O imbróglio entre o MPRJ, a Prefeitura de Niterói e moradores de Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói, sobre a circulação de ônibus no local pode ganhar um novo capítulo nesta terça-feira (26), após uma reunião para debater o que será feito. Enquanto de um lado, a maioria dos que vivem no local não querem os coletivos no bairro, do outro, quem trabalha na região afirma que o transporte público é necessário.
É o caso de uma empregada doméstica que preferiu não se identificar. Ela conta que, nos dias de calor, se torna quase impossível caminhar até o trabalho, e que um ônibus que circulasse na região talvez facilitaria a situação.
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"Nos dias de calor é mais insuportável ainda. Tem dias que preciso pegar por volta de 12h no trabalho, você imagina? Descer naquele último ponto e ir andando lá para dentro? Teve uma vez que cheguei a passar mal, foi horrível", disse.
Outro trabalhador da região conta que já precisou pagar um mototáxi para não chegar atrasado no serviço.
"Mas nem sempre eu tenho dinheiro para isso. A gente precisa chegar muito antes da hora para descontar o tempo de caminhada. Pior é quando a gente sai cansado, depois de horas trabalhando e ainda precisa andar tudo isso de novo. As pessoas daqui só pensam nelas", desabafou.
O que pensam os moradores?
Ruas estreitas com ciclovia, poluição, desvalorização do patrimônio. Esses são alguns dos argumentos usados pelos moradores de Camboinhas para que o coletivo não circule no local.
Segundo Paulo Roberto Pilotto, presidente da Soprecam, associação de moradores da região, mais de 90% dos que vivem por lá não querem ônibus nas ruas de Camboinhas.
"A nossa posição é que não entre transporte público aqui. Quem veio para cá não procurou isso. Além do mais, com as ruas apertadas, nós temos problemas de engarrafamento. Os moradores, na totalidade, ninguém quer entrada de ônibus aqui", bate o martelo.
Na reunião desta terça, os moradores do bairro também devem apresentar sugestões de meios alternativos de circulação de transporte público na região, como micro-ônibus para as pessoas que não moram mas trabalham lá.
"O Ministério está questionando a Prefeitura por que não está circulando ônibus em Camboinhas. Alguém, que a gente não sabe quem, questionou ao MP isso, por que não tem transporte público em Camboinhas. A Prefeitura, por sua vez, tem que dar uma resposta até o dia 4 de outubro", explica Paulo Roberto.
O que diz a prefeitura?
A Secretaria Municipal de Urbanismo e Mobilidade informou que há um inquérito civil, por parte do Ministério Público do Consumidor, em andamento. "Para esta semana, há uma reunião marcada com a associação de moradores do bairro para ouvir suas reivindicações que serão anexadas ao processo", diz a nota da Pasta.
Enquanto nada foi acerto, a Prefeitura disse ainda que não há definição de linhas e ruas de circulação, e que isso será avaliado na tomada de decisão de acordo com o desenrolar do processo em pauta.
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