítica, "Ficções" retorna a Niterói, na Região Metropolitana do Rio, só que agora com 31 indicações e os prêmios Shell e APTR (Associação de Produtores de Teatro) de Melhor Atriz, de Melhor Música para Federico Puppi, de melhor direção e desenho de luz no Prêmio Bibi Ferreira.
As apresentações ocorrerão no Teatro da UFF, na Rua Miguel de Frias, 9, em Icaraí, nos dias 1, 2, 3, 8, 9 e 10 de dezembro, sendo sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h.
Idealizado pelo produtor Felipe Heráclito Lima e escrito e encenado por Rodrigo Portella, o espetáculo parte do best-seller “Sapiens – uma breve história da humanidade”, do professor e filósofo Yuval Noah Harari, que já vendeu mais de 23 milhões de cópias em todo o mundo.
O enredo leva o público a refletir sobre a própria existência, no que é real ou inventado e no porquê a humanidade segue insegura e sem saber para onde ir.
A famosa atriz Vera Holtz se desdobra em personagens da obra literária e em outras criadas por Rodrigo, canta, improvisa, “conversa” com Harari, brinca e instiga a plateia e interage com o músico Federico Puppi – autor e performer da trilha sonora original, com quem divide o palco. Em outros momentos, encarna a narradora e, às vezes, é a própria atriz falando.
“Eu gosto muito desse recorte que o Rodrigo fez, de poder criar e descriar, de trabalhar com o imaginário da plateia”, destaca a atriz. “O desafio é essa ciranda de personagens, que vai provocando, atiçando o espectador. Não se pode cristalizar, tem que estar o tempo todo oxigenada”, completa.
'Espetáculo íntimo'
Para Rodrigo, “é um espetáculo íntimo, quem for lá vai se conectar com a Vera, ela está muito próxima, tem uma relação muito direta com o espectador.
Publicado em 2014, o livro de Harari afirma que o grande diferencial do homem em relação às outras espécies é sua capacidade de inventar, de criar ficções, de imaginar coisas coletivamente e, com isso, tornar possível a cooperação de milhões de pessoas – o que envolve praticamente tudo ao nosso redor: o conceito de nação, leis, religiões, sistemas políticos, empresas etc.
Mas também o fato de que, apesar de sermos mais poderosos que nossos ancestrais, não somos mais felizes que esses. Partindo dessa premissa, o livro indaga: estamos usando nossa característica mais singular para construir ficções que nos proporcionem, coletivamente, uma vida melhor?
“É um livro que permite uma centena de reflexões a partir do momento em que nós pensamos como espécie e que, obviamente, dialoga com todo mundo. Acho que esse é o principal mérito da obra dele”, analisa Felipe, que comprou os direitos para adaptar o livro para o teatro em 2019.
Sucesso de público
Mais de 37 mil espectadores já assistiram à peça, que fez sua estreia em setembro de 2022 na capital carioca, seguiu para São Paulo em janeiro deste ano e percorreu outras cidades brasileiras.
Quando foi chamado para escrever e dirigir, Rodrigo imaginou que iria pegar pedaços do livro para transformar em um espetáculo.
“Ao começar a ler, entendi que não era isso. Era preciso construir uma dramaturgia original a partir das premissas do Harari que seriam interessantes para a espetáculo. Em nenhum momento, no entanto, a gente quer dar conta do livro na peça. Na verdade, é um diálogo que a gente está estabelecendo com a obra”, enfatiza.
A estrutura narrativa foi outro ponto determinante no propósito do espetáculo.
“Eu queria fazer uma peça que fosse espatifada, não é aquela montagem que é uma história, que pega na mão do espectador e o leva no caminho da fábula. Quis ir por um caminho onde o espectador é convidado, provocado a construir essa peça com a gente. É uma espécie de jam session. É uma performance em construção, Vera e Federico brincam com tudo, com os cenários, tem uma coisa meio in progress”, descreve.
Rodrigo Portella criou um jogo teatral em que a todo momento o espectador é lembrado sobre a ficção ali encenada.
“Um dos principais objetivos é explorar o sentido de ficção em diversas direções, conectando as realidades criadas pela humanidade com o próprio acontecimento teatral”, resume.
Para a empreitada, Rodrigo Portella contou com a interlocução dramatúrgica de Bianca Ramoneda, Milla Fernandez e Miwa Yanagizawa.
“Mesmo sem colaborar diretamente no texto, elas foram acompanhando, balizando a minha criação, foram conversas que me ajudaram a alinhar a direção, o caminho que daria para o espetáculo”, conta.
Serviço
Ficções
Temporada: 1, 2, 3, 8, 9 e 10 de dezembro de 2023
Horário: sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h
Onde: Teatro da UFF - Rua Miguel de Frias, 9, em Icaraí
Ingressos: R$ 80,00 inteira / R$ 40,00
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 80min
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