Abandono
Ato pede reinício das obras do Hospital da Mãe em São Gonçalo
Manifestação contou com mulheres em apoio às mães gonçalenses
O Movimento de Mulheres de São Gonçalo cobrou a retomada das obras do que sobrou do Hospital Estadual da Mãe, no Colubandê, em São Gonçalo. O objetivo era chamar a atenção para a retomada da costrução, sem prazo desde 2013.
As intervenções tiveram investimento milionário ainda no governo do ex-governador Sérgio Cabral, preso desde 2016 na Operação Calicute, e funcionaria como um polo de atendimento para serviços médicos relacionados à maternidade, mas acabou se tornando um elefante branco em um dos principais bairros da cidade.
Um ato, organizado pelo movimento de mulheres de São Gonçalo, foi realizado nesta terça-feira (26). De acordo com Marisa chaves, sócia do movimento, explica que a instituição possui 33 anos e vários projetos voltados para a violência de gênero e discriminação. Além do pedido para recomeço das obras, elas pediram também mais respeito ao direito da gestante e menos violência obstétrica.
Principal alegação foi a falta de uma maternidade de alta complexidade na cidade
Rita Costa, enfermeira e uma das coordenadoras da Roda de Gestante, outro projeto da instituição, conta que recentemente uma gestante gonçalense morreu por tratamento indevido enquanto gestante.
Não queremos privilégio, queremos respeito e garantia de direitos, pra que crianças não tenham complicações.
Algumas mulheres usaram blusas com rostos estampados da gestante Tuia, que morreu no início de abril. A principal alegação foi que a falta de uma maternidade de alta complexidade na cidade aumenta o número de complicações e morte entre gestantes.
"Pela morte da Tuia e pela retomada das obras estamos aqui. Desde 2013 nada mudou, só morrem mais mulheres, temos um propósito, o parto é como um momento sagrado, não vamos parar enquanto não conseguir. Nos mulheres vivemos essa violência, queremos melhorar isso pra nossas filhas e netas", disse.
Quem também comentou a importância da abertura do hospital foi Ana Paula de Souza. Ela conta que passou por um parto difícil principalmente por precisar de um hospital de Niterói, mas morando na cidade vizinha, São Gonçalo.
"Eu fiz meu pré-natal direitinho, internei com 31 semanas, com 7 centímetros de dilatação, em trabalho de parto, e ficaram me dando remédio para segurar. Depois de muita luta, fizeram meu parto e dois dias depois me deram alta, mas minha filha precisou ficar na UTI neonatal, eles queriam que eu ficasse indo e voltando para amamentar. Como vou ficar indo de Niterói pra São Gonçalo recém operada? Fora que estava com muita dor", comentou.
Exercendo o primeiro mandato como vereadora e sendo a única mulher compondo o Legislativo gonçalense, Priscilla Canedo (PT) ressalta que esteve com o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), André Ceciliano (PT), no início do mês e o encaminhou um ofício sobre a questão.
"Esse ato aconteceu por um movimento de mulheres na nossa cidade pra que reforce a retomada das obras desse hospital que seria o hospital da mãe, essa obra está paralisada desde 2013. Queremos que o Governo do Estado tenha a responsabilidade e compromisso com a cidade. A maternidade que temos aqui é de baixa complexidade, o hospital mais próxima é só Azevedo Lima ou no Rio", comentou.
Projeto
O projeto do hospital previa 100 leitos, 14 salas de PPP (pré-parto, parto, pós-parto), que podem contar com a presença de familiares da gestante, além de três salas para parto cirúrgico. No projeto constavam também leitos de terapia intensiva para mães e bebês.
O investimento total era de R$ 43 milhões e a previsão de entrega para os gonçalenses estava prevista para o segundo semestre de 2013. Desde aquele ano, no entanto, a obra está parada e largada às margens da RJ-104.
Em março, a Secretaria de Estado de Saúde (SES), informou que retomou as tratativas para a reinício da obra do Hospital da Mãe no bairro do Colubandê, com a revisão da parte assistencial do projeto, com base nas necessidades atuais da região. Após essa etapa, a Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop) reiniciou a verificação dos documentos e, semanalmente, vem realizando reuniões entre as equipes para definições e esclarecimentos de dúvidas.
A pasta informou ainda que a obra foi paralisada devido a uma mudança de escopo do projeto que previa a ampliação de leitos de CTI, mas que a mudança ultrapassou o percentual de aditivo permitido em lei, sendo necessário um novo processo licitatório. A secretaria disse que, no momento, não há data prevista para a inauguração da unidade de saúde.
Questionada novamente sobre um novo posicionamento e um prazo para a retomada a pasta não respondeu.
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