Reviravolta

Navio à deriva que colidiu com a Ponte Rio-Niterói tem tripulação

Reportagem já havia provado que embarcação tem 'sentinelas'

Colisão de navio não danificou estrutura da Ponte
Colisão de navio não danificou estrutura da Ponte |  Foto: Marcelo Eugênio
 

O navio à deriva da Baía de Guanabara que colidiu com a Ponte Rio-Niterói nesta segunda-feira (14) tem tripulantes a bordo. O fato foi evidenciado pelo jornalista do GLOBO Caio Barreto.

Em uma matéria que foi ao ar em 2018, Caio conta que, junto do fotógrafo Custódio Coimbra, decidiu pegar um barco na Ilha do Fundão para se aproximar mais da embarcação que, em primeira mão, acreditou estar abandonada.

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"Um homem sem camisa no alto do navio que parecia abandonado. Grito: "Boa tarde!", ele responde. É o começo da entrevista mais inusitada que já fiz. Paulo contou que trabalhava embarcado: eram 15 dias no navio e 15 em Fortaleza, onde tinha casa e família", disse o jornalista através de seu twitter.

O rapaz conta que, durante a viagem, o barqueiro responsável por levar ele e o fotógrafo pelas águas, havia informado que no local existiam piratas, ou seja, barcos ligados às facções e milícias que atacam na Baía de Guanabara.

"Embarcações como o navio São Luiz são repletas de cobre e metais com valor de mercado. Os caras escalam o navio pela âncora e depenam ele inteiro - roubam até os parafusos", explicou.

Dentro do 'São Luiz', Paulo Carneiro, de 64 anos, estava monitorando os arredores da embarcação gigantesca: "Ele cuidava do navio e tinha ajuda de outros tripulantes que se revezavam. Uma de suas funções era a de sentinela, que consistia em ficar parado na proa para afastar ladrões. Ele se ressentia do "fim da indústria naval". Disse que viajou o mundo inteiro, navegou em todos os mares", continua narrando.

Autorização do dono

O jornalista continua a história, afirmando que o sentinela da embarcação lhe passou o contato do verdadeiro dono. De início, o mesmo se negou a deixar a reportagem ter seguimento dentro do navio que foi de seu avô, Simão Mansur, e que ele acreditava, fielmente, que conseguiria restaurar.

"Não sei como consegui convencê-lo a mudar de ideia. Quando chegamos lá, eu e Custódio, andamos por toda a embarcação. Vimos outros tripulantes, todos vestindo macacões no breu, todos ocupados em alguma tarefa, como se fosse uma embarcação em operação", disse Caio.

Luzes acesas

Durante a colisão, Caio ressaltou um detalhe que pode ter passado despercebido por muitos: as luzes da embarcação estavam acesas. 

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