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'Piquenique no Inferno': Matsunaga quer explicar crime para a filha
O STJ reduziu a pena de Elize para 16 anos e três meses
Elize Araújo Kitano Matsunaga, 40 anos, condenada por ter matado e esquartejado o marido Marcos Kitano Matsunaga, em 2012, quer publicar o livro autobiográfico "Piquenique no Inferno". O material contém 178 páginas e foi escrito dentro da prisão.
A expectativa é de que o caderno vire uma obra oficial escrita pela própria autora e vendida em livrarias. As informações foram obtidas pelo portal G1.
O livro foi escrito num caderno que traz o desenho de crianças na frente de uma escola na capa. A intenção de Elize é pedir perdão à filha, que ela está impedida de ver desde que foi para trás das grades. A guarda provisória da garota, que fez aniversário em abril, está com os avós paternos.
No livro, a presidiária conta a sua história desde a origem humilde até os relatos de ter sido vítima de violência sexual na adolescência e doméstica quando se casou.
"Minha amada [filha], não sei quando você lerá essa carta ou se um dia isso irá acontecer. Sei o quão complicada é nossa história, mas o que eu escrevo aqui não se apagará tão fácil", diz um trecho incluído na obra.
A reportagem ouviu advogados de Elize, mas não conversou com ela. Nascida em Chopinzinho, no Paraná, Elize conheceu Marcos quando era garota de programa.
A previsão da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) é a de que Elize seja solta em 20 de janeiro de 2028. À época do crime Marcos tinha 42 anos e ela 30.
Na prisão, ela se dedica à costura, ganha seu salário e pode sair em todos os feriados, tendo de retornar depois ao presídio.
O crime
Segundo a Polícia Civil de São Paulo, no dia 22 de maio de 2012, familiares de Marcos Kitano Matsunaga, diretor executivo da empresa alimentícia Yoki, compareceram à Delegacia de Desaparecidos do DHPP, informando que Marcos, na manhã do dia 20, saiu de casa sem dizer para onde iria, levando dinheiro e uma pequena mochila com objetos pessoais. Desde então, não deu notícias de seu paradeiro, nem atendeu a telefonemas.
As informações foram dadas aos familiares de Marcos por Elize, esposa de Marcos, com quem tinha uma filha de pouco mais de um ano à época. Com base nessas informações, foi elaborado boletim de ocorrência de desaparecimento.
Dias depois, em uma estrada na região de Cotia, foram encontradas diversas partes de um cadáver de sexo masculino, com traços orientais, embalados em sacos de lixo. A vítima foi identificada como sendo Marcos Kitano Matsunaga.
As investigações do Departamento de Homicídios logo colocaram Elize como a principal suspeita. É que na análise das câmeras de segurança do edifício onde vivia o casal revelou a chegada de ambos na residência na noite do dia 19 de maio de 2012, mas não registrou a saída de Marcos, sozinho, do local, conforme informou Elize.
Conforme os investigadores, além disso, na manhã do dia 20 de maio de 2012, as câmeras registraram Elize saindo do imóvel, carregando grandes malas de viagem e retornando para casa, cerca de 12 horas depois, sem as malas.
Elize confessou o crime, alegando que, após descobrir que Marcos Matsunaga a traía, ambos travaram uma discussão, ocasião em que Elize, munida de uma pistola do calibre 380, que o próprio Marcos tinha a presenteado, efetuou disparos contra ele, matando em seguida.
Horas depois, Elize esquartejou o cadáver, colocando as partes em sacos plásticos, levando, logo após, para os locais onde foram encontrados.
Elize foi presa em 4 de junho de 2016, duas semanas após o crime. Ela foi condenada à pena de 19 anos, 11 meses e um dia de reclusão em regime fechado por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Mas em 2017, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reduziu a pena dela para 16 anos e três meses.
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