'Wolbachia'
Niterói livre da dengue: cidade reduz casos em mais de 80%
Diminuição é graças a método realizado em parceria com a Fiocruz
A secretária de Saúde de Niterói, Anamaria Schneider, apresentou, nesta quarta-feira (29), em Curitiba, os números de sucesso do projeto Wolbachia na cidade, em evento promovido pela World Mosquito Program (WMP) em parceria com Fiocruz e o Ministério da Saúde, referência mundial no combate à dengue, zika e chikungunya.
"Em meio a uma disparada de casos de dengue no país em 2024, Niterói se manteve como um polo praticamente livre da doença graças ao método Wolbachia. A Wolbachia é um microrganismo que quando inserida artificialmente em ovos do mosquito Aedes aegypti, reduz significativamente a capacidade deste mosquito de transmitir os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Com a liberação de mosquitos com a Wolbachia, a tendência é que esses mosquitos predominem na região e diminua o número de casos associados a essas doenças", explicou Anamaria Schneider.
Ainda de acordo com a secretária, o trabalho foi iniciado em 2015, em Niterói, com uma ação piloto no bairro de Jurujuba. Em 2017, começou uma expansão no município, e o método Wolbachia chegou a 33 bairros das regiões das praias da Baía e Oceânica.
Em 2021, dados revelaram a eficácia da proteção garantida pela Wolbachia. Os números mostram a redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas onde houve a intervenção entomológica. Naquele período, 75% do território estava coberto.
Em 2023, Niterói se tornou a primeira cidade brasileira com 100% do território coberto pelo método Wolbachia. No Brasil, ele é conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com financiamento do Ministério da Saúde, em parceria com os governos locais.
A medida é complementar e ajuda a proteger a região das doenças propagadas pelos mosquitos, uma vez que os Aedes aegypti com Wolbachia – que têm a capacidade reduzida de transmitir dengue, zika, chikungunya – ao serem soltos na natureza se reproduzem com os mosquitos de campo e geram Aedes aegypti com as mesmas características, tornando o método autossustentável.
Segundo os dados da Secretaria Municipal de Saúde, em 2015, ano da implantação do projeto, foram confirmados 158 casos de dengue em Niterói. Em 2016, foram 71, em 2017, 87.
Já em 2018, foram 224 pacientes confirmados com a doença - a maior parte na Região Norte da cidade, onde o programa ainda não havia sido implantado. O número caiu no ano seguinte, quando foram registrados 61 casos.
A partir de 2020, os números caíram a cada ano: 85 naquele ano, 16 (2021) e 12 (2022). Em 2023, foram confirmados apenas 55 casos de dengue na cidade.
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