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Motoboys e mototaxistas sofrem com valor dos combustíveis

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|  Foto: Foto: Marcelo Tavares
Motociclistas trabalham entre mototáxi e serviço de entregas. Foto: Marcelo Tavares

A Liga dos Motoentregadores e Mototaxistas do Brasil (Limobras), que abrange os trabalhadores de Niterói e São Gonçalo, alerta que os mais de 500 motociclistas associados correm o risco de não conseguir manter o instrumento de trabalho devido ao aumento no valor da gasolina. De acordo com o vice-presidente da liga, Leonardo Pereira, isso acontece porque o combustível fica mais caro, mas as entregas não.

"Infelizmente se continuar aumentando muito, os nossos associados, que têm os documentos em dia e são legalizados, vão ter que vender a moto, porque esse preço já está muito absurdo", desabafou.

Os trabalhadores da classe de São Gonçalo alertam para dificuldades em garantir a renda e relatam que a carga horária de trabalho precisa ser dobrada para que as necessidades sejam supridas. É o caso do motociclista Heberson Borges, de 23 anos, que atua como mototaxista em um ponto no bairro Luiz Caçador durante o dia e à noite como motoboy.

"Eu trabalho de 7h às 18h como mototáxi e de 19h às 1h como entregador em uma lanchonete em Itaúna. Antes eu colocava R$ 10 e rodava o expediente todo, dependendo da demanda colocava mais R$ 10 no final do dia e ainda sobrava para o dia seguinte, agora não consigo mais fazer isso. Sem contar que o trabalho não rende como antes da pandemia... Às vezes temos passageiros fixos, e acabamos nos deslocando do ponto para buscar as pessoas, mas estamos perdendo, porque não cobramos esse deslocamento", contou.

Outro jovem mototaxista, Vinicius Feijó, de 20 anos, conta que encontrou no mototáxi uma alternativa de trabalho, mas alerta para o fraco movimento nas ruas.

“O mercado de trabalho está muito difícil hoje em dia. O mototáxi é minha única fonte de renda, mas dependendo do ponto que a gente fica, nem tem movimento por horas", desabafou.

Motoboy transportando encomendas
O serviço de entregas aumentou desde início da pandemia. Foto: Marcelo Tavares

Delivery

Diferente do transporte de passageiros, o serviço de entregas cresceu durante a pandemia, proporcionando muitos empregos. No entanto, o aumento da demanda também gera aumento na concorrência. O entregador Júnior Mattos de 31 anos, que trabalha com entregas há 12 anos, conta que o serviço já serviu como única fonte de renda, mas agora apenas complementa.

“A maioria das coisas que consegui foram graças ao meu trabalho de motoboy, mas com o preço da gasolina ficou complicado. A gente tem se desdobrado pra fazer o que fazia antes. Agora eu trabalho como entregador apenas para complementar a renda, pois precisei correr para outras áreas”, disse.

O IFood, um dos principais aplicativos de entrega, informou, em nota, que revisa o valor mínimo por rota pago aos entregadores periodicamente, mas que o valor do combustível não é considerado nesta revisão.

"Os valores das rotas consideram fatores como a retirada do pedido no restaurante, a distância percorrida, a cidade, o dia da semana e o modal utilizado", relatava a nota.

Especialista

O economista formado pela Universidade Federal Fluminense, Jander Rodrigues, reafirmou que o aumento constante da gasolina pode fazer com que o serviço de entregas perca a atratividade, visto que o custo pode se tornar maior que os ganhos.

"Quanto mais você trabalha, mais você gasta. Como os motociclistas trabalham com quilômetros rodados, o preço do combustível afeta muito e a mão de obra acaba perdendo valor", disse.

O economista alertou ainda para um possível aumento nos valores dos fretes.

"A única forma que o motoboy tem de lidar com o alto preço do combustível é repassar esse preço, ou seja, o custo do transporte vai ficando cada vez mais caro, e as pessoas podem acabar perdendo a vontade de comprar por delivery", finalizou.

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