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Clínica para autistas em Niterói atende filho da ex-BBB Fernanda

Especialistas explicam como identificar o espectro

Nesta terça-feira (2), é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo
Nesta terça-feira (2), é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo |  Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Na véspera do Dia Mundial de Conscientização do Autismo, nesta segunda-feira (1º), a ex-participante do BBB Fernanda, natural de Niterói, compartilhou uma emocionante descoberta sobre o tratamento de seu filho Marcelo, de 11 anos, que é diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Após sua saída do programa, a ex-participante tomou conhecimento do acompanhamento que Marcelo está recebendo na clínica "AUTstar Psicomotricidade", localizada em Icaraí, na Zona Sul de Niterói, onde são oferecidas terapias focadas no desenvolvimento da criança e na melhoria de seu desempenho diário.

No vídeo, que viralizou nas redes sociais, Fernanda assiste ao Marcelo durante uma consulta, momento que a emocionou profundamente ao ver o progresso e a felicidade de seu filho. Assista abaixo.

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O que é o TEA

Mas afinal, o que é o Transtorno do Espectro Autista? Os responsáveis pela clínica, os psicomotricistas Danielle Inocêncio, de 38 anos, e Davidson Santos, de 39 anos, explicam como definir e identificar o espectro autista.

Segundo Danielle, o TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por atrasos nos marcos do desenvolvimento e dificuldades nas relações sociais, que apresentam prejuízos clínicos consideráveis.

É importante entender que ele ocorre no início do desenvolvimento. Danielle Inocêncio, psicomotricista.

"Quando falamos sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), é importante entender que ele ocorre no início do desenvolvimento e é marcado por atrasos nos marcos do desenvolvimento, além de estar vinculado à dificuldade nas relações sociais e repetições comportamentais", explica.

Ela destaca ainda que existem diferentes estágios dentro do espectro, cada um exigindo uma abordagem individualizada.

Nenhum autista é igual ao outro. Danielle Inocêncio, psicomotricista.

"Nenhum autista é igual ao outro. É essencial compreender que cada estágio apresenta suas próprias características distintas. Desde aqueles em que os prejuízos clínicos são menos pronunciados, até outros estágios, onde os desafios podem ser mais intensos em diversas áreas da vida da pessoa. Portanto, é crucial uma avaliação individualizada", ressalta a profissional.

Como identificar 

Quanto à identificação dos sinais desde a primeira infância, Davidson ressalta a importância de estar atento a qualquer dificuldade de desenvolvimento.

"É fundamental que os pais estejam atentos a certos sinais que podem indicar a possibilidade de a criança estar no espectro autista. Alguns desses sinais incluem atrasos na fala ou na comunicação em geral, dificuldades de contato visual, comportamentos de hiperfoco e padrões de interação social atípicos", explica.

É crucial desmistificar a ideia de que 'cada criança tem o seu tempo'. Davidson Santos, psicomotricista.

Para o psicomotricista, reconhecer esses sinais precocemente e buscar uma avaliação profissional pode ser crucial para garantir o suporte adequado e iniciar intervenções precoces que promovam o desenvolvimento saudável da criança.

"É crucial desmistificar a ideia de que 'cada criança tem o seu tempo', especialmente quando se trata do desenvolvimento da linguagem e comunicação. Certas situações não podem ser normalizadas, como a ausência de fala após os dois anos de idade, por exemplo. Isso deve ser encarado como um sinal de alerta", afirma Davidson.

Suporte aos responsáveis

Além de fornecer suporte para a criança e o adolescente, o casal enfatiza a importância de fortalecer a saúde mental dos responsáveis. Danielle defende que todo pai ou mãe de alguém com algum tipo de transtorno deveria receber acompanhamento psicológico pessoal.

Todo pai ou mãe nessas circunstâncias deveria receber acompanhamento psicológico. Davidson Santos, psicomotricistas.

"Após o diagnóstico, é comum surgirem sentimentos de frustração, culpa e ansiedade em relação aos cuidados e ao futuro da criança. No entanto, esses sentimentos são válidos e tratáveis. Por isso, defendo veementemente a ideia de que todo pai ou mãe nessas circunstâncias deveria receber acompanhamento psicológico", enfatiza ela.

Incentivo à inclusão

Nesta terça-feira (2), uma grande mobilização nas redes sociais marca o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A campanha #HomologaCamilo exige que o Ministro Camilo Santana homologue o Parecer 50/23 do Conselho Nacional de Educação (CNE), que trata da inclusão de estudantes com autismo nas salas de aula.

Com mais de 38 mil assinaturas de 2600 entidades, a campanha destaca a importância de garantir acesso à educação para pessoas com autismo. O parecer propõe medidas como o Plano Educacional Individualizado e o reconhecimento de tecnologias sociais desenvolvidas por famílias autistas, como o Protocolo de Conduta.

Nem todos os autistas vão se beneficiar ou se adaptar ao mesmo tipo de ensino. Davidson Santos, psicomotricista.

O psicomotricista Davidson Santos comenta sobre a proposta. Para ele, embora considere importante dar cada vez mais acesso às pessoas com espectro autista, ele ressalta a necessidade de tratar cada caso em sua individualidade.

"Nem todos os autistas vão se beneficiar ou se adaptar ao mesmo tipo de ensino ou ambiente. Portanto, é fundamental estar aberto a adaptações e personalizações para atender às necessidades específicas de cada indivíduo autista. Ao fazermos isso, podemos garantir que cada pessoa receba o suporte e os recursos necessários para alcançar seu pleno potencial e participar ativamente na sociedade", concluiu. 

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