Perigo na ciclovia: Niterói registra alto número de acidentes

O sonho de ter uma ciclovia perto de casa acabou se tornando um pesadelo para o empreendedor Marcelo Sousa, de 44 anos, que quebrou a mão esquerda e sofreu uma lesão na cabeça para não se chocar com um pedestre que caminhava na pista exclusiva para ciclistas. O acidente aconteceu na tarde de segunda-feira (8), em Piratininga, na Região Oceânica de Niterói. 

“Eu moro aqui há cinco anos e tenho costume de andar de bicicleta pela ciclovia durante a tarde. No dia do ocorrido, me deparei com um pedestre andando no meio da pista. Ele desviou de outra bicicleta, e para não atropelá-lo eu acabei sofrendo o acidente e quebrei um das mãos. O rapaz foi embora como se nada tivesse acontecido”, contou.

Segundo Marcelo, ele alertou sobre a existência de pedestres trafegando pela ciclovia a uma equipe da Polícia Militar e da Guarda Municipal, mas foi solicitado apenas que entrasse em contato com o Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp). No dia seguinte, ele foi até um hospital particular, onde teve que engessar a mão.

“Mesmo com o gesso eu estou indo para o Rio, onde tenho um petshop, no bairro Vista Alegre, pois tenho que trabalhar”, disse.

Ainda segundo Marcelo, é comum ver a imprudência de pedestres que insistem em trafegar pela ciclovia.

“Este é o resultado da péssima educação das pessoas que usam a ciclovia de Piratininga para correr, caminhar e até mesmo colocar cadeiras para ficar bebendo”, relatou.

Segundo Sérgio Alves, idealizador e fundador do NiteroiCycling, em 2023 foram registrados 1.095 acidentes envolvendo ciclistas em ciclovias ou ciclofaixas em Niterói, uma média de três acidentes por dia. Para ele, muitos desses acidentes podem ser evitados se os pedestres tiverem consciência por onde trafegam.

"Andar na ciclovia pode ser perigoso para pedestres, pois ela é destinada principalmente a ciclistas. A falta de familiaridade e a velocidade das bicicletas podem aumentar o risco de acidentes. É mais seguro usar as calçadas ou áreas designadas para pedestres", disse o ciclista.

Para tentar evitar que mais acidentes aconteçam, Sérgio sugere que Guardas Municipais orientem os pedestres ou que mais sinalizações sejam postas na via, além também de conscientização de todos.

"As ciclovias uma vez sendo exclusivas, devem ter a sinalização informando ao pedestre a exclusividade, assim como é feita na ciclovia compartilhada na estrada Fróes por exemplo. Guardas municipais poderiam orientar os pedestres próximo aos sinais semafóricos a importância de se atravessar na faixa exclusiva a pedestres. Para se evitar acidentes nas ciclovias, ciclofaixas ou até mesmo nas vias, é necessário a conscientização de todos, sabendo-se onde pedalar e como pedalar, este tipo de ocorrência tende a diminuir", sugeriu Sérgio.

A equipe do ENFOCO esteve na Orla de Piratininga, na tarde desta quinta-feira (11) e, apesar de haver placas informando que a pista é para ciclistas, a reportagem flagrou até cliente de um quiosque sentada em uma cadeira na ciclovia, assim como pedestres no mesmo local.

A ciclovia, que tem exatos 10 quilômetros e 600 metros, foi inaugurada em fevereiro de 2022. Ela faz parte do Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis (POP), que integra o Programa Região Oceânica Sustentável (PRO Sustentável). Ao todo, a obra teve um orçamento de R$ 100 milhões.

A Prefeitura informou, através da Coordenadoria Niterói de Bicicleta, que quem pratica corrida ou caminhada nas ciclovias ou ciclofaixas deve se exercitar no canto direito da pista, e denúncias podem ser feitas pelo número 153.

"A Guarda Municipal, através da Coordenadoria de Meio Ambiente, realiza patrulhamento e fiscalização no local citado. Se for flagrado algum tipo de irregularidade, o responsável pode ser conduzido para a delegacia", diz a nota do órgão municipal.