Justiça

Academia fecha as portas e alunos ficam na mão em Niterói

Ex-colaboradores também denunciam atrasos de salários

Decisão judicial é por conta dos recorrentes atrasos de pagamento do aluguel
Decisão judicial é por conta dos recorrentes atrasos de pagamento do aluguel |  Foto: Péricles Cutrim
 

Alunos e colaboradores de uma academia no bairro Fonseca, na Zona Norte de Niterói, foram surpreendidos com uma ordem de despejo realizada na unidade, na manhã desta terça-feira (22). A decisão judicial é por conta dos recorrentes atrasos de pagamento do aluguel.

A ação judicial foi movida na 5ª Vara Cível de Niterói, por quatro locadores do espaço, que fica na Avenida Professor João Brasil, número 186. 

O despacho assinado pela juíza titular Cristiane da Silva Brandão Lima, ainda na última quinta-feira (17), dava a condição do locatário ser despejado ou pagar o débito no prazo de 15 dias corridos a iniciar da data da comunicação. 

Caso isso não ocorresse dentro do prazo, ainda de acordo com a decisão, o débito seria acrescido de multa de 10% e de honorários de 10%. 

Segundo denúncias, funcionários também estão com salários atrasados
  

Segundo denúncias, os funcionários também estão com salários atrasados e não haveria manutenções periódicas em aparelhos do estabelecimento. Por conta do fechamento repentino, os alunos contam que estão se sentindo lesados.

"Ele [o dono da academia] foi despejado por conta de seis meses de falta de pagamento. Os proprietários colocaram ele na Justiça. Ele escondeu isso. Era um processo que rolava na justiça, que decretou o despejo agora", narrou uma funcionária.

O oficial de Justiça realizou o comunicado de despejo no início deste mês. Acontece que, de acordo com as queixas, mesmo com a ameaça de ter que sair do local, o sócio-proprietário da Go! Academia realizou uma promoção recente para atrair novos alunos. 

No momento em que fechou as portas, nesta terça, havia pessoas se exercitando nos aparelhos da academia. A Polícia Militar foi acionada para o local. 

Segundo o 12º BPM (Niterói), no local, o proprietário compareceu e foi restabelecida a posse do imóvel sem maiores desdobramentos. A PM ressaltou que não houve condução do inquilino à delegacia.

"Ele fez essa promoção, pegou esse dinheiro, não pagavam os colaboradores, que viviam com salários atrasados. E deixou todo mundo na mão. Simplesmente ele chegou, assinou, e saiu, virou as costas e foi embora. Inclusive, tinham alunos treinando no momento do despejo", contou uma ex-aluna. Ela prefere não se identificar.

A Polícia Militar foi acionada para o local
A Polícia Militar foi acionada para o local |  Foto: via Grupo Enfoco

Os salários dos funcionários, conforme queixas, não caiam regularmente na conta. Esse problema, inclusive, seria recorrente.

Há diversos processos trabalhistas em andamento na justiça, por conta desse fato, como é o caso do professor de Educação Física Walter Júnior, de 30 anos. Ele atuou lá por 1 ano e 2 meses.

"No primeiro mês de empresa, já houve atraso do pagamento, que era recorrente. Às vezes chegava em até dois meses de atraso. Coloquei a empresa na justiça para receber os meus direitos trabalhistas. O dono dificilmente iria lá por causa das abordagens de alunos, sobre manutenção precária, problemas em ar-condicionado, já teve caso da Enel fazer desligamento de energia. Eles sempre explicavam que a empresa estava no vermelho", explicou.

Alunos treinavam na academia no momento em que local recebeu ordem de despejo
Alunos treinavam na academia no momento em que local recebeu ordem de despejo |  Foto: via Grupo Enfoco
 

Segundo Walter, outros colegas também recorreram à Justiça pelos mesmos fatos. Ele compartilha que essa não teria sido a primeira ordem de despejo feita em uma academia administrada pelo ex-patrão. 

"Ele [o dono] não honrava com o compromisso. E tinha bastante aluno, porque fica em um ponto bem localizado do Fonseca, onde se concentram muitos condomínios. E por ser um ponto estratégico e não ter tantos concorrentes, tinha um fluxo constante de alunos em aulas coletivas, de musculação, de cardio. Presenciamos mais momentos ruins do que bons, tanto que chegou a isso", contou. 

Uma colaboradora que trabalhou no local até a recente ordem de despejo, disse que o empresário não dava sinais que havia riscos de fechamento.

"Estava rolando um boato lá na academia de que iria fechar. Porém, o dono não se pronunciou e continuou recebendo os pagamentos [dos alunos]. Pra gente, estava tudo certo, [já que estava] fazendo promoção no Instagram. Como uma pessoa que já sabe que está com ordem de despejo, faz uma coisa dessa? Aí ontem [terça] o oficial de justiça chegou lá e fechou", narrou.

Uma aluna chegou para treinar no momento em que os policiais também entravam na academia. Ela diz que não tem esperança de que haja reparação para os clientes lesados. 

"Eu fui aluna por anos, ainda bem que saí há tempo. Sou moradora da área e ontem uma amiga e até funcionária veio me falar sobre isso", contou uma outra ex-frequentadora.

Na legenda de uma foto publicada há cerca de uma semana, em rede social, a Go! Academia escreveu: "Último dia. Desconto de $79,90 + 2 grátis (isso mesmo, treine por 14 meses) você ainda pode efetuar trancamento. Somente até 15/08/2023. Sem taxa de adesão, sem taxa de manutenção e sem taxa de anuidade. Por até 3 meses."

A reportagem fez contato com o advogado de defesa dos locatários, que não informou maiores detalhes do caso. Procurado pelo ENFOCO, o dono da Go! Academia ainda não se manifestou sobre o episódio.

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