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    Turismo

    Niterói pode ganhar mais um polo gastronômico

    Donos de trailers em Charitas celebram projeto

    Publicado 24/02/2025 às 7:46 | Autor: Sofia Miranda
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    O projeto defende o uso da extensão de toda Avenida Prefeito Silvio Picanço
    O projeto defende o uso da extensão de toda Avenida Prefeito Silvio Picanço |  Foto: Péricles Cutrim

    A orla de Charitas, na Zona Sul de Niterói, pode receber um Polo Gastronômico, Cultural e Turístico. É o que sugere o projeto de lei do vereador Fael Faustino (PV), protocolado na Câmara Municipal de Niterói na última quarta-feira (19). O texto sugere a revitalização do espaço para os trabalhadores que já atuam ao longo da Avenida Prefeito Silvio Picanço e a criação de um centro de lazer. Na região, a ideia foi bem recebida pelos comerciantes. 

    Aos pés do Morro do Preventório, os famosos trailers e foodtrucks que movimentam a noite na região, seriam os principais impactados, diz o vereador.

    ‘’A criação do Polo Gastronômico do Preventório irá fomentar a economia local, gerar novos empregos, atraindo o turismo local, além de padronizar o comércio. E o principal: ter a segurança jurídica para a manutenção dos comerciantes que já atuam no local’’, enfatiza o parlamentar.

    Comércios movimentam a noite na região
    Comércios movimentam a noite na região |  Foto: Péricles Cutrim

    As estruturas que já funcionam no calçadão apresentam sinais que denunciam a falta de condições de trabalho. Algumas danificadas, outras corroídas pela maresia e pela ferrugem, algumas mal posicionadas no terreno instável de areia. O cenário não deixa de ser reconhecido pelos donos das barracas. 

    Laércio Bezerra já teve um trailer fechado no local
    Laércio Bezerra já teve um trailer fechado no local |  Foto: Péricles Cutrim

    ‘’Eu já tenho 15 anos de praia e isso ajudaria bastante. Aqui nos falta um banheiro químico, falta luz. A gente fica aqui até altas horas, é por isso que temos que ter melhores condições, para ficar um negócio estruturado para que a gente possa trabalhar melhor’’, afirmou o vendedor Laércio Bezerra dos Santos, de 48 anos. 

    O comerciante, que assim como outros, possui o negócio local como fonte de renda, afirma que o projeto seria bem-vindo, visto que são, muitas vezes, prejudicados pelo Código de Posturas do município, quando recorrem a medidas alternativas que sustentem a produção. 

    Comerciantes produzem sem energia elétrica
    Comerciantes produzem sem energia elétrica |  Foto: Péricles Cutrim

    Conforme previsto no projeto, um polo teria como objetivo: fortalecer os empreendimentos já estabelecidos e fomentar atividades culturais, gastronômicas, desportivas e recreativas. 

    Aspas da citação
    Atualmente, o bairro de Charitas é a localidade da cidade de Niterói com maior fluxo de transeuntes e pedestres no calçadão, que buscam no pacato bairro referências gastronômicas, históricas, esportivas e culturais, superando até mesmo marcos turísticos internacionalmente conhecidos (MAC)
    vereador Fael Faustino, autor do projeto
    Aspas da citação

    O projeto, apesar de ainda não ter sido analisado diante da Lei Orçamentária Anual (LOA), não fere as iniciativas de construção. Conforme previsto no Código de Posturas, a Avenida Sílvio Picanço, em Charitas, é um dos logradouros que podem ser explorados pelo Poder Executivo do município, como novos locais de interesse turístico, cultural ou gastronômico. 

    Wellington Medonça Farias, vendedor
    Wellington Medonça Farias, vendedor |  Foto: Péricles Cutrim

    Segundo o comerciante Wellington Mendonça Farias, de 49 anos, que trabalha na região há mais de uma década vendendo petiscos e tira-gostos, a falta de estrutura afeta a todos, principalmente os banhistas. 

    ‘’O que afeta nosso trabalho aqui, não só a mim, mas aos banhistas, é a falta de um banheiro químico, uma iluminação. Quando dá 18/19h fica banhista aqui ainda, e a maioria fica tudo no escuro. Pelo menos colocar um holofote na beira da praia, um banheiro químico’’, explica o vendedor, que chega diariamente à praia por volta das 8h. 

    Ainda segundo Mendonça, a falta de um banheiro público apresenta um problema ainda maior, na hora de os banhistas pedirem carros por aplicativo: ‘’Tem gente que vem de longe, quer trocar de roupa e não tem um lugar para isso. Os motoristas de aplicativos vêm e não pegam os banhistas porque eles ficam sujos de areia’’, explicou.

    Durante o processo de elaboração do projeto, foi realizado um levantamento para mapear os comerciantes que seriam eventualmente afetados, diz o vereador Fael: ‘’Em relação aos trailers existentes no local, há um levantamento prévio quanto aos mesmos, já tendo sido identificado a quantidade de comerciantes que porventura seriam beneficiados com a criação do referido polo’’, informou. Os números não foram informados ao ENFOCO.

    Emília trabalha há 20 anos na orla da Praia de Charitas
    Emília trabalha há 20 anos na orla da Praia de Charitas |  Foto: Péricles Cutrim

    A comerciante de longa data da região, Emília Santos Morais, de 45 anos, defende que a ideia é válida, ainda que os comerciantes tenham que cumprir com uma contribuição. 

    ‘’Falta uma estrutura pra nós trabalharmos melhor – mesmo que nós tenhamos que pagar alguma coisa – pra ter um banheiro químico, ter energia regulada. Nós queremos isso, uma forma de trabalhar mesmo que a gente tenha que pagar alguma taxa’’, afirma. 

    Inspirado em outros modelos 

    O projeto sugere a criação de um polo localizado a partir da estação do catamarã Charitas, no início da avenida, até a altura do número 3.100, onde encontra-se o Clube Naval Charitas.

    O texto se inspira em modelos como o Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, a ‘’Feira de São Cristóvão’’, no Rio. E na Vila de Pescadores de Itaipu, na Região Oceânica de Niterói. 

    ‘’A ideia é alocar o comércio num ambiente adequado e padronizado, como a Feira de Tradições Nordestinas em São Cristóvão, e também em Itaipu, com praça de alimentação, banheiros. Mas o projeto da construção em si, de como será a estrutura, vai depender do governo’’, conclui. 

    O projeto ainda está em fase de trâmite, e se aprovado na Câmara Municipal de Niterói, ainda será analisado pelo prefeito Rodrigo Neves, que poderá sancionar ou vetar o texto.

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