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Criança de 6 anos morre em hospital de Niterói e médicas são afastadas

Médicas que teriam prestado atendimento foram afastadas. Foto: Arquivo

A polícia investiga a morte da pequena Sarah Carolina Sobral da Silva, de apenas 6 anos, na madrugada desta terça-feira (25), no Hospital Municipal Mário Monteiro, em Niterói. Familiares acusam negligência na unidade, por não oferecer o atendimento adequado, o que teria resultado no falecimento da criança.

Segundo o tio da menina, Carlos Alexandre, de 39 anos, a menina sofria de bronquite, uma inflamação dos brônquios que prejudica a passagem do oxigênio até os pulmões. Ele relata que a vítima foi levada com falta de ar pela mãe, de 35 anos, até o hospital, mas a paciente foi liberada sem ter recebido qualquer tipo de medicação.

A Polícia Civil apura o caso através do inquérito instaurado na manhã desta terça (25) e aguarda perícia do Posto Regional de Polícia Técnica Cientifica do Barreto, segundo informou o titular da Delegacia de Itaipu (81ª DP), Fábio Barucke.

O tio de Sarah esclarece, a partir de conversa com a mãe da criança, que na primeira entrada no hospital, por volta de 3h, a criança não foi colocada na nebulização e não recebeu qualquer tipo de medicação, sendo liberada para casa.

Segundo a família, a pequena Sarah então piorou o quadro de saúde e novamente foi levada pela mãe ao mesmo hospital, dessa vez por volta de 5h, quando já teria chegado desacordada. Pelo relato do tio a menina 'já estava praticamente em óbito [...] entrou, entubou e minha sobrinha veio a falecer'.

Após a morte, afirma a família, a equipe médica queria que a mãe assinasse um documento informando que a primeira entrada dela foi as 5h, negligenciando a primeira procura para atendimento no hospital às 3h.

Com pais separados, a menina morava no bairro Jóquei, em São Gonçalo, com o pai, avó paterna e o irmão de 11 anos. No entanto, passou o último final de semana com a mãe, que reside na comunidade do Inferninho, no bairro de Piratininga, em Niterói.

O pai da criança, Samuel dos Santos Silva, de 33 anos, afirma que Sarah foi diagnosticada com bronquite assim que nasceu.

"A gente levava para o hospital, medicava, ela ficava em observação e era liberada. Ela ficou o final de semana com a mãe e hoje de madrugada passou mal, a mãe levou para o hospital, atenderam e liberaram"

Samuel relata, ainda, que a ex-esposa disse a ele que após 30 minutos em casa, ainda de madrugada, a filha piorou e precisaram retornar imediatamente ao hospital.

"Os vizinhos levaram correndo. Um vizinho me disse até que ele entrou no hospital fazendo massagem cardíaca e Sarah estava desfalecida, mas meio que acordou. Aí entubaram ela e pediram para ele sair porque não era da família. A mãe entrou e ficou cerca de 10 minutos e também pediram para sair. Seis da manhã ela [a mãe] recebeu a notícia que Sarah tinha falecido e um papel como se tivesse dado entrada só às 5h"

Sarah sempre morou com os pais no bairro Vila Lage, em São Gonçalo. Há um ano e meio, devido a separação do casal, a mãe da criança procurou lar em Niterói. Já o pai Samuel foi morar com a mãe dele, no Jóquei.

"Ela iria começar a estudar agora. Tivemos que tirar da creche, por conta pandemia. Era uma criança super boa", finalizou o pai emocionado.

Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde de Niterói informou que a direção da Unidade de Urgência Mário Monteiro (UMAM) 'lamenta profundamente o ocorrido e se solidariza com a dor da família'. O caso está sendo apurado e as duas médicas que participaram do atendimento da paciente já foram afastadas.

A família foi acolhida pelas equipes de psicologia, serviço social e médica da UMAM para prestar todas as informações e apoio. A direção conta que está à disposição para esclarecimentos.

Em relação ao prontuário, a prefeitura disse que a documentação da paciente está sendo levantada e será disponibilizada para a família dentro do prazo legal de até cinco dias.

Outros casos

Não é a primeira vez que hospitais públicos de Niterói registram casos envolvendo morte de criança. No dia 4 de agosto do ano passado, a família da pequena Myrella de Oliveira Ferreira, que tinha acabado de completar um ano, iniciou uma luta para tentar salvar a vida da criança, que não resistiu e morreu uma semana depois, no Hospital Getúlio Vargas Filho (Getulinho), no Fonseca, Zona Norte de Niterói. A família acusava dois hospitais municipais de Niterói de negligência médica.

A mãe da criança tinha contado que levou a criança para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Mário Monteiro, que fica em Piratininga, no dia 4 de agosto, e contou que inicialmente recebeu o resultado de crise de bronquite. No decorrer dos dias, a situação se complicou.

Naquele mesmo mês, faleceu a bebê Juliana, de apenas seis meses, que sofreu queimaduras durante uma internação no Getulinho. De acordo com a Polícia Civil, os ferimentos foram causados por um banho quente, com água a aproximadamente 50ºC (celsius), na unidade de saúde do Fonseca, na Zona Norte de Niterói.

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