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    Outro caso

    Mãe conta ter sido vítima no hospital onde mulher teve mão amputada

    Ela relata violência obstétrica e paralisia cerebral na criança

    Publicado 19/01/2023 às 18:51 | Atualizado em 20/01/2023 às 9:27 | Autor: Enfoco
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    Bebê sofreu paralisia cerebral após violência obstétrica
    Bebê sofreu paralisia cerebral após violência obstétrica |  Foto: Arquivo Pessoal

    Mais uma mãe afirmou, nesta quinta-feira (19), que sofreu violência obstétrica no Hospital da Mulher Intermédica Jacarepaguá, no Rio, local onde uma mulher acabou com a mão amputada após dar à luz de parto normal ao seu filho. Camilla Porte, de 27 anos, informou que sofreu violência obstétrica quando foi ao mesmo hospital dar à luz ao seu filho Luca, de 3 anos. 

    Camilla relata que o filho nascido em 2019 ficou com paralisia cerebral devido à falta de oxigenação no cérebro durante o parto. Segundo a mãe, durante todo o pré-natal Luca era um bebê saudável.

    “Eu tinha plano de saúde, a médica [do Hospital da Mulher Intermédica Jacarepaguá] acompanhou toda a minha gravidez. Eu queria muito parto normal, mas não ia me opor a uma cesariana caso fosse necessária. Ela sempre disse que eu não ia aguentar a dor, esse tipo de coisa. Ela não queria nem aceitar a entrada da doula”, contou Camilla para o portal g1.

    Após sentir as primeiras contrações, Camilla acionou a médica que esteve com ela durante toda a gestação. A doula a ajudou durante as evoluções das contrações, enquanto ainda não era hora de seguir para o hospital e foi monitorando os batimentos cardíacos do bebê. 

    “Assim que eu cheguei no hospital, ela botou um soro na minha veia e eu comecei a sentir uma dor absurda. Ela disse que era Buscopan, mas não tinha como ser. A doula falou que deveria ser ocitocina. A dor foi acabando comigo, tirando meu consciente”, relembra a mãe.

    Camilla relatou que o parto começou antes do previsto, que quando ela estava com nove de dilatação, pediram para ela começar a fazer força, porém não estava na hora de Luca nascer, e a médica então informou que Luca não estava encaixado quando, na verdade, ele não tinha espaço para sair. 

    Camilla relata que a médica informou que iria iniciar uma manobra e que iria anestesiá-la, para caso fosse preciso fazer uma cesariana, se o bebê não encaixasse. “A gente não sabe o quanto de anestesia ela me deu porque eu parei de sentir tudo, não sentia nem a contração mais", afirma Camilla.

    Após isso ocorrer, a mãe relata que foi nessa hora que as violências obstétricas começaram. 

    “Ele entrou no meu canal e começou a ficar sufocado ali. Elas não estavam monitorando o Luca, elas amarraram a minha perna e mandaram eu puxar, mas eu não estava sentindo nada. Nisso minha barriga parou de contrair, foi a hora do desespero total porque significa que a criança está em sofrimento fetal. Eles viram ali que ele estava sofrendo”, disse.

    Quando perceberam que o bebê estava em sofrimento fetal, eles cortaram a parte íntima de Camilla, para ver se ele saía. Os médicos tiveram que ter auxílio de um ferro para buscar a cabeça dele, porém não conseguiram, por isso, foi necessário a ajuda de uma terceira médica para que Luca nascesse. Ela quem conseguiu tirar ele com o ferro.

    O bebê nasceu desmaiado e sofreu seis convulsões em seguida, sendo colocado em coma induzido e entubado, e a mãe só pode ver o bebê no período da noite.

    Camilla precisou ficar 10 dias em tratamento de um infecção pós-parto, e Luca ficou 38 dias internado. 

    “Ele ficou em coma induzido por umas três semanas, e as enfermeiras não trocavam ele de posição. Gerou uma escara. Sabe como tratavam? Apenas com uma fita adesiva. Outro dia eu cheguei lá ele estava com o bumbum em carne viva da fralda. Eu saí de lá, ele estava se esgoelando, voltava, ele estava se esgoelando. Meu filho chorando, eu não queria deixar ele lá”, relembra. 

    De acordo com a mãe, eles só foram informados depois que o bebê teve alta, mais de um mês depois do nascimento. Camilla entrou com processo contra a clínica que corre sob sigilo.

    O Hospital da Mulher Intermédica Jacarepaguá afirmou através de uma nota que “tem todo o interesse em colaborar de forma oficial para a elucidação das denúncias somente agora apresentadas. Na hipótese de comprovadas eventuais responsabilidades, os envolvidos serão punidos na forma da lei.”

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