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Arroz, feijão e óleo: vilões dos preços altos até 2021

Preço do óleo deve permanecer alto até o início do ano. Foto: Karina Cruz

Arroz, feijão e óleo: três itens básicos na mesa do brasileiro que continuam com status de vilões por conta da alta nos preços. E de acordo com o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, os valores devem continuar salgados até o início de 2021. 

"Não há nenhuma previsão de que os alimentos da cesta básica registrem queda e que o consumidor tenha alívio na conta do supermercado. Pelo contrário, daqui para o final do ano, ainda há mais inflação a ser reputada entre os alimentos", atentou.

Comparativo

Em Maricá, o preço do arroz pode variar de acordo com o bairro e a saída para pagar menor continua sendo correr atrás das ofertas. Entre os principais supermercados de Itaipuaçu, o consumidor encontra o quilo do arroz por R$ 5,59, enquanto em Inõa, o mesmo produto de marca semelhante pode ser encontrado até 17% mais caro, no valor de R$ 6,59. 

Mas, o mesmo não é observado com o feijão. Quem mora em Itaipuaçu vai pagar mais caro pelo quilo em um dos principais mercados do bairro. Por lá, a leguminosa pode ser encontrada por R$ 7,98. Já no Centro o preço do feijão pode ser encontrado por R$ 6,79, uma diferença de 14%. 

O óleo, que também continua em alta, pode ser encontrado por até R$ 9,49 a embalagem de 900 ml, no centro da cidade. Já em Inoã, o produto fica mais barato saindo por R$ 8,49, o que representa uma diferença de 10%. 

Incerteza

Segundo André Braz, apesar das iniciativas do governo federal, os incentivos ainda não foram suficientes para garantir mudança no cenário econômico.

"Não é que as ações não tenham dado certo. Essa alta acontece porque a gente não tem como saber o quanto a medida do governo contribuiu para que o arroz não subisse mais de preço. Elas [medidas] vieram para promover uma redução, porém não quer dizer que tenha gerado fôlego suficiente para baixar os preços. Tendo em vista que há uma demanda muito grande do produto [arroz], tanto nacional como internacional", detalhou.

O especialista analisa ainda que no caso do arroz, o produto funciona como uma commoditie.

"Podemos exportar e nesse momento como a nossa moeda desvalorizou muito, as exportações estão compensando. Vale mais a pena vender para fora e ganhar em dólar. Estes, são fatores que contribuem ainda mais para desabastecer o mercado brasileiro", explicou.

André Braz destacou que não foi só a desvalorização do real e o aumento das exportações que provocaram a alta do óleo.

"No grão da soja em dólar, o produto subiu mais de 30% entre março e outubro. Sem contar a desvalorização do real frente a moeda americana que ficou aproximadamente em 40%. Então, quando você junta esses dois fatores, representa um aumento de quase 80% que contamina os derivados", afirmou.

A professora Fernanda Vasconcellos, disse que tem optado por não comprar óleo por conta do preço.

"Eu tenho feito comida com banha de porco, é saudável e mais conta. O óleo tá caro demais, então a gente vai dando um jeitinho", afirmou.

Hortifruti

Vilão no início do ano, o tomate voltou a sofrer alta nos preços. Foto: Karina Cruz

O tomate está de volta na alta de preços para o consumidor final. A hortaliça pode ser encontrada a quase R$ 10,00 nos principais mercados de Maricá.

O produto pode ser encontrado mais em conta no Centro onde o cliente tem a opção de pagar até R$ R$ 8,19 pelo quilo.

Já um outro produto que apresentou variação de um bairro para outro foi o chuchu. Se o consumidor não pesquisar pode pagar até 50% mais caro.

O legume pode ser comprado mais barato em um supermercado do Centro de Maricá, pelo valor de R$ 2,49. Porém, se for adquirido em Inõa ou Itaipuaçu o valor salta para R$ 4,99.

A dona de casa, Maria de Oliveira, de 43 anos, disse que compra itens de hortifruti em um dia específico da semana.

"Geralmente os mercados fazem um dia de promoção para esses produtos. Então eu venho no dia certo para comprar", garantiu.

Inflação

A alta no preço dos alimentos pressionou a inflação dos mais pobres em outubro e representou 60% de todo o indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, divulgado nesta quarta-feira (11) pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea).

Segundo o instituto, as famílias de renda muito baixa acumulam uma inflação de 3,53% em 2020 e de 5,33% em 12 meses, enquanto a faixa de renda alta vem se beneficiando da queda no preço dos serviços e acumula 1,04% em 2020 e 2,48% em 12 meses.

Para fazer a pesquisa, o Ipea calcula a inflação para seis grupos de renda familiar: muito baixa (menor que R$ 1.650,50), baixa (entre R$ 1.650,50 e R$ 2.471,09), média-baixa (de R$ 2.471,09 a R$ 4.127,41), média (de R$ 4.127,41 a R$ 8.254,83), média alta (de R$ 8.254,83 a R$ 16.509,66) e alta (acima de R$ 16.509,66).

No grupo alimentos e bebidas, que tem maior peso na inflação das famílias mais pobres, destacaram-se em outubro as variações de preço do arroz (13,4%), da batata (17%), do tomate (18,7%), do óleo de soja (17,4%) e das carnes (4,3%). De janeiro a outubro, alguns desses itens acumulam altas expressivas, como o arroz (47,6%), o feijão (59,5%), o leite (29,5%) e o óleo de soja (77,7%).

No acumulado do ano, o grupo de famílias de alta renda vem se beneficiando da deflação acumulada de serviços que têm peso em sua cesta de compras, como as passagens aéreas (-37,3%), o transporte por aplicativo (-22,7%), o seguro de automóvel (-9,9%) e a gasolina (-3,3%).

Apesar disso, em outubro, as passagens aéreas ajudaram a puxar a inflação dos mais ricos para cima. Em setembro, as famílias de alta renda tiveram uma inflação de 0,29%, percentual que subiu para 0,82% em outubro. Enquanto isso, os mais pobres tiveram uma inflação de 0,98% que se manteve estável nos dois meses.

A inflação acumulada em 12 meses apresentou uma tendência de aceleração para todas as faixas de renda. Em outubro do ano passado, o índice mensal havia sido de 0,01% para os mais pobres, contra 0,98% neste ano. Para os mais ricos, o indicador passou de 0,17% para 0,82%.

Com Agência Brasil

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