Comerciantes somam prejuízos por conta do apagão: 'Jogar tudo fora'

Comerciantes e moradores de Niterói, São Gonçalo e Maricá, na Região Metropolitana do Rio, já começam a enfrentar problemas e sofrer prejuízos com a falta de energia que afeta as cidades desde a tarde desta terça-feira (12).

Dono de uma pensão no bairro Fonseca, em Niterói, o empresário Sebastião José Madeira, de 48 anos, afirmou que já teve um prejuízo de cerca de R$ 3 mil, nas últimas 20h marcadas por picos de luz.

“Estou sem energia desde ontem à tarde. Caiu e voltou umas três vezes, mas por volta das 4h da manhã desta quarta (13) caiu de vez e não voltou mais. Eu, que trabalho com comida, já tive grande prejuízo. Peixe e frango já estragaram e vou ter que jogar tudo fora. Se a luz não voltar ainda hoje, não vou ter clientes”, lamentou.

Sem luz, sem dinheiro

Ruan Carlos Toledo Quintanilha, dono de uma peixaria no bairro Paraíso, em São Gonçalo, contou ao ENFOCO que ainda não teve prejuízo significativo, mas precisa de energia elétrica para manter os peixes e frutos do mar preservados.

“É complicado, porque preciso do freezer para deixar tudo na temperatura ideal e não estragar os peixes, como bacalhau, salmão. Estou tendo que conservar o gelo, mas se derreter, o peixe não dura muito tempo e logo fica podre”, disse Ruan.

Além da loja física, a peixaria também funciona com atendimento virtual. No entanto, como está sem energia, não tem como fazer pedidos.

“O pior de estar sem luz é que não funciona nada, estamos internet, sem sinal de celular, nada tá funcionando. Trabalho com entregas por aplicativo também. Não consigo entrar em contato com ninguém, nem conseguir vender”, contou o comerciante.

O que diz a Enel

De acordo com a Enel, concessionária que fornece energia elétrica para as regiões, a situação piorou após uma nova ocorrência na manhã desta quarta-feira (13) em uma linha de distribuição de alta tensão, impactando na queda de luz.

"Técnicos da distribuidora estão, no momento, percorrendo a linha para identificar o defeito, enquanto, a partir do Centro de Controle, a companhia realiza manobras remotas na rede elétrica para reduzir o número de clientes afetados", diz a nota da companhia.

Em alguns pontos de Niterói e São Gonçalo, a reportagem flagrou funcionários da Enel trabalhando para restabelecer o fornecimento de energia. No entanto, ainda não há prazo para normalização do serviço.

Em relação à falha na subestação de Alcântara registrada na terça (12), de acordo com a Enel, cerca de 87% dos clientes chegaram a ter o fornecimento de energia normalizado.

Escolas cancelam aulas

O apagão fez também com que unidades escolares fechassem às portas na manhã desta quarta (13), provocando o cancelamento de aulas e prejudicando centenas de alunos. Segundo um morador do Barreto, que não quis se identificar, o filho perdeu a prova.

“Ele chegou na escola e voltou. Está tudo sem luz. O pior é que hoje era dia de prova. Agora, ele vai ter que ficar em casa estudando esperando pra ver se vai voltar a luz”, disse o morador.

Cerca de 30 escolas municipais em Niterói, e 20 em São Gonçalo, tiveram as aulas suspensas no primeiro turno. Mais de 10 mil alunos estão sendo afetados em apenas uma cidade. 

Segundo a Prefeitura de Niterói, as unidades de ensino integral não terão aulas, enquanto as demais escolas suspenderam as atividades no turno da manhã. A situação será reavaliada para o turno da tarde, e as aulas serão ajustadas conforme as condições de fornecimento de energia.

A Prefeitura de São Gonçalo informou que o levantamento das unidades sem energia elétrica e sem aulas ainda está sendo apurado. No entanto, até o momento, cerca de 20 escolas permanecem sem luz e não haverá aula, pelo menos no turno da manhã.

Unidades de saúde sem luz

A falta de energia afeta também pelo menos duas unidades de saúde municipais de São Gonçalo, que estão funcionando com auxílio de geradores. São os casos da UMPA de Santa Luzia e a Maternidade e Hospital da Retaguarda.

O prefeito Capitão Nelson esteve em algumas unidades para checar as condições de atendimento, demonstrou preocupação e informou que já acionou a concessionária Enel, a fim de cobrar agilidade na resolução do problema de falta de energia.