Turismo
Niterói pode ganhar mais um polo gastronômico
Donos de trailers em Charitas celebram projeto

A orla de Charitas, na Zona Sul de Niterói, pode receber um Polo Gastronômico, Cultural e Turístico. É o que sugere o projeto de lei do vereador Fael Faustino (PV), protocolado na Câmara Municipal de Niterói na última quarta-feira (19). O texto sugere a revitalização do espaço para os trabalhadores que já atuam ao longo da Avenida Prefeito Silvio Picanço e a criação de um centro de lazer. Na região, a ideia foi bem recebida pelos comerciantes.
Aos pés do Morro do Preventório, os famosos trailers e foodtrucks que movimentam a noite na região, seriam os principais impactados, diz o vereador.
‘’A criação do Polo Gastronômico do Preventório irá fomentar a economia local, gerar novos empregos, atraindo o turismo local, além de padronizar o comércio. E o principal: ter a segurança jurídica para a manutenção dos comerciantes que já atuam no local’’, enfatiza o parlamentar.

As estruturas que já funcionam no calçadão apresentam sinais que denunciam a falta de condições de trabalho. Algumas danificadas, outras corroídas pela maresia e pela ferrugem, algumas mal posicionadas no terreno instável de areia. O cenário não deixa de ser reconhecido pelos donos das barracas.

‘’Eu já tenho 15 anos de praia e isso ajudaria bastante. Aqui nos falta um banheiro químico, falta luz. A gente fica aqui até altas horas, é por isso que temos que ter melhores condições, para ficar um negócio estruturado para que a gente possa trabalhar melhor’’, afirmou o vendedor Laércio Bezerra dos Santos, de 48 anos.
O comerciante, que assim como outros, possui o negócio local como fonte de renda, afirma que o projeto seria bem-vindo, visto que são, muitas vezes, prejudicados pelo Código de Posturas do município, quando recorrem a medidas alternativas que sustentem a produção.

Conforme previsto no projeto, um polo teria como objetivo: fortalecer os empreendimentos já estabelecidos e fomentar atividades culturais, gastronômicas, desportivas e recreativas.
Atualmente, o bairro de Charitas é a localidade da cidade de Niterói com maior fluxo de transeuntes e pedestres no calçadão, que buscam no pacato bairro referências gastronômicas, históricas, esportivas e culturais, superando até mesmo marcos turísticos internacionalmente conhecidos (MAC)
O projeto, apesar de ainda não ter sido analisado diante da Lei Orçamentária Anual (LOA), não fere as iniciativas de construção. Conforme previsto no Código de Posturas, a Avenida Sílvio Picanço, em Charitas, é um dos logradouros que podem ser explorados pelo Poder Executivo do município, como novos locais de interesse turístico, cultural ou gastronômico.

Segundo o comerciante Wellington Mendonça Farias, de 49 anos, que trabalha na região há mais de uma década vendendo petiscos e tira-gostos, a falta de estrutura afeta a todos, principalmente os banhistas.
‘’O que afeta nosso trabalho aqui, não só a mim, mas aos banhistas, é a falta de um banheiro químico, uma iluminação. Quando dá 18/19h fica banhista aqui ainda, e a maioria fica tudo no escuro. Pelo menos colocar um holofote na beira da praia, um banheiro químico’’, explica o vendedor, que chega diariamente à praia por volta das 8h.
Ainda segundo Mendonça, a falta de um banheiro público apresenta um problema ainda maior, na hora de os banhistas pedirem carros por aplicativo: ‘’Tem gente que vem de longe, quer trocar de roupa e não tem um lugar para isso. Os motoristas de aplicativos vêm e não pegam os banhistas porque eles ficam sujos de areia’’, explicou.
Durante o processo de elaboração do projeto, foi realizado um levantamento para mapear os comerciantes que seriam eventualmente afetados, diz o vereador Fael: ‘’Em relação aos trailers existentes no local, há um levantamento prévio quanto aos mesmos, já tendo sido identificado a quantidade de comerciantes que porventura seriam beneficiados com a criação do referido polo’’, informou. Os números não foram informados ao ENFOCO.

A comerciante de longa data da região, Emília Santos Morais, de 45 anos, defende que a ideia é válida, ainda que os comerciantes tenham que cumprir com uma contribuição.
‘’Falta uma estrutura pra nós trabalharmos melhor – mesmo que nós tenhamos que pagar alguma coisa – pra ter um banheiro químico, ter energia regulada. Nós queremos isso, uma forma de trabalhar mesmo que a gente tenha que pagar alguma taxa’’, afirma.
Inspirado em outros modelos
O projeto sugere a criação de um polo localizado a partir da estação do catamarã Charitas, no início da avenida, até a altura do número 3.100, onde encontra-se o Clube Naval Charitas.
O texto se inspira em modelos como o Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, a ‘’Feira de São Cristóvão’’, no Rio. E na Vila de Pescadores de Itaipu, na Região Oceânica de Niterói.
‘’A ideia é alocar o comércio num ambiente adequado e padronizado, como a Feira de Tradições Nordestinas em São Cristóvão, e também em Itaipu, com praça de alimentação, banheiros. Mas o projeto da construção em si, de como será a estrutura, vai depender do governo’’, conclui.
O projeto ainda está em fase de trâmite, e se aprovado na Câmara Municipal de Niterói, ainda será analisado pelo prefeito Rodrigo Neves, que poderá sancionar ou vetar o texto.


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