Mobilidade

Empresa que controla SuperVia diz que deixará de operar trens

A Mitsui alega prejuízos com a pandemia e furtos de cabos

Empresa alega prejuízos com furtos e congelamento da tarifa
Empresa alega prejuízos com furtos e congelamento da tarifa |  Foto: Marcelo Tavares
 

A empresa Mitsui, que controla a SuperVia, informou, nesta quinta (27), que vai deixar de operar os trens do Rio. A empresa alega prejuízos com os casos de furtos de cabos ao redor dos ramais e congelamento da tarifa. A operação existe desde 1998. 

A decisão pressiona o governo estadual a tomar uma decisão. Um ofício foi enviado pela concessionária para a Secretaria de Transportes. Ainda não há informações sobre quando vai terminar a operação. Perguntada, a secretaria de Transportes ainda não enviou um parecer sobre o caso. A empresa também não deu mais detalhes sobre a decisão. A SuperVia informou que não vai se pronunciar sobre o caso. A Mitsui, detentora da empresa, não enviou resposta. 

Ao jornal "O Globo", o governador Cláudio Castro (PL) disse que "se eles não querem mais, que saiam. A gente bota outro que faça bem feito".

Uma reunião entre o grupo da empresa japonesa Mtsui, que controla o serviço no Rio, deve acontecer com representantes do governo estadual para buscar uma solução. 

No contrato firmado estariam investimentos que deveriam ser feitos pela empresa. Apesar do anúncio, o contrato não poderá ser interrompido de forma abrupta, já que não há previsão de deixar uma concessão de um serviço público de uma hora pra outra. 

No meio, os passageiros

Estação de Deodoro, na Zona Oeste, lidera em furtos de cabo, segundo a SuperVia
Estação de Deodoro, na Zona Oeste, lidera em furtos de cabo, segundo a SuperVia |  Foto: Marcelo Tavares
  

Em meio à discussão estão os passageiros que usam o serviço e sofrem com os problemas dos trens diariamente. 

"Já não temos ônibus direito. A linha 265 Marechal Hermes x Castelo, agora só vai até São Cristóvão. Quem trabalha no Centro ou quer ir pro Centro é obrigado a pegar duas conduções. Agora, pelo visto depois do aumento da passagem dos trens, não iremos ter trens também. Onde estão os representantes do povo que elegemos para lutar pelos nossos direitos?", questiona uma usuária do sistema pela rede social. 

Outra reclamação de quem chacoalha nos vagões é o preço cobrado. Desde dezembro, a tarifa passou a ser de R$ 7,40. O Goverdo do Estado liberou a chamada tarifa social com o cadastro pelo Bilhete Único, onde o valor fica fixado em R$ 5. 

Preço da passagem aumentou para R$ 7,40 este ano
  

Mesmo assim, nem todos conseguem pagar menos. "Cabe ressaltar que o valor cobrado passou a ser de R$7,40. Trens lotados, péssimo serviço, poucos intervalos e o preço exorbitante", relatou outra passageira. 

Segundo a empresa, entre março de 2022 e fevereiro deste ano houve 130 km de cabos furtados. O crime representa, de acordo com a SuperVia, um prejuízo de R$ 12 milhões. A quantidade de cabos furtados equivale ao trajeto entre as estações da Central do Brasil e Guapimirim duas vezes. 

Somente de janeiro a março de 2023, foram registradas 193 ocorrências de furto de cabos, totalizando mais de 12 km de cabos furtados neste ano. O ramal de Deodoro aparece no topo do ranking quando se trata do número de ocorrências de furtos e os trechos mais problemáticos são entre as estações de Riachuelo e Engenho Novo e entre Engenho de Dentro e Quintino.

Placas arrancadas durante um protesto de passageiros da estação de Deodoro
Placas arrancadas durante um protesto de passageiros da estação de Deodoro |  Foto: Marcelo Tavares
  

Caso semelhante

A decisão da empresa é semelhante ao caso da CCR Barcas, que chegou a anunciar o fim da operação do transporte no Rio. Um acordo com o governo do estado prolongou por mais dois anos a vigência do contrato. A concessionária também alegou problemas financeiros e prejuízos em razão da pandemia. 

NOTA DO GOVERNADOR DO ESTADO 

"Recebi os executivos da Gumi, empresa japonesa concessionária da Supervia. Diante da cobrança do Governo do Estado por investimentos que melhorem os serviços à população, a empresa confirmou que desistiu de gerir o sistema de trens metropolitano.

Da nossa parte, foram feitos esforços para apoiar a concessionária na entrega de um serviço digno à população. Fizemos aporte de cerca de R$ 400 milhões, em 2022, para compensar perdas com a queda do número de passageiros.

A pandemia acabou e os serviços continuaram precários. Cobramos resultados e eles não vieram. A população do Rio seguiu enfrentando atrasos, desconforto, paralisações e até acidentes na malha ferroviária.

A Gumi faz parte do conglomerado Mitsui, um dos maiores do mundo. Porém, o problema está no modelo de concessão que não funciona.

Faremos uma transição transparente e tranquila, garantindo o funcionamento dos serviços até a escolha de uma nova empresa. Mas vamos partir para um novo modelo de concessão que atenda aos anseios e respeite o direito da população do estado".

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