Marco histórico

Universidade de Niterói vai criar Centro de Memória Trans do Brasil

Encontro para debater espaço será aberto ao público

Encontro vai acontecer no bloco O, no campus Gragoatá
Encontro vai acontecer no bloco O, no campus Gragoatá |  Foto: Divulgação

A Universidade Federal Fluminense (UFF) promove nesta quinta-feira (13), às 18h, um encontro para elaboração do Centro de Memória Trans do Brasil - Jovanna Baby, que irá documentar e preservar as histórias e conquistas das pessoas transsexuais e travestis.

A criação do espaço é uma iniciativa da UFF com o Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (Fonatrans), a vereadora Benny Briolly (Psol) e o Coletivo Trans Uffianas. Aberto ao público e com entrada franca, o evento acontecerá no Bloco O, do Campus Gragoata.

Na ocasião, haverá também mesas de debate com a presença da vereadora Benny Briolly (Psol), Jovanna Baby (presidente do Fonatrans), Indianarae Siqueira (presidente do grupo Transrevolução), Paulo Terra (professor da UFF), Matheus Sena (Presidente da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB Niterói), de Zuri Moura e Ariela Nascimento (diretoras trans do DCE e militantes da Rede Trans).

  • Vereadora Benny Briolly (Psol)
    Vereadora Benny Briolly (Psol)
  • Jovanna Baby, presidente da Fonatrans
    Jovanna Baby, presidente da Fonatrans

“O novo espaço vai homenagear as batalhas que pessoas transsexuais e travestis travam diariamente contra o preconceito e a discriminação. Este evento será um marco histórico e uma oportunidade única de celebrar e reconhecer nossas vidas e lutas. A presença de todas, todos e todes é fundamental para fortalecer este movimento e mostrar a importância da diversidade e da inclusão na sociedade”, explica a vereadora Benny Briolly, presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara.

O acervo levará o nome de Jovanna Baby, travesti de grande importância na história LGBTQIA+, e uma das fundadoras do primeiro movimento travesti na América Latina na luta pelos direitos civis de pessoas trans e travestis.

“Este evento marca o compromisso que a universidade enquanto um espaço de produção de saber deve ter com a memória e a resistência das que vieram antes de nós e abriram portas para a juventude trans seguir com a preservação do resgate de memória e fazendo justiça”, conta Ariela Nascimento.

Quem é Jovanna Baby?

Jovanna Cardoso da Silva, conhecida mundialmente por Jovanna Baby, nasceu no extremo sul da Bahia e entre 11 e 12 anos teve que fugir de casa pelo sofrimento que enfrentava em família por ser trans.

Foi morar nas ruas de Vitória (ES) onde cresceu e trabalhou na prostituição para auto sobrevivência. Ao completar 18 anos foi presa e autuada no artigo 59 do código penal, que versa sobre a “vadiagem”.

Revoltada com tanta violência do Estado dispensada aos corpos trans, ao sair do prisão arregimentou prostitutas travestis e cis e criaram a Associação das Damas da Noite, primeira instituição brasileira que congregava mulheres trans e cis. Em 1983, Jovanna mudou-se para o Rio de Janeiro e sofreu durante 9 anos apanhando da polícia nas praças Tiradentes, Mauá e Augusto Severo.

Sofrida e violentada diariamente juntou um grupo de amigas e em 1992 fundou a primeira ONG Trans do Brasil e concomitantemente do mundo, a Associação de Travestis e Liberados (Astral). Ela organizou em 1995 a primeira Caminhada Trans do Brasil com Travestis de todas as regiões do Brasil. O Encontro Nacional de Travestis também foi idealizado por Jovanna. Ela é a mais antiga ativista trans politicamente organizada do Brasil.

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