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    DCE da UFF é abandonado pelo Poder Público

    Publicado 20/09/2019 às 18:10 | Autor: Matheus Merlim
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    Apesar de cinco andares, apenas dois estão em funcionamento por conta do avançado estado de degradação. Foto: Wallace Rosa

    Quem anda pelo Centro de Niterói não faz ideia da degradação do Diretório Central dos Estudantes Fernando Santa Cruz (DCE-UFF), que fica ao lado do campus do Valonguinho da Universidade Federal Fluminense (UFF), no Centro de Niterói. O espaço se encontra completamente abandonado e para tentar reverter esse quadro, alunos estão fazendo uma "vaquinha" pela internet para arrecadar fundos e reformar o local.

    A ideia partiu da chapa 'Todos os Cantos', atual gestora do DCE. De acordo com o coordenador-geral do diretório, João Neto, de 24 anos, trata-se de uma campanha para que seja feita uma revitalização básica, como pintura, troca de vidros e restauração elétrica. Atualmente, dos cinco andares do prédio, apenas dois são utilizados.

    "É uma luta para que os estudantes voltem a ter um lugar que seja cultural, social e de entretenimento. A gente quer deixar um legado, não somente para as próximas gestões, mas para a universidade como um todo. Atualmente, só contamos com o aluguel do bar que funciona no espaço para custear todo o prédio", contou João.

    Segundo o diretor de patrimônio do DCE, Felipe Shotum, de 28 anos, assim que a chapa assumiu a gestão, em julho, eles já fizeram reparos estruturais, como consertar a fiação elétrica dos andares mais movimentados. No entanto, com apenas o bar funcionando, ainda não dá para fazer uma reforma mais abrangente.

    "O dinheiro que entra todo mês é para arcar com despesas urgentes. Ainda não dá para se pensar em reformar, apenas manter. A ideia é conseguir levantar essa quantia para que a gente consiga, quem sabe, reativar o teatro", afirmou.

    Teatro

    No teatro, alunos denunciam as más condições da estrutura. Foto: Wallace Rosa
    No teatro, alunos denunciam as más condições da estrutura. Foto: Wallace Rosa

    O espaço conta ainda com um teatro, é o MPB 4 com capacidade para 250 pessoas. Com palco, poltronas e até coxia, o ambiente não pode receber espetáculos formais porque foi fechado por conta do risco de desabamento, segundo o diretório. Uma parte do teto teria desabado e ainda não houve reparo.

    "Nomes importantes da MPB já se apresentaram aqui. É muito triste que esteja fechado por falta de investimento. A universidade tem potencial para ocupar esse espaço e transformar num ambiente para todos", declarou a secretária-geral do DCE, Maísa Marinho, de 28 anos.

    Atualmente, o espaço é utilizado apenas para ensaio de grupos de teatro amador ou banda de atléticas da própria universidade. Como é o caso do coletivo Transparente, uma união artística LGBTQI que mantém resistência no local.

    "A gente mantém uma agenda de ensaios aqui e até se apresenta na última sexta-feira de cada mês. Mas a gente sabe o quanto a cidade está perdendo com esse ambiente fechado. É necessário uma reforma urgente, tem prego espalhado por todo o piso e poltronas quebradas", disse a integrante do coletivo, Amanda Fraga, de 28 anos.

    A vaquinha intitulada "#FernandoVive" já na disponível para doações. A expectativa da organização é de acumular cerca de R$30 mil para começar a obra.

    História

    O prédio do DCE da UFF até metade do século passado pertencia à Associação dos Estudantes Fluminense. Em 1967, durante a Ditadura Militar, o espaço foi cedido à União e somente retornou às mãos da universidade em meados dos anos 80. Na época, houve um incêndio no local e parte da estrutura foi danificada.

    Recentemente, um caso parecido aconteceu no prédio. No último dia 6, alunos e jovens foram surpreendidos por um princípio de incêndio na rampa do espaço. De acordo com testemunhas as chamas começaram em uma das estátuas que adorna uma das colunas do prédio. Apesar do susto, ninguém ficou ferido.

    Segundo membros da gestão do DCE, embora o prédio pertença a universidade, é de responsabilidade dos estudantes manter a estrutura. Por muito tempo, a UFF colaborou com funcionários terceirizados na limpeza e na segurança. No entanto, a faculdade parou de prestar o serviço por conta do corte no seu contingente pessoal.

    Sobre a denúncia relacionada a chance de desabamento de parte do teto do teatro, a Prefeitura de Niterói informou apenas não ter sido notificada quanto a denúncia, mas que enviará uma equipe da Defesa Civil para fazer vistoriar a parte externa do prédio.

    Segundo a Prefeitura, as equipes só podem atuar nas dependências da universidade mediante solicitação e autorização da universidade.

    Procurada, a Universidade Federal Fluminense (UFF) informou que está passando por um período de fortes restrições orçamentárias e financeiras. No momento, segundo a faculdade, não há previsão de recebimento de investimento que possibilite melhorias no prédio do DCE.

    Ainda de acordo com a UFF, atualmente, todo o esforço está sendo feito para garantir as bolsas para os alunos mais vulneráveis, assegurar o funcionamento dos restaurantes universitários, garantir a segurança aos estudantes e servidores, limpeza e demais serviços acadêmicos essenciais para o funcionamento pleno da universidade.

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