Decreto

Liberação de animais em mercados divide cariocas

Especialista ressalta medidas que devem ser seguidas no local

Mesmo com as regras impostas, alguns ainda sentem receio com a novidade
Mesmo com as regras impostas, alguns ainda sentem receio com a novidade |  Foto: Karina Cruz
 

A cidade do Rio aderiu a uma nova medida para os consumidores que forem realizar suas compras no supermercado. Um decreto da Prefeitura do Rio na última sexta-feira (5) autorizou que cães e gatos possam entrar nos estabelecimentos da cidade.

O fato divergiu opiniões entre os frequentadores. Enquanto alguns acham a ideia ótima, outros se preocupam com riscos sanitários que podem afetar o consumidor durante as compras.

Nesta segunda-feira (8), em um mercado da Zona Norte da cidade, o selo 'Super Pet' estava na entrada de alguns estabelecimentos, com a listagem das medidas que devem ser adotadas por quem escolhe levar o animal até o recinto. Dentre elas estão:

- Cães e gatos devem estar com coleiras ou peitoral e guias;

- O tutor é responsável por coleta de fezes, danos a terceiros ou mercadorias;

- Evite trazer seu Pet se ele demonstrar sinais de estresse ou ansiedade; 

- Traga sempre o registro de vacina do seu Pet, caso ele seja solicitado;

- Animais de grande porte ou médio porte precisam utilizar focinheira.

Mesmo com as regras impostas, alguns ainda sentem receio com a novidade. Como é o caso da Renata Melo, dentista, de 35 anos, que não se sente segura em relação às questões sanitárias.

"Eu acho que se o dono tiver consciência, higienizar caso o bicho faça as necessidades dentro do estabelecimento, tudo bem. Agora, não seria legal se o animal defecar, por exemplo, e colocar ele no mesmo carrinho que eu uso para levar minhas compras. Sei que tá nas regras não fazer isso, mas tem muita gente sem noção, né. E se fizerem necessidades nas mercadorias? Eu acho bem perigoso", expressou.

Ficou decido que não será permitido colocar os animais no carrinho utilizado para as compras, mas que o estabelecimento, se quiser, pode oferecer um carrinho de compras especial para o transporte destes bichos.

Para o aposentado Roberto Pierre, 73 anos, animais são sinônimo de companheirismo. Morador do Méier e divorciado, ele mora sozinho e ressaltou a importância dos animais nestes casos.

"Eu gosto muito de animal, já tive vários, é um carinho gigante. Eu acho maneiro [o decreto], por exemplo, eu moro sozinho, cachorro é companhia, se eu tivesse um, gostaria de trazer comigo para todos os lugares. É só seguir as regras e tá tudo bem" , disse o aposentado.

O que diz o especialista

Para Flávio Moutinho, professor do Departamento de Saúde Coletiva Veterinária e Saúde Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), é comum sentir receio quanto aos riscos sanitários da nova medida, mas que tudo pode correr bem se o local for devidamente averiguado.

"O risco vai depender de algumas variáveis como: o status sanitário do animal, a responsabilidade dos tutores e a fiscalização. Em se tratando de animais sadios, tutores responsáveis e empresas que verifiquem o que a lei exige, considero o risco pequeno. Mas esse processo de verificação das exigências pode se tornar um empecilho, principalmente em dias de grande movimento", explica o médico.

O veterinário ressalta ainda que é de suma importância para a segurança de todos no local que o animal só seja levado ao estabelecimento sempre fazendo o uso de "coleira e guia e conduzidos por pessoas com capacidade física de conter o animal". 

A entrada do animal no mercado, em tese, não necessariamente vai trazer risco. Sempre o bom senso e a empatia deveriam prevalecer. Flávio Moutinho, Veterinário
 

Questionado sobre essa tendência de levar animais para os estabelecimentos em que antes a entrada era restrita, Moutinho afirma que isso não acontece só no Brasil, e que cabe às autoridades se adaptarem adequadamente a essas mudanças.

"Por mais que algumas pessoas discordem, os animais de companhia passaram a fazer parte de muitas famílias. Nesse contexto, o fundamental é que o legislativo cumpra sua função de legislar no sentido de viabilizar que essas mudanças se baseiem em critérios técnicos, minimizando o risco para pessoas, animais e ambiente", finaliza.

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