Reconhecimento
Produtor de Niterói vence prêmio nacional de música
Maury conquistou o trófeu na categoria 'Melhor Produtor'

O niteroiense Maury Cattermol, nascido no Morro da Boa Vista, no Fonseca, Zona Norte da cidade, foi reconhecido como o “Melhor Produtor” na 8ª edição do Prêmio Profissionais da Música, em cerimônia realizada em Brasília na última sexta-feira (27). Morador de São Paulo desde 2009, ele não pôde comparecer pessoalmente à premiação, mas o nome dele apareceu estampado no telão, em meio aos aplausos do público.
O momento em que recebeu a notícia não foi qualquer um. Maury estava no camarim do Sesc Valença, no interior do Rio de Janeiro, e o clima já era de emoção. Foi quando o celular começou a tocar sem parar.
“Fui recusando as ligações, até que chegou um vídeo com meu nome no telão. O pessoal que já sabia começou a gritar, e eu também. Foi um momento muito forte, inesquecível”, contou.
A sensação de merecimento, apesar da surpresa, não era estranha. Com uma trajetória marcada por anos de atuação cultural, Maury já esteve por trás de eventos como o Prêmio Grão de Música, o Festival Afrodisia em Pauta e o Encontro Nacional e Internacional de Mulheres na Roda de Samba.
Sem falsa modéstia, lá no fundo, me sinto merecedor. Mas só de estar entre os finalistas, com tanta gente talentosa, já era uma vitória
Vínculos
Mesmo morando fora do Rio há quase duas décadas, ele nunca deixou de manter o vínculo com sua cidade natal.
“Minha família ainda está toda em Niterói. Minha base é lá. Estou sempre voltando, promovendo encontros. Agora mesmo estou organizando uma festa julina em Itaipu com 120 pessoas”, disse.
Não sou movido por dinheiro, mas por realização
A origem no Fonseca, em uma comunidade simples, é algo que ele leva com orgulho. “Lembro da minha mãe me dando banho de mangueira no quintal. Quando passo por certos lugares, penso: eu vim dali. E isso me marcou. Hoje, eu me orgulho de dizer de onde vim, da minha infância e da minha sexualidade. Isso me fez alguém generoso. Não gosto de vencer sozinho”, declarou.
Parte desse orgulho vem também da relação com as mulheres ao seu redor. Ele cresceu com a força da mãe e segue cercado por figuras femininas em sua trajetória profissional.
“Trabalho com mulheres, tenho sócias mulheres, sou diretor de um encontro de mulheres no samba. Tenho grandes professoras e amigas. Elas me ensinam todo dia. Inclusive, estou produzindo um documentário sobre seis produtoras cariocas”, contou.
A paixão pelo que faz é o que mantém Maury em movimento, apesar das longas jornadas e noites em claro.
Minha cabeça não para. Não sou movido por dinheiro, mas por realização. Tenho uma rede de profissionais que também depende desses projetos. Música sustenta famílias
Arte na veia

O envolvimento com a arte vem de cedo. O pai, que pintava e mantinha uma gráfica no interior do Estado, despertou o interesse artístico do filho ainda criança.
“Ganhei um curso do Daniel Azulay, fiz aula num galpão de supermercado no Barreto. Quando entrei no design, atendi Moacyr Luz, que olhou pra mim e disse: ‘bicho, você é produtor’. Ele me deu o primeiro disco pra lançar. E o grupo ganhou o Prêmio da Música Brasileira. Foi assim que tudo começou”, falou.
Hoje, à frente da produtora Ritmiza, com unidades em São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal, Maury comanda projetos com artistas da música popular, do samba, da bossa nova e até da música erudita, como o maestro Emmanuele Baldini. Também atua como designer gráfico, capista e gestor cultural em iniciativas que cruzam arte, inclusão e representatividade. Como tesoureiro do Instituto Caminhos Abertos, dedica parte do tempo ao apoio de mulheres em vulnerabilidade social.
Ao olhar para trás, ele reconhece o quanto percorreu. Ao olhar para frente, segue com planos, trabalho e a mesma energia de quem, como disse, não sabe ficar parado. “Eu amo o que faço, dia e noite. E com orgulho”, finalizou.


Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!