Preocupação
Rodoviários protestam contra os 'Laranjinhas' em Itaboraí
Funcionários temem demissão com os ônibus tarifa zero
Funcionários da empresa Maravilha Auto Ônibus Ltda., que detêm o contrato das linhas de ônibus em Itaboraí, protestaram em frente à sede da Prefeitura, na manhã desta terça-feira (26), contra ações da administração municipal, que, segundo os rodoviários, podem levar o transporte rodoviário na cidade a um colapso total e deixar a população “a pé”. Além disso, afirmam que os empregos dos 155 funcionários da viação estão ameaçados e que, ainda assim, caso sejam demitidos, a empresa não terá como pagar as rescisões contratuais, pois está em risco de falência.
“Há sete anos Itaboraí não reajusta as tarifas de ônibus, cujo valor hoje é de R$ 3,75, o que viola o contrato de concessão. Além disso, a Prefeitura acumula uma dívida de R$ 35 milhões com a Maravilha, desde 2012, relativa ao repasse das gratuidades dos estudantes e das pessoas com deficiência. A gratuidade é utilizada por 50% das pessoas transportadas diariamente pela empresa. A situação é grave, a empresa já não consegue investir em manutenção e renovação da frota e, agora, ameaça fechar as portas e não pagar nem as indenizações trabalhistas de seus 155 funcionários. Ela vendeu, inclusive, sete ônibus para pagar as despesas com o 13º salário dos trabalhadores. Não podemos deixar que isso continue”, afirmou o presidente do Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), Rubens dos Santos Oliveira.
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O projeto dos “Laranjinhas” (tarifa zero) foi embargado temporariamente pela Justiça, em liminar concedida na ação movida pela Maravilha, que alegou prejuízo financeiro pela superposição de linhas. Ainda assim, o prefeito Marcelo Delaroli atacou a empresa e seus funcionários nas redes sociais, afirmando: “uma porcaria de empresa no município, com ônibus destruído, ônibus acabado, chovendo dentro” (sic).
Preocupados com seu futuro imediato, os rodoviários procuraram o Sintronac, que iniciou uma apuração sobre as bases do contrato de licitação dos “Laranjinhas”, qual foi a empresa vencedora do certame, quem serão seus motoristas e as condições trabalhistas desses contratados, num prazo de um ano e ao custo de R$ 25 milhões, segundo o sindicato.
“Um contrato desse montante tem que ser bem estudado. Mas nossa preocupação maior é com os trabalhadores, tanto os da Maravilha, quanto os que serão contratados pela Elite, caso a Prefeitura venha a conseguir suspender a decisão judicial. Entendemos que um prefeito queira fazer o melhor para a população de um município, mas o que o senhor Delaroli está fazendo é, no mínimo, irresponsável. Há a vida dos trabalhadores e seus familiares em jogo. Além disso, se a Maravilha fechar, o contrato da Elite é de um ano, exatamente quando acaba o mandato de Delaroli. Caso o vencedor das eleições para prefeito decida suspender os ‘laranjinhas’, quem irá operar as linhas de ônibus de Itaboraí? Assim, há um sério risco da cidade ficar sem ônibus”, questionou Rubens Oliveira.
A Maravilha disse, em nota, que "está em contato com o Sindicato dos Rodoviários para tentar um diálogo e evitar uma possível paralisação. Com a dívida da Prefeitura de Itaboraí de cerca de 33 milhões para a empresa, somada aos sete anos sem atualização da tarifa, o impacto no desempenho do negócio é de conhecimento do Sindicato, que teme os impactos aos colaboradores".
A empresa reiterou ainda que "tenta, desde o início da atual gestão, um entendimento que permita a melhoria dos serviços, a sustentabilidade do negócio e o cuidado aos colaboradores".
Procurada, a Prefeitura de Itaboraí não se pronunciou até o momento da publicação desta reportagem.
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