Piloto de Niterói baleado luta pela vida cercado de amor e esperança

Marcada para acontecer até o final de agosto, a cirurgia de cranioplastia que será realizada no piloto policial Felipe Marques Monteiro, de 45 anos, representa uma nova etapa na luta pela sua plena recuperação. O procedimento visa a reconstruir ou reparar defeitos ósseos no crânio.

De Niterói, Marques foi baleado na cabeça há cinco meses, durante uma operação da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil na comunidade da Vila Aliança, na Zona Oeste do Rio. Desde então, sua rotina ativa foi substituída por uma batalha diária pela vida.

Antes do tiro, Felipe sempre foi conhecido por sua vitalidade e múltiplos talentos. Servidor público do Estado, ele também atuava como piloto offshore nas horas vagas, trabalho que lhe garantiu o plano de saúde responsável por cobrir integralmente sua internação até hoje. Paralelamente, cursava o terceiro período da faculdade de Direito, motivado pelo sonho de se tornar delegado.

“São cinco meses do acontecido com o Felipe, quando ele estava em trabalho, defendendo a sociedade, buscando fazer a diferença e colocar seus valores em prática. Ele sempre acreditou na justiça e se esforça para ser justo com todos. Infelizmente, foi atingido enquanto exercia sua missão”, lamenta a esposa Keidna Marques, de 43 anos.

Desde o dia 20 de março, quando foi atingido durante um voo operacional, Felipe permanece internado em um leito de CTI. Seu estado ainda é considerado grave e ele segue como paciente crítico, embora apresente estabilidade clínica. Por segurança da família, o hospital onde ele está internado não é divulgado.

Ele foi atingido em pleno voo, enquanto trabalhava pela segurança pública do Estado. Uma situação tão atípica

Até o momento, a Polícia Civil ainda não informou se os bandidos responsáveis pelos disparos já foram presos. 

No dia do atentado, o agente precisou passar por uma cirurgia de emergência para a retirada de parte do crânio. Desde então, já enfrentou duas cirurgias complexas, uma delas para conter um pseudoneurisma, uma espécie de dilatação ou bolsa formada em uma artéria lesionada, que poderia causar sangramentos.

"Ele ainda é considerado um paciente crítico e em estado grave, pois permanece internado no CTI. Nesse contexto, os médicos não fecham diagnósticos definitivos. A expectativa é que, após a próxima cirurgia, seja possível avaliar melhor o quadro e as perspectivas de recuperação", explica Keidna, gerente financeira e uma das principais responsáveis por manter viva a rede de apoio em torno do marido.

Juntos há 16 anos, Keidna e Felipe compartilham uma história marcada por cumplicidade e amor. Ele, um homem conhecido por sua alegria de viver, é apaixonado pela família, pela música, pela fé e por voar, paixões que transparecem nas redes sociais, onde soma 62 mil seguidores.

“Felipe é apaixonado por música, tendo na canção Clareou, de Xande de Pilares, um verdadeiro hino em sua vida, que sempre lhe trouxe força e esperança nos momentos mais difíceis. Ele também valoriza os estudos e incentiva aqueles que desejam ingressar no serviço público”, conta Keidna.

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Uma publicação compartilhada por Felipe Marques (@comandante.felipe)

Com mais de 20 anos de experiência na aviação, Felipe fez sua marca em diversos estados brasileiros. Atuou no Corpo de Bombeiros de Alagoas, no combate a incêndios no Rio Grande do Sul, trabalhou no governo de Goiás e, atualmente, serve à Polícia Civil do Rio de Janeiro, sua terra natal.

Mesmo longe dos céus e das missões operacionais, ele permanece cercado por apoio. Segundo a família, há uma verdadeira corrente de fé espalhada pelo país.

"Temos pessoas dos quatro cantos do Brasil orando por ele. A rede de apoio cresce a cada dia. Acredito que ele vai sair dessa, porque sempre foi movido por força, paixão e amor à vida", diz Keidna, que administra uma página online para atualizar os seguidores sobre a evolução do marido.

Foi apenas após os primeiros 100 dias da internação que Keidna decidiu compartilhar publicamente a jornada de Felipe.

“Tive um sonho em que Deus me pedia para mostrar o processo, e não apenas a vitória, e é isso que tenho buscado fazer.”

Ela afirma que a família está amparada em relação ao suporte médico.

“O plano tem custeado todas as despesas e, em um momento anterior, o governo intermediou a liberação de uma prótese necessária. Não temos do que nos queixar. Tanto o chefe de segurança pública quanto o chefe da Core, Felipe Cury e Fabrício Oliveira, têm acompanhado de perto. Além disso, colegas de trabalho do Felipe também estão sempre presentes, oferecendo apoio e torcendo por sua recuperação”, agradece a mulher.

Apesar da dor e da rotina exaustiva, o amor entre os dois permanece como alicerce.

“Estamos juntos há 16 anos, sempre incentivando um ao outro em cada etapa da vida. Já moramos em diversas cidades, acompanhando os sonhos um do outro. Durante muito tempo estive ao lado do Felipe nos projetos dele e, nos últimos anos, ele foi quem esteve ao meu lado apoiando os meus. [...] O que mais sinto falta são dos nossos bate-papos, da nossa troca diária. Mas sei, no fundo do meu coração, que isso vai voltar. Talvez de uma forma diferente, ressignificada, mas vai voltar. Porque nossa história sempre foi feita de amor, parceria e superação.”

Ela também destaca a fé inabalável que move Felipe e toda a família durante esse processo.

“Hoje, ele luta diariamente pela vida. Felipe é um verdadeiro guerreiro, um homem de fé, devoto de São Jorge, e tenho certeza de que todos os dias entrega sua força para seguir em frente. Durante este período de internação, ele já passou por situações em que só podemos acreditar que Deus o protegeu e o colocou de volta no caminho. Seguimos confiantes na sua recuperação e firmes, lutando ao seu lado a cada dia”, finaliza.