Cidades

Familiares de idosos do abrigo Cristo Redentor denunciam falta de cuidados

Abrigo está sendo alvo de denúncias. Foto: Vítor Soares

Familiares de idosos que estão no abrigo Cristo Redentor, no bairro Estrela do Norte, em São Gonçalo, denunciam maus-tratos aos parentes que estão na instituição de longa permanência.

Segundo parentes, por conta da falta de funcionários e da escassez das doações, questões como alimentação e cuidados básicos, como troca de curativos e higiene pessoal, estão fazendo do local um verdadeiro dilema para seus entes queridos.

De acordo com os denunciantes, que não quiseram se identificar, os problemas começaram no início da pandemia, mas em março deste ano piorou ainda mais. As visitações foram suspensas e não acontecem nem mesmo com agendamento prévio.

"Não tinha leite para o mingau e estão servindo carne de porco, salsicha , ovos e carcaça de frango no almoço e na janta. A atual diretoria e as chefias não se comprometem. Tem idosos que estão morrendo com feridas necrosadas. Um outro, internado, perdeu o dedo. À noite só tem dois funcionários, um pra ala masculina e outro pra feminina. Estão desnutridos, sem curativos. A proibição das visitas já é um anúncio de que algo muito errado está acontecendo. Liguei para outros abrigos e já estão liberando com agendamento, mas eu não consigo desde abril. Tem que ter fiscalização de algum conselho", alerta.

Os familiares também alertam sobre a vacinação dos idosos no abrigo. Segundo eles, nem todos foram imunizados e não há informações a respeito de como estão sendo tratados.

Diretoria nega

O local vem constantemente sendo alvos de reclamações, inclusive, de funcionários. Em junho, técnicos de enfermagem e outros trabalhadores da instituição fizeram um protesto para pedir o pagamento de salários atrasados.

A reivindicação pedia a restituição dos salários, que chegaram a ficar mais de quatro meses sem serem pagos. Alguns ex-funcionários saíram ou foram demitidos por reclamarem da situação, segundo a denúncia.

Questionada a respeito das reclamações, a diretoria do abrigo disse que o local passa por dificuldades financeiras e negou que possa ter havido maus-tratos aos idosos ou alimentação precária, mas admitiu o déficit de funcionários. No entanto, segundo a administração, o problema não interfere nos cuidados aos internos.

"Nunca se chegou a esse ponto, mesmo que o abrigo esteja com enorme dificuldade financeira. Até o momento, com toda a fiscalização dos órgãos controladores a que somos passíveis, nunca houve qualquer caso de maus-tratos, o que seria imediatamente punido e nem servido salsicha ou carcaça de frango aos idosos. Há, sim, falta de funcionários devido à situação financeira do abrigo, mas isso não causa nenhum problema direto aos nossos idosos", explica Ademir Nunes Corrêa, diretor superintendente do abrigo.

O responsável também comentou a respeito da vacinação dos idosos e que as visitas foram proibidas por conta de determinação da Anvisa em relação à pandemia.

"Todos os idosos estão vacinados há algum tempo e a proibição de recebimento normal de visitas é uma determinação da Anvisa que o abrigo obrigatoriamente tem que respeitar devido à própria expansão da Covid-19", completa o diretor. Segundo a direção do abrigo, vivem no local, atualmente, 120 idosos com 98 funcionários trabalhando.

Medidas

Em nota, a Secretaria Municipal de Assistência Social informou que o convênio da prefeitura com o Abrigo Cristo Redentor está em dia e que apesar do local receber mais de 120 idosos, o Executivo é responsável por 65 pessoas que são atendidas na unidade.

A pasta informa ainda que mesmo não tendo sido notificada sobre a referida denúncia, vai averiguar as informações e que os repasses para as instituições conveniadas ao município são realizados somente mediante a prestação de contas. 

Sobre a vacinação, a Secretaria de Saúde e Defesa Civil de São Gonçalo informa que todos os idosos atendidos pela instituição foram vacinados contra a Covid-19 e que caso haja algum idoso que tenha ingressado recentemente e ainda não tenha sido vacinado, o abrigo pode entrar em contato com a Secretaria de Saúde para viabilizar a imunização.

Já a Anvisa informou que não proibiu a visitação de familiares nas instituições de Longa Permanência para os idosos. A agência diz que fez diversas orientações sobre a questão e outros assuntos a fim de preservar os idosos que estão nessas instituições (asilos ou casas de repouso), entre elas: reduzir o número de visitantes, frequência e duração das visitas; evitar aglomerações; questionar aos visitantes na chegada da instituição sobre sintomas de infecção respiratória e sobre contato prévio com pessoas com suspeita ou diagnóstico de Covid-19; orientar os visitantes para realizar a higiene das mãos com água e sabonete líquido ou álcool gel a 70%, antes da entrada na área dos residentes, além de uso de máscara.

O órgão lembra ainda que estados e municípios podem, de acordo com os indicadores epidemiológicos e o contexto local, possuir legislação mais restritiva quanto ao assunto, eventualmente até restringindo as visitas, mas a Prefeitura de São Gonçalo nega que tenha feito qualquer restrição. 

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