Brigitte Bardot é internada em estado grave na França

A atriz Brigitte Bardot, de 91 anos, foi hospitalizada no sul da França após sofrer um mal súbito em sua residência, em Saint-Tropez. Segundo informações divulgadas pela imprensa europeia nesta sexta-feira (17), a artista passou por uma cirurgia em Toulon e permanece internada sob observação. A causa do problema de saúde não foi detalhada oficialmente.

De acordo com a imprensa britânica, a atriz foi levada ao hospital há três semanas, após ser diagnosticada com uma doença considerada grave. Fontes próximas à artista afirmaram que o quadro é estável e que ela vem respondendo bem ao tratamento, embora os médicos tenham recomendado acompanhamento contínuo. Representantes da atriz não se pronunciaram sobre o caso.

Passagem por Búzios

Em 1964, Bardot viajou ao Brasil e passou quatro meses em Búzios, então uma vila de pescadores. O período transformou a cidade fluminense, que ganhou visibilidade após sua presença.

De acordo com pesquisadores, Bardot viajou ao país para fugir da pressão da imprensa europeia. A atriz buscava anonimato e descanso, e chegou a firmar um acordo com jornalistas no Rio de Janeiro: concedeu entrevistas e uma sessão de fotos no Copacabana Palace em troca de poder circular livremente depois.

Hospedada em Manguinhos, Bardot circulava pelas ruas da cidade em um Fusca vermelho e chegou a se misturar com os moradores locais. Sua estadia ajudou a projetar Búzios no turismo internacional, fenômeno semelhante ao que havia ocorrido com Saint-Tropez após o sucesso de E Deus Criou a Mulher.

A influência da visita foi tão marcante que, em 1999, a cidade inaugurou a Orla Bardot, que abriga uma estátua da atriz criada pela escultora Christina Motta.

Da bailarina parisiense ao mito de Saint-Tropez

Nascida em Paris em 28 de setembro de 1934, Brigitte Anne-Marie Bardot iniciou a carreira artística como bailarina clássica, formada pelo Conservatório Nacional de Música e Dança. Aos 15 anos, começou a atuar como modelo, aparecendo em capas de revistas como Elle.

Sua estreia no cinema ocorreu em 1952, com o filme A Garota do Biquíni, mas a consagração veio quatro anos depois, com E Deus Criou a Mulher (1956), dirigido por Roger Vadim, então seu marido. O longa provocou controvérsia à época por sua abordagem sensual, chegando a ser censurado em Hollywood, o que impulsionou a fama internacional de Bardot.

Descrita como “a mulher que inventou Saint-Tropez”, ela se tornou símbolo de uma geração que questionava padrões morais e celebrava a liberdade sexual. Mesmo alvo de críticas da Igreja e de setores conservadores, continuou atraindo multidões aos cinemas.

Durante a carreira, Bardot participou de mais de 45 filmes e gravou cerca de 70 músicas, consolidando-se como ícone cultural. Ela também influenciou a moda com a “pose Bardot” e o decote ombro a ombro que leva seu nome.

Escândalos, amores e independência

A atriz teve quatro casamentos, com Roger Vadim, Jacques Charrier, Gunter Sachs e Bernard d’Ormale, com quem vive desde 1992. Com Charrier, teve o único filho, Nicolas-Jacques, em 1960. A relação entre mãe e filho foi marcada por distanciamento, e só se reaproximaram décadas depois.

Bardot também se envolveu com nomes conhecidos, como o cantor Sacha Distel e o ator Warren Beatty. “Sempre busquei paixão. Quando ela acabava, eu fazia as malas”, afirmou em uma entrevista nos anos 1970.

Da fama ao ativismo animal

Aos 39 anos, Bardot anunciou sua aposentadoria do cinema para dedicar-se à defesa dos animais. Em 1986, criou a Fundação Brigitte Bardot, voltada à proteção e ao resgate de espécies em risco. Tornou-se vegetariana e militante ativa contra maus-tratos, doando recursos a abrigos e participando de campanhas internacionais.

Apesar do engajamento, suas declarações políticas ao longo dos anos geraram polêmicas na França. Ainda assim, sua imagem permanece associada à libertação feminina e à transgressão estética e social do pós-guerra.