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    Após morte de Francisco, sucessão no Vaticano é marcada por incerteza

    Apesar das especulações, o cenário permanece aberto

    Publicado 21/04/2025 às 10:17 | Autor: Enfoco
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    Especialistas em Vaticano concordam que, desta vez, Francisco não deixou um “herdeiro natural” ao trono de Pedro
    Especialistas em Vaticano concordam que, desta vez, Francisco não deixou um “herdeiro natural” ao trono de Pedro |  Foto: Vaticano Mídia

    Com a morte do Papa Francisco confirmada na manhã desta segunda-feira (21), os olhos do mundo católico se voltam agora para o Vaticano, onde terá início o complexo processo de escolha de seu sucessor. Apesar das especulações, o cenário permanece aberto e imprevisível.

    Nos corredores da Santa Sé, um antigo ditado já volta a circular, quem entra no conclave como papa, sai como cardeal”. A frase ilustra bem a natureza imprevisível do conclave, o colégio fechado de cardeais que escolhe o novo pontífice. Foi assim em 2013, quando o argentino Jorge Mario Bergoglio, até então visto como um nome improvável, foi eleito Papa Francisco.

    Em sua autobiografia recém-lançada, Esperança, o próprio Francisco relembra que, na época, os favoritos eram outros: o brasileiro Odilo Scherer, o italiano Angelo Scola, o norte-americano Sean O’Malley e o canadense Marc Ouellet. A eleição de Bergoglio surpreendeu o mundo, como já havia acontecido com Karol Wojtyla (João Paulo II) e seu sucessor, Joseph Ratzinger (Bento XVI).

    Especialistas em Vaticano concordam que, desta vez, Francisco não deixou um “herdeiro natural” ao trono de Pedro. Segundo Filipe Domingues, vaticanista e professor da Pontifícia Universidade Gregoriana, “ninguém sabe quem é o nome que, caso Francisco pudesse votar, ele votaria. Ninguém sabe porque não tem mesmo”.

    Esse cenário se deve, em grande parte, às mudanças promovidas por Francisco no próprio colégio cardinalício. Ao longo de seu papado, ele realizou dez consistórios, cerimônias para nomeação de novos cardeais, e ampliou a representatividade global da Igreja, escolhendo nomes das chamadas “periferias” do mundo católico. Com isso, o colégio de cardeais se tornou menos eurocêntrico e mais diverso. Atualmente, são 253 cardeais, dos quais 140 têm menos de 80 anos e, portanto, são eleitores. Destes, 110 foram indicados por Francisco, 24 por Bento XVI e apenas seis por João Paulo II.

    Apesar de não haver um favorito claro, analistas já traçam o perfil do provável sucessor. Para o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, da PUC-SP, o novo papa deverá ser “um progressista moderado, capaz de consolidar as iniciativas de Francisco sem provocar rupturas internas” e que se posicione firmemente “contra o hiperindividualismo nacionalista”, representado por figuras como Donald Trump.

    Gerson Leite de Moraes, professor e historiador da Universidade Presbiteriana Mackenzie, observa que a atual conjuntura global pode influenciar diretamente a escolha. “Com o enfraquecimento da Europa e a ascensão da extrema-direita, talvez a Igreja veja na sucessão uma chance de fortalecer o continente e recuperar sua influência no xadrez internacional.”

    Entre os nomes que circulam discretamente nos bastidores do Vaticano, alguns têm ganhado força:

    Cristóbal López Romero (72 anos) – Espanhol naturalizado paraguaio, atua como arcebispo no Marrocos. É respeitado pelo forte engajamento no diálogo inter-religioso.

    Luis Antonio Tagle (67 anos) – Cardeal filipino nomeado por Bento XVI, atua hoje como pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização. É visto como uma espécie de “Francisco asiático”, com perfil pastoral e carismático.

    Jean-Claude Hollerich (66 anos) – Primeiro cardeal luxemburguês, preside a Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia e tem influência política relevante no atual cenário europeu.

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