Cidades

Escolas municipais do Rio recebem oficina sobre deslizamento de encostas

Alunos do 8º ano da Escola Municipal Reverendo Martin Luther King participam de oficina interativa com maquete sobre deslizamentos de terra do projeto Encosta Viva, da Escola Politécnica da UFRJ.
Alunos do 8º ano da Escola Municipal Reverendo Martin Luther King participam de oficina interativa com maquete sobre deslizamentos de terra do projeto Encosta Viva, da Escola Politécnica da UFRJ. |  Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Alunos do 8º ano da Escola Municipal Reverendo Martin Luther King participam de oficina interativa com maquete sobre deslizamentos de terra do projeto Encosta Viva, da Escola Politécnica da UFRJ. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasi

É com areia, barro, brita e água que integrantes do projeto Encosta Viva mostram a estudantes de escolas públicas como ocorre um deslizamento de terra. Na maquete colocada diante da turma de 8º ano da Escola Municipal Reverendo Martin Luther King, na Praça da Bandeira, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, na última quinta-feira (21), bastou aumentar a inclinação da encosta e adicionar água que logo pequenas casas se deslocaram ladeira abaixo. A forma de ensinar é lúdica, mas o tema é de extrema importância e gravidade. 

Saber os motivos desses desastres, as formas de evitá-los e as ferramentas de alerta que existem no município pode ajudar a salvar vidas. É com esse objetivo que professores e estudantes universitários realizam, em outubro e novembro, a oficina Um dia a terra cai. Financiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), as aulas fazem parte do projeto de extensão Encosta Viva, vinculado à Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).  

“Vocês sabem o que é um desastre?”.  Quem faz a pergunta é a estudante de engenharia mecânica da UFRJ Isabela Cardoso, 21 anos, logo no início da oficina. Isabela entrou no Encosta Viva por se identificar com a situação. Ela mora em local de risco de deslizamento no Rio, no morro do Salgueiro, no bairro da Tijuca, na Zona Norte da cidade.

“Eu vivo isso, eu vejo, sinto na pele como é ver um deslizamento. É algo muito triste. Saber que isso poderia ser evitado com conscientização, acho que faz muita diferença. A gente começa pela base, que são crianças, jovens e adolescentes, porque a maioria deles leva esse tema para casa, onde abordam e comentam o assunto”, disse Isabela .

Mais da metade da área do estado do Rio de Janeiro tem suscetibilidade a deslizamentos classificada como muito alta, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estudo divulgado em 2019, mostra que 53,9% do território fluminense está no nível máximo de risco. Outros 19,9% estão classificados como alta suscetibilidade, a segunda faixa mais elevada. O estado é o líder absoluto entre as unidades da federação em termos de áreas com maior suscetibilidade. O estado vizinho, Espírito Santo, aparece em segundo lugar, com 44,9% do território com suscetibilidade muito alta e 19,9%, alta.

Escolas públicas

“A oficina conta com maquetes e objetos para trazer experiência lúdica para os alunos e buscar essa interação com eles. Foram escolhidas escolas próximas a morros, onde alguns dos alunos moram. Não necessariamente eles vivenciam deslizamentos, mas moram em comunidades que sofrem problemas de deslizamento”, disse o professor da Escola Politécnica da UFRJ e coordenador do projeto, Marcos Barreto de Mendonça. 

As escolas municipais Reverendo Martin Luther King, onde a oficina ocorreu na última semana, e Thomas Mann, no Cachambi, onde ocorrem na próxima semana, ambas na Zona Norte do Rio, são as primeiras unidades escolares a receberem atividade educativa sobre desastres associados a deslizamentos voltada para estudantes do ensino fundamental. A intenção é que o projeto siga no ano que vem e que envolva também agentes públicos que lidam diretamente com a questão dos deslizamentos.

Além de abordar os motivos dos deslizamentos, entre eles, escavações, acúmulo de lixo e desmatamento, a oficina mostra os mecanismos de alerta existentes e os canais de assistência.

“Hoje tem alarme pela cidade inteira. O sistema é aplicado no mundo inteiro. Isso é uma medida emergencial. É importante entender o que é esse sistema de alerta e conhecer o alarme de forma que o morador participe de ações previstas”, explicou Mendonça. 

Na turma do 8º ano, a maior parte dos alunos nunca ouviu uma sirene de alerta. E mesmo quem ouviu, às vezes, não a levou à sério.

“Eu, por experiência própria, às vezes não acreditava. Ouvia a sirene tocando e via que a terra não deslizava. Que bom que não deslizou. A sirene está alertando que há risco de deslizamento, não quer dizer que vá deslizar. Mas você deve se ligar nos alertas, nas sirenes, [conhecer] os pontos de apoio”, revelou Isabela. 

A estudante Ester Carvalho, 13 anos, que participou da aula, decorou as orientações.

“A minha casa não tem risco de deslizamento, mas eu pude aprender muito, posso informar um familiar meu ou quem mora perto disso: ‘olha, quando tocar a sirene, fique ligado, procure um lugar seguro’, e, assim, proteger eles”, contou.

Orientações 

Além das sirenes, há os pontos de apoio, para onde a população deve ir em caso de risco de deslizamento - geralmente, associações de moradores, escolas e outros espaços devidamente identificados. O Rio de Janeiro conta com o Sistema Alerta Rio da prefeitura, que emite mensagens e boletins de alerta à população sempre que há previsão de chuvas intensas que possam gerar inundações de vias públicas e/ou acidentes geotécnicos em encostas. Em caso de desastres desse tipo, é preciso acionar a Defesa Civil pelo número 199.

Fonte: Agência Brasil

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