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Greve dos rodoviários perto de virar realidade em Niterói e região

Publicada às 16h05. Atualizado às 17h.

Imagem ilustrativa da imagem Greve dos rodoviários perto de virar realidade em Niterói e região
Votação aconteceu por unanimidade em duas sessões. Foto: Rômulo Cunha

O Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) recusou a nova proposta salarial das empresas e decretou 'estado de greve', nesta quinta-feira (4), em assembleia realizada na sede do sindicato, localizada no bairro Sapê, em Niterói.

A votação aconteceu por unanimidade em duas sessões: uma na parte da manhã, com 161 votos; e outra na parte da tarde, com 212. No último dia 27 de outubro, o Sindicato de Empresas Rodoviárias do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj) enviou uma proposta para os rodoviários indicando um reajuste salarial de 4%, divididos em duas parcelas: 2% no dia 1º de novembro deste ano e o restante em julho de 2022. A proposta também contava com uma cesta básica de R$ 350,00.

Segundo o Sintronac, os trabalhadores decidiram, em uma série de assembleias entre o final de setembro e o início de outubro, reivindicar algumas melhorias salariais, como reajuste imediato de 10%; aumento de 20% nas demais cláusulas econômicas do contrato de trabalho; R$ 400 para o valor da cesta básica, que atualmente é R$ 280; comissão de 2% para os motoristas que acumulem a função de cobradores; a instalação de cofres nos pontos finais de maior circulação; e, café da manhã para todos os trabalhadores;

De acordo com o autor da proposta, Ronan Borges, os rodoviários estão unidos em busca de melhorias nas condições salariais, que não são ajustadas há um ano.

"Entramos no estado de greve e a categoria está mobilizada para continuar lutando pelos nossos direitos. Nós rejeitamos a proposta patronal de 4%, sendo parcelada em duas vezes. Estamos dispostos a parar caso as empresas não aceitem nossas medidas. Se não reverem nossa proposta com carinho, teremos greve."

Ronan Borges, membro da comissão de salários da Sintronac.

Ainda de acordo com o Sintronac, o 'estado de greve' acontece como uma forma de aviso para as empresas, com o objetivo de informar que o sindicato recusou a contraproposta oferecida e irá aguardar uma resposta. Caso não aconteça uma melhora nas propostas salariais, o sindicato irá estabelecer as medidas legais para decretar greve.

"A decretação do estado de greve aconteceu de forma unânime. Tanto na parte da manhã, quanto na sessão da tarde. Mas esse decreto não quer dizer que iremos parar agora. É apenas uma forma de pressionar a classe patronal. Se eles, não chegarem a uma proposta que venha contemplar a categoria rodoviária, certamente será decretada a greve. Nós iremos fazer esse processo conforme a lei, informando as autoridades, as empresas, os sindicatos, a população e o Ministério Público do Trabalho (MPT). O trabalhador já está há 24 meses sem reajuste. Fomos muito sacrificados com a pandemia."

Rubens Oliveira, presidente do Sintronac

A posição decidida na assembleia será enviada para o Setrerj nesta sexta-feira (5). Dependendo da resposta do sindicato, os rodoviários irão marcar uma nova reunião para definir a data da greve e a estratégia para a realização do movimento.

Situação atual dos rodoviários

A classe rodoviária não possui reajuste salarial há dois anos. Cerca de 3,9 mil rodoviários foram demitidos durante a pandemia e desde junho o Sintronac está tentando negociar com o Setrerj para realização de melhorias trabalhistas.

O Sintronac acredita que as empresas podem conceder um reajuste maior do que foi oferecido, devido a diminuição das frotas em circulação e por causa da demissão em massa de rodoviários, cerca de 30%. De acordo com o sindicato, as empresas não podiam demitir trabalhadores, porque o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) cobria parte dos salários dos funcionários que entravam em regime de redução de carga horária ou revezamento de escala.

A devisão de estado de greve atinge rodoviários dos municípios de Niterói, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí e Tanguá.

Setrerj

Procurado sobre a decisão desta quarta-feira (4), o Setrerj não respondeu até o fechamento dessa reportagem.

Em outubro, o Setrerj informou que a crise econômica que atinge o setor de transportes está impossibilidando a retomada plena das atividades, causando reflexos no serviço prestado aos passageiros de Niterói. No entanto, o sindicato ressalta que as empresas de ônibus estão comprometidas com o atendimento à poulação durante a pandemia de Covid-19.

O Setrerj ressaltou, na época, que as frotas têm circulado em cenário desfavorável, atuando com redução drástica no número de passageiros pagantes, atualmente entre 30% e 40%. Outro fator que estaria atrapalhando é a alta acumulada no preço do óleo diesel (65%) em 2021.

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