O enterro do ex-asssessor Vinícius Hayden Witeze, que trabalhava para o vereador do Rio Gabriel Monteiro (PL), ocorrido na tarde desta segunda-feira (30), no Cemitério Municipal de Mesquita, na Baixada Fluminense, foi marcado por confusão e tumulto.
O advogado Gustavo Lima, que trabalha para o parlamentar, tentou entrar na cerimônia, mas foi hostilizado por familiares e amigos que acabaram expulsando o advogado do local sob ameaças. Houve tumulto e um princípio de confusão. Algumas pessoas acompanharam Gustavo até o carro.
Segundo os presentes, o advogado era amigo de Vinícius Witeze, que inclusive, o ex-assessor que levou Gustavo para trabalhar junto com o parlamentar em seu gabinete na Câmara Municipal do Rio. No embate entre Witeze e Monteiro, o advogado teria ficado do lado do vereador. Gritos de traidor foram ouvidos.
Após a confusão, o vereador Gabriel Monteiro se pronunciou através das redes sociais. De acordo com o parlamentar, há uma perseguição contra ele.
Tentam me associar a todo custo a essa morte. O retirado do enterro é amigo de infância do falecido há quase 20 anos. Não tenho nada a ver com isso Gabriel Monteiro, vereador pelo Rio
"Tentam me associar a todo custo a essa morte. O retirado do enterro é amigo de infância do falecido há quase 20 anos. Não tenho nada a ver com isso. Nem como advogado ele foi. Impressionante a ininterrupta perseguição!", disse Monteiro.
Enterro
O corpo de Vinícius Hayden Witeze foi sepultado na tarde desta segunda-feira (30), no Cemitério Municipal de Mesquita, na Baixada Fluminense do Rio. Vinícius morreu após um acidente na RJ-130, que liga a cidade de Teresópolis a Nova Friburgo, municípios da Região Serrana, neste sábado (28).
Cerca de 100 pessoas estiveram presentes para prestar homenagens a Ziza, como Vinícius era conhecido. Enquanto o caixão era levado para o túmulo, amigos e familiares entoaram louvores.
Não fizemos nenhuma relação do acidente com o Gabriel, de jeito nenhum. Para mim, infelizmente foi uma fatalidade. O Gabriel Monteiro não tem nada a ver com isso. Foi realmente uma fatalidade. Ele, infelizmente, foi imprudente na direção Iris Hayden, mãe de Vinícius Witeze
Para Iris Hayden, mãe de Vinícius, o acidente não teve nada a ver com a relação entre o filho e Monteiro. Para ela, a questão política não era conversada em casa e que o acidente foi uma fatalidade.
"Quando ele foi fazer uma curva, ele viu que de repente não dava e cometeu um erro grave que foi o de colocar o pé no freio. Não fizemos nenhuma relação do acidente com o Gabriel, de jeito nenhum. Para mim, infelizmente foi uma fatalidade. O Gabriel Monteiro não tem nada a ver com isso. Foi realmente uma fatalidade. Ele, infelizmente, foi imprudente na direção", contou Iris.
Na última quarta-feira (25), Witeze e Heitor Monteiro de Nazaré, outro ex-assessor de Gabriel Monteiro, depuseram contra o parlamentar. Além de relatos sobre assédio sexual e moral, os depoentes apontaram orientações do vereador para produzir dossiês que pudessem constranger outros parlamentares e autoridades públicas. Vinícius deixa uma filha de 2 anos.
Investigações
O caso foi registrado na 110ª DP (Teresópolis) no domingo (29), segundo a Polícia Civil. Na ocasião, os agentes da distrital realizaram perícia no local do acidente e, segundo a polícia, tudo indica para a perda de direção do motorista ao tentar fazer uma curva na rodovia.
O carro do ex-assessor estaria em alta velocidade antes de capotar na noite deste sábado (28) na RJ-130. É o que aponta depoimento da vítima sobrevivente, identificada como Suzany Oliveira, feito à Polícia Civil. A informação foi confirmada pela Delegacia de Teresópolis (110ª DP) ao ENFOCO na tarde deste domingo (29).
Suzany descartou qualquer tipo de intervenção de terceiros, conforme apontou a Civil. Ela esteve presente no velório usando um colar cervical, mas não falou com a imprensa. Na manhã desta segunda (30), peritos do Instituto de Criminalística examinaram o carro de Vinícius. Os detalhes ainda devem ser divulgados.
Pedido de segurança
Um dia antes de morrer, Vinícius Hayden Witeze pediu reforço em sua segurança na Câmara Municipal do Rio. O pedido à vereadora Teresa Bergher, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, foi feito na última sexta (27). A solicitação seria protocolada nesta segunda-feira (30).
"O procurador da Câmara, José Minc, me disse que seria necessário um ofício das testemunhas pedindo a segurança. Na sexta-feira o Vinícius ligou para o meu gabinete, pedindo segurança. Foi orientado a fazer um ofício com este pedido. Ele ficou de entregar o documento nesta segunda-feira, mas, infelizmente, não teve tempo, as estradas estão muito perigosas", disse Teresa Bergher.
O vereador Chico Alencar (PSOL), membro do Conselho de Ética da Câmara do Rio, pediu que as circunstâncias do acidente sejam rigorosamente apuradas.
"O esclarecimento pleno e rápido dessa tragédia também reduzirá os temores de testemunhas a serem ainda ouvidas. As duas primeiras que depuseram no Conselho de Ética, o próprio Vinícius e Heitor, relataram, como é sabido, ter recebido ameaças, inclusive de morte", relatou.
Após tomar ciência da morte, Gabriel Monteiro disse que 'jamais torceria por esse fim'. O vereador contou que vem recebendo acusações de estar envolvido no acidente que vitimou seu ex-assessor.
"Quem me conhece sabe que não desejo mal a ninguém. Meu ex-assessor que tinha sido pego oferecendo R$ 600 mil a outro assessor para forjar provas contra mim. Que foi flagrado junto com o 02 da máfia do reboque. Morreu num acidente. É triste demais. Jamais torceria por esse fim", disse.